sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A PODEROSA MENSAGEM DA CRUZ


Lucas 23:32-33
Estamos diante de uma cena de indescritível tristeza e horror.

Do lado de fora de Jerusalém, numa pequena colina chamada Calvário, três cruzes; e nelas três homens, diante de uma verdadeira multidão possuída de uma fúria selvagem e fanática, ali estava Ele sofrendo toda a humilhação e toda a dor que este tipo de morte era capaz de proporcionar.

E era justamente por causa de seus efeitos sobre o corpo e a reputação do indivíduo que a crucificação representava a mais dolorosa a mais cruel e humilhante forma de execução que havia.

1) AS ORIGENS DA CRUCIFICAÇÃO

a. As origens da crucificação são um tanto desconhecidas, mas ela acabou sendo adoptada por todos os povos antigos, sobretudo pelos romanos, costumavam empregar este método para executar escravos, rebeldes prisioneiros de guerra, e os piores tipos de criminosos, e embora não exista muitas informações históricas sobre o método da crucificação em sí, o que sabemos já é suficiente para provocar em nós a mais completa repulsa, diante de castigo tão bárbaro, depois de pronunciada a sentença, o primeiro passo era submeter o condenado a um açoite tão violento que muitos não resistiam e ali mesmo morriam amarrados ao posto do suplício, enquanto o se corpo era dilacerado pelos impiedosos golpes que recebiam. Na maioria das vezes porém, era apenas o inicio do sofrimento.

b. O passo seguinte era colocar a pesada cruz de madeira sobre os ombros já feridos e ensanguentados do condenado e fazer com que ele carregasse até ao local da sua execução que ficava do lado de fora da cidade.

c. Ao chegar a este lugar, era completamente despidos e deitados sobre a cruz para que as mãos e pés pudessem ser pregados. A descoberta recente dos ossos de um homem crucificado no mesmo período de Jesus levanta a possibilidade que talvez as pernas fossem juntas e torcidas e então fixadas à cruz por meio de um único prego que atravessava os dois calcanhares. Sabe-se também que os homens eram crucificados de costas para a cruz, olhando para os espectadores, enquanto as mulheres o eram com o rosto voltado para a cruz. A cruz era então levantada e deixada cair com força num buraco no solo o que fazia com que as carnes feridas rasgassem com o balanço do corpo. Para que o corpo não caísse porém, um pequeno pedaço de madeira fixado no meio da cruz, servia de assento para a vítima, que ali era deixada a morrer de fome de dor, e de exaustão.

d. Este método tornava a morte bastante prolongada, raramente ocorrendo antes das trinta e seis horas, há registro de indivíduos que levaram até 08 ou 09 dias para morrer.

e. A dor logicamente era muito intensa, visto que o todo o corpo ficava sujeito a tensões, enquanto que as mãos e o pés que são uma massa de nervos perdiam pouco sangue. Depois de algum tempo, as artérias do estômago e da cabeça ficavam regurgitadas de sangue, causando uma dor de cabeça alucinante, e finalmente a febre traumática e o tétano manifestavam-se.

f. Na maior parte do tempo o indivíduo permanecia consciente, sentia minuto a minuto toda intensidade da
dor e a proximidade da morte e não havia absolutamente nada que pudesse fazer. De dia o sol forte queimava, as moscas incomodavam sem que pudessem afastá-las. À noite o frio e o vento cortante tornava a agonia insuportável.

g. E quando por alguma razão se desejava abreviar os sofrimentos da vítima, as suas pernas eram quebradas a golpes de martelo ou pedaços de pau, o golpe de misericórdia geralmente era dado com uma espada ou lança num dos lados do peito.

h. E ao morrerem, os crucificados não tinham sequer o direito a uma sepultura, os seus corpos eram lançados nas valas do lixo da cidade e ali eram devorados por abutres e animais carnívoros, o que aumentava ainda mais a vergonha do castigo; apenas a este pormenor, a crucifixão de Cristo fugiu à regra.

2) TRÊS CRUZES E SEUS PERSONAGENS

a. E ali estavam aqueles três homens, crucificados, e nada mais podiam fazer, nem mesmo apressar a própria morte, e assim diminuir os sofrimentos; nas duas cruzes laterais, dois criminosos, parece que eram membros de um grupo de ladrões e interessados em desestabilizar o governo humano na Judeia. E no centro estava Jesus, ocupava a cruz daquele que talvez fosse o líder daqueles dois, Barrabás. Eram cerca de 9:00 horas da manhã quando foram crucificados, o dia e o sofrimento de cada um deles estava por assim dizer apenas a começar. E se não bastasse a terrível aflição que ainda os aguardava, ainda \teriam que suportar, especialmente Jesus, todo escárnio, toda a provocação daquela multidão ali reunida.

