domingo, 23 de novembro de 2014

A Bíblia e o Arrependimento

Texto: Mateus 21:28-32
Introdução
A doutrina do arrependimento é um ensino ausente em muitas Igrejas nos nossos dias. Temos ouvido sermões superficiais que diluem a ideia do pecado, oferecendo muito e exigindo pouco demais. Temos visto “conversões” que não evidenciam na prática o fruto do arrependimento, ou seja, uma transformação, mudança radical de vida (2 Co 5.17; Mt 12.33).
A palavra grega para arrependimento é metanoia, que é derivada de meta -“depois”, e neo – “compreender”, literalmente significa “Reflexão posterior”, ou “mudança de mente”. Todavia o seu sentido bíblico vai além, significando uma mudança de rumo, mudança de direção, de atitude. Este é o significado da palavra. Em Mateus 21.28-31, o Senhor Jesus nos dá lições claras sobre o arrependimento.
1. A LIÇÂO DO PRIMEIRO FILHO
Devoção meramente exterior: O primeiro filho, na parábola contada por Jesus, representa os fariseus, e a lição que este personagem nos ensina é que corremos o risco de vivermos um cristianismo só de aparências, pois podemos estar dizendo que vamos fazer, mas nunca fazemos (Mt 23.5).
Isto é bastante comum em nossos dias. Muitos crentes que frequentam os cultos, que se batizaram, tornaram-se membros, dão o dízimo ( de vez em quando, quando dão) e cumprem algumas normas da Igreja; não obstante, vivem absorvidos pelo mundanismo. Estão envolvidos em jogatinas, não abandonaram seus vícios, passam notas frias; há jovens que adoptam um namoro misto e cheio de promiscuidade; estudantes que não vêem mal nenhum em colar nas provas; crentes que assistem filmes pornográficos! E no domingo estão lá na igreja, bem comportados, dizendo sim à Palavra de Deus.
Estes são como o primeiro filho da parábola que dizem que vão obedecer, mas não obedecem. Por quê? Porque não houve arrependimento. Jesus disse: Por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? (Lc 6.46). Uma religião de aparências, chamam a Jesus de “Senhor, Senhor”, mas não conseguem submeter à vontade de seu Senhor. Dizem, mas não fazem. Uma confissão de fé sem um genuíno arrependimento só consegue gerar uma devoção meramente exterior (Mt 7.21-23; 6.5,16-18).
Jesus nos alerta quanto ao cristianismo tipo dos fariseus: Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem (Mt 23.3).
Temos que ter em mente que Jesus não se impressiona com nossas palavras piedosas. Ele quer ver os frutos, as evidências de nosso cristianismo em obras de obediência.
2. A LIÇÃO DO SEGUNDO FILHO
Observe que o segundo filho, quando recebeu a ordem do pai disse: “Não quero”. Esta é por natureza a nossa resposta às ordens de Deus – não quero. No texto lemos que este filho disse: “Não quero; depois, arrependido, foi’ (v.30). Como já vimos a palavra arrependimento significa um redirecionamento da vontade humana, um desejo, uma decisão de repudiar a injustiça e buscar a retidão (Confissão de Fé, Cap.XV). A evidência segura de uma vida cristã, não é como falamos, e sim como vivemos e o que fazemos. Os frutos dignos do arrependimento (Lc 3.8) são uma vida de obediência às ordens do Pai.
Em Lucas 19.8-9 temos uma boa ilustração de alguém realmente arrependido: “E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão" (RC). Observe que Jesus só declarou Zaqueu como um homem salvo, quando este deu provas de seu arrependimento. A decisão de devolver o que havia roubado era a clara evidência de que seu coração fora de fato transformado (2 Co 5.17).
O segundo filho embora a princípio não quisesse fazer a vontade do pai, arrependido, mudou de posição. Igualmente, precisamos desprezar nossos pecados, confessá-los, abandoná-los, fazer as devidas reparações e tomar providências a fim de que não os repitamos. Poderemos pecar (1 Jo 2.1) – iremos pecar, mas o processo de santificação jamais poderá ser obstruído. (Fl 2.13; 1.6). O Pr. John F. McArthur Jr. diz que o arrependimento engloba o homem como um todo:
2.1. Engloba o homem intelectualmente ( Mt 12.41; Lc 11.32). O arrependimento se inicia quando há reconhecimento do pecado. O homem desperta para a seriedade que seu pecado tem para-Deus. Há uma consciência de que as coisas não são como deveriam, e que algo está errado. Este é o primeiro estágio do arrependimento. É quando eu chego a compreender que algo está errado;
2.2. Engloba o homem emocionalmente (2 Co 7.10; Jó 42.6). Uma pessoa pode até entristecer sem estar arrependida, como foi o caso de Judas (Mt 27.3-5),ou do moço rico (Mt 19.16-22). Entretanto, o genuíno arrependimento sempre vem acompanhado por tristeza (SI 51.17).
2.3. Engloba o homem volitivo (Lc 15.17-20). A vontade do homem é afetada. John F. McArthur Jr. afirmou que “Onde não há mudança visível de conduta, não se pode confiar que haja ocorrido arrependimento”. Lembra-se do filho pródigo? Em Lc 15.17-20 somos informados que ele “caiu em si”, compreendeu que algo estava errado, mas não ficou só nisso, “Levantou-se e foi”. Houve uma tomada de decisão. Não haverá arrependimento verdadeiro até que tenhamos feito algo a respeito do pecado. Não basta saber que é errado, ou ficar triste por ter pecado. O pecado precisa ser abandonado.

Conclusão
A Confissão de Fé, no Cap. XV, IV, diz o seguinte: “Como não há pecado tão pequeno que não mereça a condenação, assim também não há pecado tão grande que possa trazer a condenação sobre os que se arrependem verdadeiramente”. Até mesmo o pior dos pecados (se podemos dizer assim) não excluirá do céu um pecador, se ele se arrepender. É isso que Jesus quer dizer quando fala que “meretrizes e publicanos vos precedem no Reino de Deus” (v.31).
Jesus veio para chamar pecadores ao arrependimento. Segue-se que não importa a situação da pessoa. Não importa o tamanho do pecado, quão fundo foi ao poço, se ela se arrepender, será perdoada “Não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento’ (Lc 5.32). Lemos em Isaías 1.18: “…ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, – eles tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã’.

“A fim de fazer uma verdadeira representação do misericordioso, terno e amável cuidado do Pai, Jesus apresentou a parábola do filho pródigo. Embora Seus filhos caiam em falta e se extraviem d´Ele, se se arrependerem e voltarem, Ele os receberá com a alegria manifestada por um pai terrestre, ao receber um filho há muito perdido que, arrependido, voltou para casa.” — Manuscrito 132, 1902.
trabalhado por Pr. José Carlos Costa

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