“A religião pura e
sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas
nas suas tribulações, e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tg
1.27).
INTRODUÇÃO
Alguma vez já abriu a sua Bíblia e encontrou nela uma nota
de 500 euros? Isso aconteceu com um cristão. O patrão não lhe pudera pagar
naquele mês, e as contas estavam a aumentar. Esse homem e a esposa oraram a
Deus para que Ele cobrisse aquela necessidade de 500 euros, a fim de que
pudessem pagar as contas mais urgentes. Ninguém, senão Deus, conhecia a quantia
certa.
Depois de assistir a um estudo bíblico num sábado à noite
com um grupo na igreja, o crente abriu a capa de sua Bíblia e encontrou dentro
dela o dinheiro necessário. Alguém tinha colocado essa quantia na Bíblia dele
sem que percebesse. Deus fizera uso de outro crente para satisfazer as
necessidades imediatas daquela família.
Se Deus lhe desse oportunidade de ajudar um irmão
necessitado, você estaria preparado para obedecer? Job era um homem em harmonia
com Deus e com as necessidades de outras pessoas. Nenhuma oportunidade para
fazer o bem ou repartir aquilo que tinha, escapava a Job. A sua santidade ou
piedade era prática. (Fp 4.19.)
O TESTEMUNHO DA SANTIDADE (job 22.1-14)
Elifaz procurou justificar a sua teoria com relação ao
sofrimento de Jó, acusando-o de hipocrisia. Elifaz já o tinha acusado
diretamente de proferir palavras ímpias sobre Deus (Job 15.4-13). Agora,
tornando-se ainda mais severo no seu discurso, Elifaz acusa-o de pecados
específicos contra os seus semelhantes, que aparentemente provam o caráter
perverso de Job (Jó 22.1-14). Todavia, as acusações de Elifaz eram inventadas.
Não passavam do resultado lógico do seu ponto de vista teológico sobre o sofrimento
de Job.
O raciocínio de Elifaz estava apoiado num padrão correto.
Ele simplesmente aplicou o seu conhecimento fora do contexto. Jó não se enquadrava
na esfera do conhecimento espiritual de Elifaz. Nada podia ser mais correto do
que o ensinamento de que Deus não é beneficiado por aquilo que o homem faz (Jó
22.2,3). Deus também não castiga os homens por sua reverência piedosa pelo
Criador (v. 4). Com base nessas verdades, Elifaz argumentou que Jó só poderia
ter pecado, para passar por tais aflições. O pecado de Jó deveria ter sido
enorme (v. 5).
A vida santa deveria manifestar um comportamento reto nos
assuntos de negócios (v. 6), no relacionamento com pessoas sem recursos (v. 7),
com as viúvas e os órfãos (v. 9). Jó deve ter então pecado nessas áreas de
responsabilidade sociais. Elifaz chegou ao ponto de afirmar que os abusos de Jó
nesse sentido eram frequentes.
Segundo Elifaz, Jó não só tinha o caráter obscurecido pelos
seus atos incorretos, como também demonstrava um racionalismo comum com ímpios (Jó
22.12-14). Elifaz acusou Jó da incredulidade tão mencionada nos Salmos, a qual
nega que Deus nos céus tenha qualquer conhecimento das atividades humanas. Se
Deus habita nas alturas do céu (v. 12), como pode ver o que o homem faz? (v.
13). Com certeza as nuvens escuras do céu e a escuridão da noite escondem os
homens de Seus olhos pesquisadores (v. 14).
A OBRA DA SANTIDADE (Jó 31.1-40)
Vamos estudar agora a resposta de Jó a Elifaz e aos outros.
O ponto alto de suas palavras contém uma refutação, item por item, das
acusações pouco razoáveis de Elifaz (Jó 31.1-40). A fim de ressaltar sua
inocência, ele pede a Deus que o esmague com toda sorte de maldições, se fosse
realmente culpado das acusações de Elifaz (w. 8,10,22,40). Jó alega que o
testemunho que Elifaz buscou encontrar em sua vida estava presente nas suas
obras reais.
A vida de Jó manifestava primeiramente uma separação do
pecado no relacionamento com outros (Jó 31.1-12). Desde o principio ele
acreditava que a perdição caberia aos perversos (w. 2,3). Também cria que Deus
podia ver tudo o que fazia (v. 4). Por causa dessas duas convicções, ele tinha
resolvido que jamais seus olhos olhariam com luxúria para qualquer moça (v. 1).
Esta preocupação com os seus pensamentos estava de acordo com o interesse que
mostrava pela vida mental dos filhos (Jó 1.5).
