quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Um ou MAIS Mediadores?

 “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Tm 2.5).
Numa reunião missionária alguns jovens discutiam o texto: “Vós sois o sal da terra” (Mat. 5:13). Uma sugestão após outra foi feita quanto ao significado da palavra “sal” neste versículo. “O sal dá sabor”, disse alguém.
“O sal impede a deterioração”, sugeriu outro.
Finalmente, uma jovem chinesa falou com base na experiência que nenhum dos outros possuía. “O sal dá sede”, disse ela, e houve um silêncio repentino na sala. Todos durante alguns instantes se interpelavam será que: “Já deixei alguém com sede do Senhor Jesus Cristo?”
As aflições de Job fizeram com que tivesse sede de um Mediador que pudesse ser o árbitro imparcial entre ele e Deus. O que é que satisfaria por completo a sede de Job? Quem seria capaz de desempenhar os deveres do árbitro de Job?

1.      Job necessitava de um Árbitro (Job 9.30-33; 16.20,21; 33.23-28)
O discurso de Bildade em Job 8:1-22 tinha realçado o caráter reto de Deus e a justiça por Ele dispensada. Job reagiu, respondendo: “Na verdade sei que assim é: porque, como pode o homem ser justo para com Deus?” (Job 9:2). Observemos que não se trata de como o homem pode ser justificado, mas como poderia ele ter um caráter justo. Job desejava um árbitro, porque não passava de um pecador aos olhos de um Deus santo. A santidade de Deus exigiria imediata e completa justiça. (Ver Rom 6:23.)

Mesmo que Job se lavasse com salitre ou uma lixivia potente, a perfeita santidade de Deus demonstraria ainda a condição de pecado de Job, a tal ponto que até mesmo as suas roupas rejeitariam a imundície de seu corpo (w. 30,31). A ilustração de Job retratou a sua condição. Para que pudesse ter alguma esperança de remediar a situação, ele teria de conseguir comunicar-se de algum modo com Deus a esse respeito. Um árbitro poderia representar Job diante de Deus.

A figura mostrada por Job no versículo 33 é a de um homem que se interpõe entre dois contendores e os reconcilia. Este árbitro teria de “pôr a mão” sobre os dois contestantes. Na situação particular de Job, o árbitro precisaria tocar Deus com uma das mãos e com a outra o homem. Gosto muito de um desenho que representa Jesus estendido na cruz segurando com uma mão a “invisível mão do Pai” e com a outra segurando o homem.

Os conselheiros de Job, que não foram capazes de o confortar, também demonstraram a sua necessidade de um árbitro. Esses homens foram incapazes de compreender perfeitamente a situação de Job. Como resultado, passaram a zombar dele e Job voltou-se para Deus com lágrimas nos olhos (Job 16.20). Nenhuma súplica das Escrituras é mais pungente do que a sua: “Ah! Se alguém pudesse contender com Deus pelo homem, como o filho do homem pelo seu amigo!” (v. 21). O conceito que Job apresenta é de que alguém deve suplicar a Deus da mesma forma que um ser humano suplica a outro que é seu igual (“amigo”).

Eliú, o quarto amigo de Job, foi o último a entrar na conversa (Job 32:1-37.24). Este, que era o mais moço dos amigos, passou a considerar a atitude errada de Job em relação aos seus sofrimentos.
Já ficou evidente o fato de que um árbitro entre o homem e Deus deve corresponder às necessidades do homem e às exigências de Deus. Este árbitro deve ter capacidade para compreender por inteiro à posição do homem e satisfazer plenamente o caráter de um Deus santo (Job 9:32,33). Para ser “amigo” de Deus seria preciso que o árbitro fosse também Deus (Job 16:21).

Eliú fez um acréscimo à descrição do árbitro feita por Job, ao afirmar que ele deve ser um “mensageiro”, “um intérprete”, e “um entre milhares” (Job 33:23). Acima de tudo, este árbitro deve ser especial — único.

Uma outra característica do mediador de Job (ou árbitro) é encontrada na descrição do libertador-redentor (w. 24,28). O mediador deve ter um “resgate” pela vida de Job (v. 24). Job perderá a vida se o resgate não for pago. Uma vez que Deus já tinha proibido Satanás de tirar a vida de Job (Jó 2:6), Ele com certeza sabia do árbitro desejado por Job assim como do resgate a ser pago. A situação era a mesma de quando Abraão ofereceu Isaque a Deus no monte Moriá (Gén 22:1-14). Deus proveria.