3) PROVOCAÇÃO E CÓLERA A JESUS

a. E eles não perderam tempo, mal os soldados levantaram a cruz, começaram como cães enfurecidos a descarregar contra Ele toda a sua cólera. Sacerdotes, escribas e fariseus, a turba de coração ingrato e empedernido, zombavam do próprio Filho de Deus, enquanto Ele agonizava no madeiro. Salvou os outros, diziam, a Sí mesmo se salve. Se és de fato o Filho de Deus, o escolhido... Os próprios soldados que mal conheciam a Jesus, foram influenciados por aquele frenesi e também passaram a zombar dEle. Dizendo se Tu és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo. Mas não eram só os soldados e a turba até mesmo um dos criminosos que estava crucificado ao Seu lado dizia: Não és Tu o Cristo? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também. Diz a Sra. White que Satanás com os seus anjos e na forma humana. Achava-se presente ao pé da cruz. O arqui-inimigo e as suas hostes cooperavam com os sacerdotes, diz ela e as demais pessoas que ali estavam. Era como se o inferno inteiro estivesse diante de Cristo naquele momento.

4) REAÇÃO DE CRISTO DIANTE DE TANTA PROVOCAÇÃO

a. Jesus porém não murmurava queixa alguma. Não retribuía nenhuma das maldições que contra Ele eram lançadas. O Seu semblante permanecia calmo e sereno, apesar das grandes gotas de suor e de sangue que lhe banhavam a face. Dos seus lábios apenas se ouvia aquela oração intercessora: “PAI, PERDOA-LHES, PORQUE NÃO SABEM O QUE FAZEM!” E essa súplica não foi em vão, pelo contrário, o seu efeito foi imediato; enquanto um dos criminosos que com Ele estava crucificado apenas se tornava mais blasfemo e agressivo, o outro foi tocado pela calma e serenidade de Jesus, e pela poderosa oração de perdão que lhe chegou aos ouvidos.

5) A REAÇÃO DE CRISTO PODE SALVAR VIDAS

(Ler Lucas23: 39-41.)

a. O tempo entre a crucifixão e a morte propriamente dita do indivíduo, era suficiente longo para que ele refletisse sobre todos os seus atos, todos os seus erros, todos os crimes que tinha cometido, pelos quais fora condenado; mas não foram necessários senão uns poucos minutos para que um daqueles criminosos reconhecesse a justiça do seu castigo. Ele tinha pecado e muito, havia quem sabe praticado atentado contra os romanos. Matado, roubos, furtos, mas embora sabendo que em termos humanos nada mais pudesse ser feito por ele, ele reconhece os seus crimes, mostra-se arrependido e disposto a aceitar a pena imposta pela lei.

b. Ele teme a Deus. E reconhece que o seu sofrimento era justo, e por isso repreende o companheiro que não só continua rebelde, impenitente, mas que também chega ao ponto de se unir àquela multidão que ali estava nas provocações Àquele que não tinha feito mal algum. E que portanto sofria injustamente. O relato bíblico dá a impressão de que o criminoso arrependido tinha algum conhecimento de Jesus e que agora reconhece como verazes todas as reivindicações Messiânicas feitas por ele. A Sra. White, confirma esta conclusão, dizendo que ele já tinha visto e ouvido Jesus e ficara convencido de que Ele era o Messias, mas que por fim acabara por abandonar esta ideia por influência dos sacerdotes, dos escribas, dos fariseus, fora desviado justamente por aqueles que eram os líderes espirituais da nação.

c. Ela diz também que durante todo o julgamento, ele estivera ao lado de Jesus. Ouvira Pilatos dizer que não havia n´Ele crime algum. Caminharam juntos em direção ao Calvário, percebera o seu porte divino e rendeu-se finalmente à convicção de que Ele era de fato o filho de Deus, ao ouvir aquela oração de perdão sobre aqueles que o ultrajavam. E ali na cruz, em meio à mais terrível dor e agonia, ele lembra-se de tudo aquilo que tinha ouvido dos lábios de Jesus; lembra-se da forma como Ele curava os doentes, como Ele atendia os necessitados, como Ele perdoava os pecadores, e sobre a iluminação do Espírito Santo, vê n´Aquele Jesus ferido, ridicularizado e pregado na cruz, ele vê o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. E num misto de esperança e agonia, com a voz embargada pela dor e o coração partido pela culpa, ele atira-se com fé sobre o agonizante Salvador.

d. E suplica o que lemos no versículo 42; e acrescentou, “Jesus, lembra-te de mim, quando vieres no Teu reino”. Eu posso imaginar a emoção de Jesus naquele momento, as lágrimas a brotarem dos Seus olhos banhados pelas lágrimas e dor, a alegria a inundar o Seu coração partido pelo sofrimento, ao ver mesmo ali
naquele cenário sórdido e repulsivo, naquele lugar onde os anjos choravam e os demónios se regozijavam, ao ver mesmo ali uma alma arrependida e crente, que clamava por perdão. Os discípulos tinham fugido, aqueles que uma semana atrás tinham entoados hosanas ao Filho de David, agora zombavam e escarneciam d´Ele. Muitos a quem socorrera e ajudado, agora o injuriavam; quão reconfortante não deve ter sido para Jesus aquela simples, mas genuína declaração de fé, aquela súplica de entrega e de arrependimento: “Jesus, lembre-te de mim, quando vieres no Teu reino”. E a resposta foi imediata. Em palavras repletas de amor e compaixão, Jesus disse, no versículo seguinte: Jesus lhes respondeu: “Em verdade Te digo hoje, estarás comigo no Paraíso”. No mesmo instante em que estas palavras foram pronunciadas, diz a Sra. White: “Um brilhante e vívido clarão penetrou a escura nuvem que parecia envolver a cruz”. Era Jesus que mesmo em Sua humilhação estava sendo glorificado. Os homens podiam açoitá-lo, podiam coroá-Lo de espinhos, podiam crucificá-Lo, os homens podiam derramar o Seu sangue blasfemar d´Ele e ultrajá-Lo, mas não O podiam impedir de perdoar pecadores; não podiam impedí-Lo de salvar todo aquele que se volvesse a Ele em arrependimento e fé.

