Estudaremos a sétima e última declaração de Jesus Cristo que se encontra registada em Lucas 23: 44 a 46.
DESENVOLVIMENTO:
A missão de
Jesus chegava ao fim e as Suas últimas palavras foram: “Pai, nas tuas mãos
entrego o meu espírito.”Dizem que geralmente as pessoas morrem do jeito que
vivem. A vida de Cristo foi de dependência do poder de Seu Pai. Ele foi capaz
de entregar Sua vida a Deus na hora da morte, porque passara toda a vida em
completa entrega ao Pai. Queira Deus que, quando chegar o fim de nossa
existência, as nossas palavras revelem o que foi a nossa vida. Consegue
imaginar-se a escrever a sua última mensagem para um ente querido? As suas
últimas palavras para um filho ou cônjuge?
O que diria?
Como
pronunciaria as suas palavras finais?
Com certeza, cuidadosamente, escolhendo cada palavra. A maioria dos seres
humanos possui apenas uma oportunidade de fazer o seu último pronunciamento.
Foi o que aconteceu com Jesus. Sabendo que as Suas últimas palavras seriam para
sempre ponderadas, não acha que Ele as escolheu cuidadosamente? Sim Ele fez, e
o fez por você.
Que lições
podemos tirar dessas palavras?
1. Jesus
viveu e morreu com as Escrituras nos lábios. Citou as palavras do Salmo 31:5.
Quando o rei David foi caluniado e perseguido exortou todos os que podiam ouvir
a serem fortes, cientes de que o Senhor os protegeria no momento de
dificuldade. As últimas palavras de Jesus não seriam de confiança. Foi então
que exclamou: “Nas tuas mãos entrego o meu espírito, tu me remiste, Senhor,
Deus da verdade!” Sal 31:5.
2. Jesus
iniciou as Suas palavras na cruz usando a expressão: “Pai, perdoa-lhes porque
não sabem o que fazem.” (Lucas 23:34). Ao proferir as últimas palavras, começou
assim: “Pai”. Assim sempre foi a Sua vida. Ele começava com o Pai, vivia com o
Pai e concluía com o Pai. Cristo ia morrer, mas não era vítima dessa tragédia.
A entrega de Sua vida não era o resultado de uma derrota. Foi um acto livre da
Sua própria vontade. “Ninguém a tira de mim. Pelo contrário, eu espontaneamente
a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la.” (João 10:18).
A morte não foi até Jesus. Ele foi ao encontro dela. Agostinho disse: “Ele
desistiu de viver porque quis, quando e como o quis.” Jesus morreu de acordo
com os propósitos divinos, não por causa do capricho de homens covardes.
3. Jesus
morreu nas mãos do Pai. “Pai, nas Tuas mãos...” Que magnífico significado é
encontrado nesta expressão! O poder das mãos! Por diversas vezes Jesus disse
que seria entregue nas mãos dos homens. Aos cansados discípulos, no Getsémani,
disse: “Chegou a hora! Eis que o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos
pecadores. Levantem-se e vamos. Aí vem o traidor.” (Mat 26:45 e 46). Pedro
disse que Jesus foi crucificado por “Homens perversos.” (Act 2:23). Mãos
perversas formaram a coroa de espinhos, pondo-a sobre a fronte de Jesus. Mãos
perversas o esbofetearam. Mãos perversas dilaceraram as suas costas. Mãos
perversas cravaram pregos nas Suas mãos e pés.
Mas chegou o
momento em que as mãos dos homens não podiam fazer mais nada, e as mãos de Deus
detiveram o derradeiro poder de decisão. Quando David estava a ser perseguido
pelos inimigos, ele percebeu que mesmo quando estamos nas mãos de homens
perversos, podemos estar nas mãos de Deus. “O meu futuro está nas tuas mãos;
livra-me dos meus inimigos e daqueles que me perseguem”.
