NA DOENÇA A ESPERANÇA
Pr. José Carlos Costa
“Pois onde estiverem reunidos dois ou três em meu nome. Eu
estou no meio deles.” Mateus 18:20
Ângela Brown tinha 70 anos. Durante toda a vida, excepto no
que diz respeito a constipações e gripes ocasionais, tinha tido sempre uma
saúde razoavelmente boa. Quase nunca tinha ido ao médico com uma queixa séria.
Mas a crise veio subitamente. Naquela tarde fatídica de Outubro toda a sua vida
se virou do avesso. Depois do almoço, deu por si a sufocar. Queria deitar-se
mas não se conseguia levantar da cadeira. “Deve ser o fim”, ouvia-a murmurar o
marido. Daí a minutos chegaram os paramédicos e começaram a administra-lhe
oxigénio. Quando chegou ao hospital já se sentia melhor. O médico prescreveu
uma quantidade de análises, o que deixou Ângela muito ansiosa. Duas semanas
mais tarde, quando estava na presença do médico, a sua habitual compostura
desapareceu: “Ângela, parece que tem um início de cancro de pulmão”, disse o
médico. Não podia acreditar no que acabara de ouvir. Nas semanas que se
seguiram, consultou vários especialistas na esperança de que alguém lhe
dissesse que não era verdade. Mas todos confirmaram o diagnóstico. Após algumas
semanas no hospital voltou para casa. Nos meses seguintes, a sua vida parecia
girar à volta de medicamentos e hospitais. Os seus rins começaram a falhar, a
sua força e energia decaíram e começou a criar escaras por estar deitada.
Lutava cada vez mais contra insónias e problemas de estômago por causa dos
medicamentos, mas manteve o sentido de humor e raramente pronunciou uma palavra
de queixa durante a sua longa doença. Uma noite, o médico, que estava sentado
perto da sua cama, disse-lhe a verdade: “Ângela, fizemos tudo o que pudemos,
mas quero ser honesto; não vai melhorar, tudo o que nos resta é fazê-la sentir
tão confortável quanto pudermos”. Uma manhã de Dezembro, após quinze meses de
sofrimento e de batalha contra a doença, Ângela morreu serenamente enquanto
dormia.
Somos maravilhosamente feitos.
O nosso corpo é assombroso. Ficamos espantados perante a
complexidade do nosso corpo e pelo Criador que o fez. Todavia, o corpo humano
perde as suas folhas como uma árvore quando a doença o corrói. A doença torna o
nosso corpo mais frágil, seca-o tira-lhe o vigor e enruga-o como maçãs velhas.
A doença não só ataca o nosso corpo como também crucifica a alma.