Se Deus tivesse de pesar Jó em suas balanças, ele tinha
confiança em que seu peso seria justo (Jó 31.6). Ele não tinha enganado,
defraudado ou cobiçado nada de seus semelhantes (vv. 5,7). O adultério é a síntese
do engano, da fraude e da cobiça. Jó nega haver cometido este pecado social dos
mais destruidores (w. 9-12). A maldição que Jó pediu que caísse sobre ele neste
caso era a maior degradação que poderia sofrer o homem daqueles tempos: a posse
da própria esposa por outro homem (v. 10).
A declaração de Jó quanto à sua separação do pecado é o seu
próprio comentário à opinião de Deus de que ele era um homem que “se desviava
do mal” (Jó 1.1,8). As palavras de Jó correspondem às de Deus. As palavras de
Elifaz contradiziam a palavra de Deus.
Cinco áreas de atividade ou relacionamentos interpessoais
são citadas por Jó, nas quais afirma ter praticado a santidade ou piedade: 1)
relações com os servos (Jó 31.13-15); 2) relações com os oprimidos e faltos de
recursos (vv. 16-23); 3) as suas atitudes e atos com respeito à riqueza e
idolatria (vv. 24-27); 4) relações com os inimigos e estranhos que passavam
pela região onde morava (vv 29-37); e 5) as suas práticas agrícolas,
especialmente o seu método de obter os produtos da terra (w. 38-40).
Em lugar de proceder como um “descrente” (1 Tm 5.8), Jó
cuidada das viúvas e dos órfãos em sua própria casa, assim como de todos que
podia ajudar (Jó 31.16-18). Os nus não eram mandados embora famintos c com frio
(vv. 19,20). Jó nunca levantou a mão contra os órfãos para lhe tirar o sustento
(v. 21). As maiores calamidades cairiam sobre ele, se pecasse tão terrivelmente
diante do Deus Altíssimo (vv. 22,23).
Nenhum sentimento de adoração materialista ou dos corpos
celestes tinha passado pela sua mente, ou se revelado através de atos (vv.
24-27). Quando Jó afirma que a sua esperança e confiança não estavam no ouro ou
na prata, está a indicar que a sua esperança está em Deus (Veja Jó 13.15).
Os que odiavam a Jó não eram odiados por ele. Não se
alegrava com a morte dos seus inimigos (w. 29,30). Como o santo Abraão, ele
também mostrava hospitalidade a todos os que passavam pelas suas terras (v.
32). Todos os que viviam na tenda de Jó constantemente o louvavam pelo fato de
ninguém jamais ter sido proibido de comer à sua mesa (v. 31). (Rm 12.17-21; Hb
13.2.)
Diferente de Adão, ele não escondeu os seus pecados dos
homens ou de Deus (v. 33). Na verdade, não temia sequer ser rejeitado por Deus
(vv. 35-37). Se Deus escrevesse alguma acusação contra Jó, ele a colocaria
sobre o seu ombro e “atá-la-ia como coroa” sobre a cabeça para todos verem (w.
35,36). Jó estava tão certo de que a acusação estaria em branco, que acreditava
poder colocar-se diante de Deus ousadamente, como um príncipe (v. 37).
A terra que Jó possuía e da qual cuidava, jamais clamaria
contra ele por qualquer injustiça que tivesse feito (vv. 38,39). A maldição de
Caim cairia sobre ele e suas terras, se tivesse obtido alguma parte delas
através de fraude ou homicídio (v. 40). (Veja Gn 4.10-12.)
A definição de santidade no Novo Testamento é encontrada em
Tiago 1.27. Neste versículo são apresentados tanto o aspecto proibitivo da
piedade (separação do pecado ou mundanismo), como o lado positivo (satisfazer
as necessidades das viúvas e dos órfãos nas suas tribulações). Jó havia ficado
perfeitamente à altura da definição do Novo Testamento quanto à verdadeira
religião ou santidade. Ele se afastara do pecado (Jó 31.1-12) e tinha
satisfeito as necessidades dos privados de recursos (Jó 31.13-40).
O que fez você durante a semana que passou para demonstrar
um caráter santo? O pecado entrou na sua vida? Você mandou embora alguém
necessitado? Lembre-se, não fazer uso dos seus bens para o serviço de Deus é
praticamente ateísmo, pois, na verdade, o amor de Deus é negado dessa forma (1
João 3.17).
EXAMINE A SUA VIDA
1. Você está preparado para obedecer a ordem bíblica de
ajuda ao próximo?
2. Como vai o seu relacionamento com os irmãos na fé? E com
seus inimigos?
3. O materialismo é ateísmo. Como você está evitando a
tentação tão comum hoje em dia de “adorar” coisas?
4. Quantas pessoas tiveram contato com o Salvador através da
sua hospitalidade?
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