Da mesma
forma mesmo que estejamos nas mãos de enfermidades e acidentes, podemos estar
nas ternas e protectoras mãos de Deus. Jesus Se entregou voluntariamente nas
mãos de pecadores e, voluntariamente, entregou-Se nas mãos de Deus. Cercado
pelos que O odiavam, consciente de que ninguém tinha importado com as injustiças
contra Ele; sabendo que os discípulos tinham, na maior parte, desertado, nessas
circunstâncias Ele podia contar com o Pai. Ele podia entregar-Se nas mãos do
Pai. Nas mãos do Pai, Ele foi elevado a uma posição de autoridade e, hoje,
espera que Seus inimigos sejam se dobrem reconhecendo que foram instrumentos do
mal. Estar nas mãos do Pai é estar nas mãos do Filho. As mãos do Filho e do Pai
estão em harmonia, estão entrelaçadas.
Assim o
segredo da vida é estar nas mãos do Pai. Estar nas mãos do Pai é estar no
melhor, no mais seguro e aconchegante lugar do Universo. Você está nas mãos do
Pai? Veja se está nas mãos do Pai não é tudo do que precisamos? Leiamos Isaías
41:10,13. Na
Bíblia “Mão” significa poder e mão direita, o máximo do poder.
Deus emprega o máximo do Seu poder em nosso favor. Ele oferece-nos as Suas
mãos. Quanta segurança há em saber que debaixo de tudo há sempre as mãos de um
Pai. Nada, ninguém, nenhum acontecimento pode causar-nos dano. Sempre há mãos
protectoras, fortes e carinhosas que nos acolhem. Quem poderá nos retirar das
mãos do Pai? Amigo/a, recomendo as mãos do Pai.
Não se
engane quanto a estar ou não nas protectoras mãos de Deus. Quando John Huss foi
condenado pelo Concílio de Constança, em 1415, o bispo encerrou a cerimónia
dizendo: “Nós agora confiamos a sua alma ao diabo”, mas Huss contestou: “Confio
a minha vida nas Tuas mãos Senhor Jesus Cristo. A Ti rendo o meu espírito, o
qual Tu salvaste.” Huss, que era seguidor de Cristo e conhecia as boas novas do
evangelho, sabia que nenhum homem pode nos confiar às mãos do diabo, se nos
rendemos às mãos de Deus. Huss foi queimado amarrado a uma estaca, vitorioso,
cantando, enquanto era queimado, pois sabia que pertencia a Cristo e Cristo lhe
pertencia.
4. Jesus
entregou-Se confiante – “Nas Tuas mãos entrego...” Era um grito de confiança
absoluta. Diante das portas da morte, aconchegando-Se nas mãos do Pai, era uma
vida que descansava sobre a providência do Pai.
Confiança ausente na vida de Pilatos que entra e sai, faz perguntas, emite
juízo e actua como um possesso.
Confiança
ausente na multidão, que gritava endemoninhada.
Confiança
ausente nos discípulos, que se dispersam, possuídos pelo pânico.
Confiança
ausente no Sinédrio, que monta uma trama com maléficos desígnios e acaba desorganizado
e confuso.
Somente
Cristo estava em pleno controlo das Suas próprias faculdades e somente Ele pode
exercer a plenitude da Sua vontade, porque Ele conhece o Pai e porque mantém a
Sua confiança n´Ele.
5. Jesus,
não somente nos ensinou como viver, mas nos ensinou também como morrer. Ele
estava preparado para morrer. Mesmo cercado pelas circunstâncias mais adversas
Ele morreu em paz.
Conta-se que
na cultura africana os cristãos locais oram por uma “boa morte”. Ao contrário
do que possamos pensar, boa morte não significa morrer sem dor ou dignamente,
ou mesmo morrer em idade avançada. Boa morte é ter a oportunidade de reunir a
família em torno de si nos últimos momentos e ter força para dar o último
“incentivo” a fim de que levem uma vida piedosa e se preparem para o reencontro
no Céu. A fé é transmitida quando o que está morrendo declara a sua fé Naquele
que morreu nacruz.
Jesus nos
deu o último incentivo para vivermos nas mãos do Pai e nos mostrou que, vivendo
assim, se tivermos que passar pela morte estaremos tranquilos, porque estamos
nas mãos de Deus. Ele nos deixou a herança uma “boa morte”.
