sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Higiene Mental ou Domínio Próprio

(Provérbios 25:28) - Como a cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não pode conter o seu espírito.

Introdução:
Nos tempos antigos o muro de uma cidade era a sua maior defesa. Sem muro a cidade estava à disposição dos seus inimigos.

Mais ou menos isso acontece hoje nas grandes cidades – as casas estão cercadas por grades – nos sentimos seguros por causa das grades e trancas.

O autocontrolo ou o domínio próprio é o muro de defesa que se opõe aos desejos pecaminosos que fazem guerra contra a nossa alma. Sem autocontrolo a pessoa torna-se presa fácil para qualquer espécie de invasor.

Uma boa definição para domínio próprio pode ser: o governo dos próprios desejos; a habilidade de evitar excessos e viver dentro de limites saudáveis.

O domínio próprio está muito relacionado com uma decisão interior de fazer o que muitas vezes não se tem vontade.

Por exemplo: As pessoas raramente se sentem motivadas a estudar a Palavra de Deus regularmente. Existem tantas outras coisas mais fáceis de fazer, como por exemplo, assistir TV, ler uma revista ou jornal, ler um bom livro, passar muito tempo a conversar com amigos, navegar na internet, etc.

Por isso, é necessário uma decisão pessoal interna e uma postura externa – “vou ler a Bíblia, um livro do Espírito de Profecia, vou sentar-se na sala e vou estudar um tema”. Isso não soa muito espiritual, porque quase tudo na vida cristã tem um som romântico, mas foi exactamente o que Paulo disse:

(I Corintios 9:27) - Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.

Domínio próprio deve ser alvo da nossa atenção porque estamos literalmente numa guerra quando pensamos nos desejos pecaminosos que nos tentam subjugar.

Tiago descreve estes desejos como sendo fortes para nos arrastar e seduzir:
(Tiago 1:14) - Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.

Pedro diz que os desejos guerreiam contra nossa alma:
(I Pedro 2:11) - Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma;

Paulo afirma que os desejos são enganosos:
(Efésios 4:22) - Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano.
O que torna estes desejos pecaminosos tão perigosos é que eles moram dentro dos nossos corações e nem sempre têm uma aparência ruim.

Os tradutores da Bíblia usaram a expressão “domínio próprio” para traduzir duas diferentes palavras do original bíblico.

A primeira palavra está na lista do Fruto do Espírito – domínio próprio = moderação/temperança - em relação ao ataque dos desejos e apetites – o significado é de força interior – quer dizer a força de carácter que capacita as pessoas a controlarem as paixões.

A segunda palavra traduzida por “domínio próprio” denota mente sólida/ julgamento sólido.
Os significados completam-se. Um julgamento sólido, seguro nos capacita a ver o que e como algo deve ser feito; força interior providencia a vontade de fazer. Isso traz uma definição final:
“Domínio próprio é o exercício da força interior sob orientação de um julgamento sólido que nos capacita a fazer, pensar, e falar coisas que irão agradar a Deus”.

Três áreas que necessitam de ser dominadas: Corpo, Pensamento e Emoções.


1) Dominando o corpo (Honrar a Deus com o corpo)

(Génesis 2:9) - E o SENHOR Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.

Deus nos criou com senso de prazer.

Não há dúvidas que foi intenção de Deus que nós tivéssemos prazer físico na nossa existência com as coisas que Ele mesmo providenciaria para nós.

(I Timóteo 6:17) - Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos.

Deus nos provê tudo que precisamos para nossa satisfação.

Mas vejam bem, porque os nossos desejos se corromperam, aquelas coisas que Deus pretendia que fossem para nosso deleite, acabam tendo a tendência de dominar as nossas vidas.

Por isso, o domínio próprio do corpo deve ser focado em três áreas principais de tentação física: Glutonaria – comida e bebida; preguiça/falta de descanso/desleixo com o corpo e imoralidade sexual.


Deus nos dá graciosamente comida e bebida – temos prazer no comer e beber. Só que nós deixamo-nos dominar.

E daí surgem a glutonaria e a bebedice. Nós supervalorizamos a comida – tem pessoas que literalmente vivem para comer – e o prazer passa a dominar a suas vidas.

Com a bebida é a mesma coisa – começa como prazer e passa para o vício. A Bíblia nos orienta a comer e beber para a glória de Deus.

(I Coríntios 10:31) - Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.