6) PROBLEMA DE TRADUÇÃO

“Em verdade te digo hoje, estarás comigo no Paraíso”.

Jesus não prometeu ao criminoso que ambos estariam juntos no Paraíso naquele mesmo dia, embora a maioria das versões bíblicas que usamos dizem isto. Temos aqui na verdade um problema de tradução que tem que haver apenas com a pontuação correta do texto. A palavra hoje usada por Cristo está ligada não ao verbo estarás, mas está ligada à expressão te digo, foi usada por Jesus para dar ênfase à importância do momento. O criminoso pediu a Jesus que se lembrasse d´Ele naquele dia, naquele dia quando Ele haveria de voltar para o estabelecimento definitivo do Seu reino. Mas Jesus respondeu: “Em verdade te digo hoje”, ou seja, neste dia, neste dia em que tu te arrependeste e creste, neste dia em que estamos prestes a morrer, neste dia em que estamos rodeados por toda esta humilhação, a toda esta dor e agonia por que passamos, neste dia de aparente derrota e fracasso, Eu te garanto, estarás comigo no Paraíso.

7) PALAVRAS DE ALCANCE MAIOR

a. Prezados irmãos e amigos, estas confortadores palavras de Jesus, dirigidas àquele criminoso arrependido, não se aplicava exclusivamente a ele, e nem se destinavam apenas a confortá-lo, naquele momento de desespero, estas palavras são de um alcance muito maior, e dizem respeito à realidade de todo aquele que confiou em Jesus para perdão dos seus pecados, mas que ainda vivem num mundo rodeado por misérias, por problemas, por desgraças dos mais diferentes tipos e tamanhos.

b. Que mundo é este irmãos, em que os bons e os inocentes muitas vezes sofrem enquanto os maus quase sempre prosperam e se deliciam com o fruto da sua maldade. Que mundo é este em que a violência e a criminalidade fazem com que sejamos reféns permanentes do medo e da insegurança, Que mundo é esse em que a fome, as epidemias e os terramotos dizimam populações inteiras de cidades e países? Que mundo é esse que as guerras e os rumores de guerras espalham terror por todos os lados, justamente numa paz em que se imaginava que a paz e a harmonia universal haveriam de prevalecer? Que mundo é este em que apesar de todos os avanços científicos e tecnológicos, a vida nunca esteve tão ameaçada e o futuro nunca pareceu tão sombrio. Que mundo é este de poluição e catástrofes e de desastres ecológicos cada vez maiores? Que mundo é este de desigualdade sociais, da imoralidade e de vícios sempre crescente e dos lares cada vez mais desmantelados? Que mundo é este em que o mau triunfa a olhos vistos, e nós mesmos muitas vezes nos habituamos aos estragos que ele faz na nossa própria vida e na vida daquele a quem amamos. Que mundo é este em que os valores bíblicos parecem já não existirem, a fé se materializou ou tournou-se permissiva, o amor se encontra totalmente deturpado, a pureza tornou-se peça de museu e o sentido da vida se reduziu à busca alucinante de prazeres e emoções cada vez mais fortes? Que mundo é este que se ridiculariza abertamente das noções do bem e do mal, levando a muitos a desanimarem da virtude, a zombarem da honra e a terem vergonha de serem honestos.

c. Que mundo é este irmãos?

SEGURAMENTE NÃO É O MUNDO QUE DEUS TINHA PLANEJADO PARA NÓS NO PRINCÍPIO.

Não é o mundo em que Jesus pretende deixar-nos agora. Não foi apenas para nos perdoar ou para restaurar em nós a Sua imagem que Jesus veio a esta terra. Se o plano da redenção se limitasse àquilo que Cristo fez por nós na cruz e aquilo que Ele faz por meio do Espírito Santo hoje na nossa vida, não haveria muito sentido de nos tornarmos cristãos.

Se fosse para continuar onde estamos, rodeados de toda espécie de pecado, de ódio e de malícia, e sofrendo os efeitos deste estado de coisas, seríamos as pessoas, mais infelizes do mundo, estaríamos fora de lugar, e chegaríamos ao ponto de acabarmos por desprezar a própria vida.

O plano da redenção no entanto, destina-se a restaurar tudo aquilo que foi arruinado com a ação do pecado. E isso não envolve apenas o ser humano. O próprio mundo será purificado, e completamente restaurado à Sua glória, a sua perfeição original.

Apocalipse 21:3-5

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