Na cruz as
trevas estavam dissipadas, o sofrimento estava acabado e Ele podia finalmente
entregar-Se nas mãos do Pai, para cuja presença agradável retornaria. Nos
tempos antigos, o batedor auxiliava o navio para que entrasse no porto em
segurança. Ele pulava do barco e ia até o porto, atando o forte cabo do navio a
uma rocha ao longo da costa. Então, com um guincho, o navio aportava. Esse é o simbolismo
ousado pelo autor de Hebreus, que vê Jesus como Alguém que foi para o Céu
preparar o caminho para nós. “Temos esta esperança como âncora da alma, firme e
segura, a qual entra no santuário interior por trás do véu, onde Jesus, que nos
precedeu, entrou em nosso lugar...” (Heb. 6:19,20).
Deixe as
tempestades retalharem as velas, deixe as rajadas de vento tentarem nos tirar
do curso, os salvos chegarão seguros ao porto. A cada dia estamos mais próximos
da volta de Jesus, a cada dia somos puxados um pouco mais para perto do porto
por Aquele que provou ser mais forte, até mesmo, que a morte. E para nós que
temos esta esperança, a morte não é o fim da estrada é apenas uma curva; não é
o fechar de um livro, mas apenas o início de um novo capítulo. Capítulo este,
que terá início quando Jesus voltar e ressuscitar os Seus fiéis.
Pois Ele
morreu, não apenas, para levar os nossos pecados embora, mas para provar que a
morte não domina sobre os que depositaram sua fé sobre o Único que a subjugou.
Por isso, o fiel dormirá, mas nunca morrerá. Assim, próximos da morte, a cruz
nos será mais preciosa do que nunca. Talvez, ao meditar nas últimas palavras de
Jesus na cruz você esteja pensando: “Vou viver como quiser, e então, no último
minuto, direi: ‘Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito.” Não! Com raríssimas
excepções você morrerá exactamente da maneira como viveu. Se Deus não é seu Pai
agora, certamente será impossível aceitá-Lo como Pai quando a morte estiver se
aproximando. Estamos preparados para o Céu, quando abraçamos Cristo como o
nosso Salvador, aceitando o que Ele fez por nós na cruz. Somente os que crêem
em Jesus podem confiar inteiramente o seu espírito ao Pai.
CONCLUSÃO: “Nas
Tuas mãos entrego o meu espírito”. Estas foram as últimas das sete palavras que
Jesus proferiu na cruz. E estas têm sido, também, as últimas palavras de
milhares de Seus seguidores, desde então até hoje. Quando as pedras começaram a
ser lançadas, Estêvão, o primeiro mártir cristão, orou: “Senhor Jesus, recebe o
meu espírito.” (Act. 7:59). Mas “Bem-aventurados”, escreveu alguém, “os que não
somente morrem pelo Senhor, como crentes, mas à semelhança do Senhor exalando a
vida nestas palavras: “Nas tuas mãos entrego o meu espírito.”
Meu amigo,
durante estas noites estivemos meditando sobre as sete últimas palavras de
Cristo na cruz. Quantas preciosas lições Jesus ensinou na cruz! Lições sobre
perdão, certeza, provisão, confiança, vitória e entrega. Para que estas lições
tragam benefícios a nós, precisamos desenvolver um relacionamento com Aquele
que as ensinou. Paulo observou em Gálatas 3:26 e 27: “Pois todos vós sois
filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes
baptizados em Cristo, de Cristo vos revestistes.”Depois de nos revestirmos de
Cristo por meio da fé e do baptismo, precisamos estar dispostos a segui-Lo, até
à morte, se necessário for. Jesus disse: “Se alguém vier após Mim, a si mesmo
se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.” (Luc. 9:23).
Será que
reconhecemos o que Jesus fez por nós? Será que reconhecemos que na cruz Jesus
fez sete declarações de amor por nós?
Se
reconhecemos, então devemos estar prontos a segui-Lo para todo e qualquer
lugar. Quantos querem dizer comigo: “Jesus, eu reconheço o que fizeste por mim
na cruz”?
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