2.      Deus Providencia Um Árbitro (Job 16:19)
A paciência de Job com os três amigos se desgastara e afirma: “Tenho ouvido muitas coisas como estas; todos vós sois consoladores molestos” (Job 16:2). A paciência de Job (ou a falta de paciência) com respeito aos amigos, foi um meio de o levar novamente para Deus. Não tendo achado consolo nos conselheiros, Job apresentou o seu caso a Deus com lágrimas (v. 20).

Deixando de lado os seus conselheiros, Job afirmou com convicção: “Já agora sabei que a minha testemunha está no céu, e nas alturas quem advoga a minha causa” (v. 19). Job queria dirigir a atenção dos amigos para um fato da vida espiritual que estava ao alcance deles, bastando que tivessem fé.

A posição da testemunha ou advogado é da maior importância. Esta testemunha está “no céu” e “nas alturas”. Este advogado teria acesso contínuo ao Deus de Job, a fim de fazer a sua defesa contra o adversário. (Job 1:6,7; 2.1,2.

Depois de tantas coisas serem reveladas a respeito da necessidade de um árbitro, da natureza do árbitro e da posição do árbitro, a identidade do mesmo deveria ter ficado perfeitamente clara. Evidentemente, o Filho de Deus preencheria o papel de mediador de Job. 1 Timóteo 2.5 diz simplesmente: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem”.

O Mediador de Job é também a sua Testemunha e Advogado (Job 16:19). Jesus é também descrito como a “fiel testemunha” (Ap 1:5). O Advogado seria alguém que tudo sabe e tudo vê. Ele poderia responsabilizar-Se por Job, porque conhecia o coração dele. (1 João 3:19,20; Heb 9:16.)
As descrições de Paulo, estão todas de acordo com o que Job declara. Jesus Cristo preencheu de todas as formas as qualificações para ser o Árbitro de Job.
Em Gálatas 3:8-22, Paulo explica como Abraão, um gentio, foi justificado pela fé no Redentor prometido. Nem mesmo a lei ceromonial poderia prejudicar as promessas de Deus feitas a Abraão. Todos os gentios receberiam as bênçãos emanadas da semente final de Abraão, Jesus Cristo este é o cumprimento cabal dessa lei. A razão pela qual a promessa foi mantida deve-se ao resgate pago pelo Mediador (G1 3.17-22).

Ao escrever ao jovem Timóteo, Paulo associou o Mediador com a vida de oração do crente (1 Tm 2.1,2). O Mediador era a um só tempo Deus (v. 3) e homem (v. 5). O resgate é mencionado na instrução de Paulo a Timóteo (v. 6). A descrição de Jesus como “único mediador” corresponde ao conceito de singularidade.

João associou o sangue purificador de Jesus Cristo com o Advogado celestial (1 João 1:7). A confissão de pecados faz parte da obra do Mediador (v. 9). A posição do Advogado de João é semelhante à do Arbitro de Job: no céu, na presença de Deus Pai (1 João 2:1; Job 16:19). (Job 16:17; 9:32,33; 33:24,28; 33:23; 9:30,31).

Paulo na epístola aos Hebreus também menciona a posição celestial do Mediador- Redentor (Heb. 9:23-25). A descrição da função de Mediador de Cristo juntamente como único Sumo Sacerdote, apresenta a satisfação da necessidade de um Deus-Homem como Arbitro entre o homem pecador e um Deus santo (Heb. 8:1-13). A satisfação no tocante a Cristo como Sumo Sacerdote é “porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, antes foi ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4:15,16). (Hb 9:11-22.)
Como o Filho de Deus pôde ter simpatia por Jó antes de Sua encarnação? O Arbitro de Jó tratou com ele à luz do cumprimento da profecia do Velho Testamento. Deus operou no Velho Testamento sobre o fundamento de que a obra de Cristo fora completada antes da criação do mundo (Ef 1:4; Hb 4:3; 1 Pe 1:20; Ap 13:8). A fé possuída por Job, aplicada a ele mesmo, estava ainda para vir, da mesma forma que nós agora aplicamos, pela fé, aquilo que já passou. Essa a razão pela qual Job pôde proclamar: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19.25).

Apelo:
As aflições de Job aproximaram-no de Deus. E as suas? Você tem Cristo como Mediador diante de Deus? Nosso Mediador conhece todas as nossas fraquezas e dificuldades. Você sente que Ele simpatiza com as suas provações. Já deixou alguém com sede do Senhor Jesus Cristo?

José Carlos Costa, pastor

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