Deus deu, para nosso deleite, o descanso – e aí, ou não descansamos ou nos entregamos à preguiça. Alguns abusam do seu corpo não dando a ele quase nenhum descanso; outros, não se cuidam, não dão ao corpo nenhum exercício sequer; outros acham que nasceram para descansar e devem ir ter com as formigas, pois são totalmente preguiçosos.

O nosso corpo continua sendo o templo do Espírito Santo – tratar mal o corpo é pecado.

O sexo - dele vem a imoralidade. O padrão estabelecido por Deus nesta área é muito simples e claro. Absoluta abstinência fora do casamento e total fidelidade dentro do casamento. Qualquer outro caminho ou justificativa resultará em imoralidade.

Vimos que domínio próprio é viver dentro dos limites estabelecidos por Deus. Aí está uma área que merece toda a nossa atenção, porque não existem limites para o mundo quando se fala de sexo.

2) Dominar os Pensamentos (Levar cativo todo e qualquer pensamento)

Paulo afirmou:
(II Corintios 10:5) - Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo.

Nós devemos levar cativo todo o pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.

Ter domínio dos pensamentos significa entreter as nossas mentes com pensamentos que sejam aceitáveis a Deus. E você sabe que a melhor maneira de avaliarmos os nossos pensamentos é apresentada por Paulo em:
(Filipenses 4:8) - Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.


Ter domínio dos pensamentos, então, é mais do que apenas recusar maus pensamentos – devemos fazer isso – mas devemos incluir nas nossas mentes pensamentos que venham agradar a Deus.

Devemos construir muros de protecção recusando pensamentos pecaminosos e apropriarmo-nos de pensamentos que honrem a Deus.

(Provérbios 4:23) - Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.

Aqui, o significado da palavra hebraica traduzida por coração, refere-se a toda consciência de uma pessoa: entendimento, emoções, consciência e vontade – entretanto, a advertência é particularmente aplicada à nossa vida de pensamentos.

A tarefa de dominar pensamentos é árdua, mas importante. É a partir dos nossos pensamentos que nossas emoções e acções começam – então, é justamente lá que os desejos pecaminosos plantam suas raízes e nos seduzem ao pecado.

As nossas mentes são como estufas mentais onde pensamentos ilegítimos, uma vez plantados, são nutridos e remoídas antes de serem transformados em acções ilegítimas. Raramente nós caímos subitamente na imoralidade ou glutonaria. Estas acções são primeiramente saboreadas nas nossas mentes antes de serem satisfeitas na realidade.

Os portões dos nossos pensamentos são com certeza os nossos olhos e ouvidos. Acã viu a capa e o dinheiro, cobiçou e levou para si. (Josué 7.21)
O que nós vemos, lemos ou ouvimos normalmente determina o que pensamos. Memória também tem grande parte de responsabilidade pelos nossos pensamentos, mas ela só guarda e traz de volta aquilo que originalmente veio para as nossas mentes através dos olhos e ouvidos.

Então, guardar o nosso coração começa quando começamos a guardar os nossos olhos e ouvidos.

Isso quer dizer que nós não devemos permitir que a lascívia, o materialismo, a inveja, a ambição egoísta entrem em nossas mentes.

Então, devemos nos precaver contra programas de TV, filmes, revistas, artigos de jornais, propagandas e conversação que levantem estas coisas.


E nós devemos não apenas evitar estas coisas, mas como Paulo instrui a Timóteo: “Fuja destas coisas”.
Ninguém está isento da necessidade de exercitar domínio próprio.

Sem criar pânico, deveríamos evitar o máximo o contacto com coisas que vão destruir as muralhas de protecção da nossa mente - permitindo que não nos consigamos controlar.



(Salmos 139:2) - Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.
(Salmos 139:3) - Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.

De longe Deus percebe os nossos pensamentos e antes que a palavra chegue à nossa língua.

É muito interessante que nós permitimos em nossas mentes o que nós não permitimos em nossas acções, porque outras pessoas não podem ver os nossos pensamentos. Mas Deus os vê.

3) Controlando as Emoções (Refreando as emoções)

As emoções que devemos controlar são principalmente a raiva e fúria, os ressentimentos, a autocomiseração e a amargura.

Os sentimentos podem ser explosivos como um génio descontrolado; ou pode ser velado, como a autocomiseração – ambos desagradam a Deus e devem ser alvos do domínio próprio.

Segundo a Palavra, um génio explosivo é uma contradição na vida daqueles que estão procurando praticar a vida cristã de forma piedosa.

É um problema não apenas porque isso demonstra que a pessoa é desgovernada, mas principalmente porque em geral a situação acaba por ferir as pessoas que são os “recipientes” da explosão, quebrando o respeito, criando amargura e destruindo relacionamentos.

