“Quem és tu, ó homem,
para discutires com Deus? Porventura pode o objeto perguntar a quem o fez: Por
que me fizeste assim? (Rm 9.20).
INTRODUÇÃO
As perguntas são um aspecto importante do ensino. Podem ser
usadas para ensinar aos homens o que não sabem ou reforçar aquilo que já sabem.
Quando Deus interrogou a Jó, foi para ensinar-lhe coisas que já sabia, mas que
recentemente falhara em reconhecer e aplicar. As perguntas de Deus foram
calculadas para produzir resultados certos. Esses mesmos resultados podem ser
produzidos na sua vida hoje, se você aplicar as perguntas de Deus a si mesmo.
TU ESTAVAS LÁ? (Jó 38.1-7)
Esta seção das Escrituras é a primeira parte de um capítulo
contendo aproximadamente 42 perguntas feitas por Deus a Jó (Jó 38.1-41). Todas
foram calculadas para fazer com que Jó tomasse consciência de sua atitude
errada em relação ao seu sofrimento.
O fato de Deus ter falado a Jó “do meio de um redemoinho”
(v. 1) enfatizou o grande poder do Criador. Quando Deus perguntou: “Quem é este
que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento?” ele não estava
pedindo a Jó que se identificasse (v. 2). A ideia que colocou diante dele foi
esta: “Quem você pensa que é?” Pretendia com isso censurá-lo pela sua atitude
presunçosa. Questionando a justiça de Deus, Jó havia colocado o Seu propósito
sob uma luz falsa. Esta argumentação teve um resultado positivo, pois mais arde
Jó confessou o seu pecado (Jó 42.3). (1 Jo 1.9.)
Através de todo o livro não há um indício sequer de ter sido
feita a Jó alguma revelação que lhe explicasse a razão do seu sofrimento. Jó
pode nunca ter vindo a saber por que sofria. Deus não era obrigado a dar-lhe
uma razão. Quando você sofre, a pergunta a ser feita é esta: “como posso glorificar
a Deus no meu sofrimento?”
O interesse de Deus por Jó fez com que Ele fizesse algo além
de condenar e punir. Ele queria restaurar Jó. Seu método foi humilhá-lo, a fim
de poder edificá-lo e restaurar nele a atitude certa.
“Cinge, pois, os teus lombos” (v. 3) é a ordem de Deus para
que! Jó se prepare para agir. Jó deveria ficar pronto para fazer qualquer coisa
que o Senhor exigisse dele, seja mental ou física. (Veja 1 Re 18.46; 1 Pe
1.13.)
Jó tentara usurpar o lugar de Deus enquanto argumentava o
seu caso perante os amigos. Deus o fez lembrar que não passava de um simples
mortal. Dizendo-lhe que cingisse os seus lombos “como homem” (v. 3), Deus
estava lembrando-o de sua mortalidade, assim como enfatizava a espécie de
preparação que ele deveria fazer. Deus estava declarando guerra ao orgulho e
presunção de Jó.
A pergunta seguinte de Deus (v. 4) fez com que Jó encarasse
a realidade do fato de que não passava de simples criatura em lugar de Criador.
“Se é que o sabes” (v. 5) é a maneira de Deus lembrar a Jó
de sua falta de conhecimento. Jó evidentemente falara da criação como se
estivesse lá, quando esta ocorreu. Deus, com gentileza, mas firmemente
lembrou-lhe que ele não estava lá.
Jó não podia oferecer nenhuma explicação para as maravilhas
da criação. Deus tinha marcado com cuidado o lugar que a terra deveria ocupar
(v. 5) e tinha suspendido o globo no espaço (v. 6). A ordem e coesão do
universo, assim como os seus movimentos, estão além da capacidade de explicação
de Jó.
Ele era inferior a Deus, sendo, também, inferior aos anjos.
O homem não tem nenhuma reivindicação sobre a divindade. Ele está ainda mais
distante da divindade do que os anjos.
TU ME CULPAS? (Jó 40.6-9)
“Passar adiante a culpa” é uma velha tradição humana que
data dos tempos do jardim do Éden. Adão tinha culpado Eva por dar-lhe o fruto
da árvore proibida para comer. E também culpou a Deus pelo que acontecera de
errado no paraíso. “A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e
eu comi” (Gn 3.12), acusou Adão.
Em suas respostas aos amigos, Jó havia mencionado que
existiam meios melhores para Deus tratar com ele. Jó estava acusando Deus de um
juízo incorreto. Deus convidou-o a acusá-lo de julgamento imoral (Jó 40.8<).
Como poderia Jó responder? Ele já admitira que era “indigno” (Jó 40.4). A luz
da sabedoria e poder do Criador, ele podia apenas “abominar” a si mesmo pela
sua pretensão de ser mais reto do que Deus (Jó 42.6).
Somente um Governante perfeito poderia governar esta terra e
os seus povos. Desde que Jó não possui o poder de Deus, ele precisa renunciar
ao direito de ser Deus e deixar de questionar o julgamento divino.
Veja Apocalipse 4.11 como exemplo de exaltação ao Criador
que tem todo o poder e o direito de governo sobre os povos da terra e os
exércitos do céu.
Jó viu-se apanhado em uma situação onde procurou julgar a
Deus, quando somente Deus podia justificá-lo. Jó havia suplicado por esta
justificação por parte de Deus (Jó 19.23-29). Ele tinha compreendido que nenhum
homem pode ser justificado por seus próprios méritos (Jó 9.13-24). Mas, em meio
ao sofrimento, o sentido de propriedade espiritual de Jó ficara embotado.
Quando o quarto amigo de Jó, Eliú, terminou de falar, Deus notou a inclinação
de Jó para acusar seu Criador (Jó 40.8).
As perguntas feitas por Deus a Jó fizeram com que este
percebesse que devia pedir a misericórdia do Senhor. Jó jamais poderia livrar a
si mesmo do pecado ou do sofrimento (v. 14). Somente Deus podia quebrar os
grilhões de Satanás sobre a riqueza e bem-estar de Jó. (Rm 8.33; Hb 2.14,15.)
DEVO-TE ALGUMA COISA? (Jó 41.11)
Deus estava no processo de colocar Jó no seu lugar. Este não
tinha nenhum direito de assumir o papel de Deus, quando não passava de um
simples ser humano pecador. A criatura tinha colocado o Criador debaixo de uma
obrigação. Como Deus lidaria com Jó neste assunto? Continuaria a mostrar-se
paciente e a conceder-lhe misericórdia?
O orgulho do homem o faz pensar que Deus precisa de Suas
criaturas e de suas dádivas. Jó teve a ousadia de agir deste modo.
Sua presunção não tinha nenhuma base. Todos os seus bens e
sua saúde eram dons de Deus. Fora Ele quem lhe dera tudo o que tinha, pois Jó
viera ao mundo sem nada.
A conclusão a que Jó chegou foi que merecia mais do que
recebera das mãos de Deus. Em outras palavras, sua vida reta antes de suas
provações obrigava Deus a dar-lhe uma existência mais confortável.
A lição que Jó precisava aprender era dupla: ninguém pode
dar mais do que Deus, e ninguém pode exigir nada de Deus.
O apóstolo Paulo citou Jó 41.11 em Romanos 11.35: “Ou quem
primeiro lhe deu a ele para que lhe venha a ser restituído?” O contexto desta
passagem na epístola aos Romanos trata da demonstração da misericórdia de Deus
(Rm 11.30-32). A misericórdia de Deus manifesta o favor não merecido que Ele
concede aos homens. Deus é o início e o fim da salvação do homem. Ninguém é
justificado com base em seu próprio mérito, mas na graça de Deus. (SI 3.8; Ef
2.8,9; Tt 3.4-7.)
Jó experimentara a graça de Deus em sua própria salvação.
Iria experimentá-la novamente no livramento da opressão de Satanás. Essa
libertação, porém, nãò seria dada a Jó por merecimento ou porque Deus fosse
obrigado a libertá-lo. Da mesma forma que não era obrigado a justificar as Suas
ações, Deus também não era obrigado a livrar Jó de suas aflições.
Se ele não pudesse aprender essas lições, não seria
restaurado a uma condição de espiritualidade. Deus queria que ele se submetesse
ao Criador. O apóstolo Tiago resume o propósito de Deus para cada um de nós
neste aspecto. Devemos submeter-nos a Ele, resistir ao diabo, achegar-nos a
Ele, e purificar nossos corações (Tg 4.7,8).
Pelo uso de perguntas cuidadosamente elaboradas, Deus estava
mostrando a Jó sua necessidade de uma mudança de atitude. Ele estava
procurando fazer com que Jó voltasse a uma posição de comunhão.
EXAMINE A SUA VIDA:
Você aplica as perguntas de Deus à sua vida? Jó não teve
nenhuma explicação para o seu sofrimento enquanto viveu. Devemos esperar uma
justificação para os nossos? Você está sempre preparado para fazer o que Deus
quer de você, seja no aspecto mental ou físico? Tudo o que temos nos foi dado
por Deus. Podemos exigir alguma coisa d´Ele?
Sem comentários:
Enviar um comentário