Fora que depois da crise da ira – vem um sentimento de vergonha – pois na maioria das vezes, uma pessoa descontrolada é no mínimo ridícula.

(Provérbios 16:32) - Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, e o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.

Se você tem lutado contra este sentimento que faz você explodir, tente identificar as coisas que o levam a perder o controlo – avalie com Deus estas coisas e submeta-se à Palavra de Deus, pagando o preço da construção de uma muralha que vai proteger você de cair.


Embora não tão prejudiciais aos outros, o ressentimento, a amargura e autocomiseração podem ser muito destrutivos para nós mesmos e para o nosso relacionamento com Deus.


O génio explosivo é de certa forma aliviado quando é derramado sobre os outros a raiva; enquanto esses outros sentimentos vão corroendo a pessoa por dentro como se fosse um câncer, desonrando a Deus e destruindo a saúde espiritual.

Devemos manter nossas emoções com rédea curta. Devemos trabalhar decididamente com elas quando elas surgem nos pensamentos e não dar corda a eles.

4) Construindo a muralha de protecção.

A ênfase na luta pelo domínio próprio poderia ser a palavra crescimento. E este é um processo que exige tempo, paciência, persistência, boa vontade – e compreensão de que todos estão no mesmo barco – a única coisa que difere é que uns lutam numa certa área outros lutam em outras – mas todos estão lutando.

Às vezes, somos tentados a julgar os outros por não se terem dominado numa área em que nós não temos problemas. Somos tolerantes connosco nas nossas lutas e intolerante com os outros nas lutas deles.

Temos que lembrar – todos estão a lutar e no processo de crescimento.

O que temos que construir é uma mente sólida para um julgamento sólido. E a palavra de Deus é essencial neste processo.

E é o que estamos a dizer desde o início deste estudo. A Palavra de Deus é fundamental para o crescimento, para a santidade e para a renovação espiritual.

Alguém disse “A palavra de Deus vai mantê-lo longe do pecado, ou o pecado vai mantê-lo longe da Palavra de Deus”.

Lembre-se: o domínio próprio é tomar a decisão de estabelecer limites baseados na Palavra.

Os conceitos da Palavra de Deus vão construir uma protecção que vai nos habilitar a dominar os ataques que querem nos levar a perder o domínio.

Ter domínio próprio é ser totalmente dominado por Deus, só podemos ser dominados por Deus se a Palavra dominar as nossas vidas.

(Salmos 119:11) - Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.

Não é mágica, é força interior gerada pelo Espírito de Deus, tendo com instrumento a própria palavra de Deus que é viva e eficaz.

Identifique alguns passos:

Construa uma mente sólida, calcada na Palavra vai ser o início do domínio próprio; Conhecer e obedecer a Deus através da Palavra vai construir a barreira que vai proporcionar o domínio próprio.

Não é apenas dizer não ao pecado. Devemos quebrar os velhos hábitos e pelo conhecimento e obediência à Palavra colocar hábitos sadios no lugar.

Uma mente segura/sólida vai nos possibilitar identificar as áreas que precisam ser trabalhadas, onde necessitamos ter domínio próprio.

(Provérbios 27:12) - O avisado vê o mal e esconde-se; mas os simples passam e sofrem a pena.
O prudente percebe o perigo e busca refúgio, mais uma vez - é na Palavra que vamos fazer o julgamento seguro.

Uma mente segura vai enfrentar de frente os desejos agradáveis que nos levam a perder o domínio e identificar que ser dominado por eles desagrada a Deus. (Identificar o problema).

Devemos perceber que a batalha a ser vencida na área do domínio próprio começa em nossas mentes; Devemos preencher as nossas mentes com a palavra de Deus, com louvor - e tirar aqueles pensamentos que só nos levam à derrota.

A oração é um grande aliado para que a muralha da força interior - que será construída pela palavra de Deus - seja uma muralha sólida.

O verdadeiro domínio próprio mantém a pessoa nos limites, mas nunca amarrada/presa, seu efeito é expandir e dar verdadeira liberdade.

Quem é dominado por Deus experimenta a liberdade verdadeira.

Conclusão:
Temos uma grande e difícil jornada e a caminhada será muito mais tranqüila se nós mesmos não formos os nossos problemas.
Vamos pedir a Deus a capacidade de sermos dominados completamente pelo Espírito Santo.

Só assim teremos domínio próprio.

José Carlos Costa, pastor

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