Etapa romântica.
O outro parece não ter defeitos, é idealizado e endeusado. Tudo é dez. Altas
são as expectativas. Exagera-se nas fantasias, sonhos, promessas. A relação é
simbiótica, isto é, de dependência e apego. Encantamento, paixão e prazer
perfazem a etapa romântica.
Etapa do conhecimento
mútuo. Começam a aparecer os defeitos, o cotidiano vira mesmice, chatice,
sem graça. Um ronca alto demais, o outro gasta muita pasta de dente, chega
atrasado etc. É a etapa do encontro com a realidade, o eu real. É preciso
casar-se com as debilidades do outro. Casar as almas, as consciências, os
projetos, as liberdades, as diferenças. Sem isso, um joga culpa no outro, um
engana o outro, aparecem as mentiras e a frustração. "Se se aproximam,
brigam. Se se afastam, morrem", como acontece com o porco-espinho do
Alasca.
Etapa da luta pelo
poder. Os sonhos acabam. As agressões e a indiferença ferem. Queixas,
ameaças e murmuração tornam-se companheiros de cada dia. O dinheiro, o sexo e
os filhos são usados para manipular o outro. É hora de buscar apoio, ajuda e
solução. Ninguém suporta um ambiente de competição e luta pelo poder. Nesta
hora, um encontro de casais, um retiro, uma volta para Deus pode ser o melhor
caminho. O padre, o psicólogo, o aconselhador, o médico, os amigos podem ser
bons anjos.
Etapa da desilusão.
O casal se isola, come sozinho, passeia sozinho, vai à igreja sozinho,
diverte-se sozinho. Começa o divórcio emocional, sexual e espiritual. Já está
presente a separação real, não ainda a legitimada pela lei. O vazio é
preenchido com ativismo, televisão, bar, jogos, igreja, álcool, amizades
erradas. Agora não há outra saída: romper ou crescer. É preciso decidir. A
solução tem quatro portas: o diálogo, o perdão, a ternura e a oração.
Etapa do crescimento.
Focaliza-se a renegociação. Os acordos são selados. As pessoas mudaram com o
sofrimento e amadureceram. Volta a auto-estima e começa a ajuda mútua. Os
compromissos são assumidos e há flexibilidade nas dificuldades. Amizade,
pequenos gestos, elogio, atitudes positivas salvam o casamento. O grande
remédio é a humildade. O amor se manifesta em sentimentos, atitudes e gestos.
Etapa da
estabilidade. Cresce a intimidade e vive-se o "reino do nosso":
nossos filhos, nossa casa, nossa fé, nossa família. As decisões são em
conjunto. Tudo é comunicado e partilhado. Aparecem novos interesses, novas
iniciativas e esperanças. A casa é uma comunidade de vida e de amor. As
amizades aumentam e ajudam o casal. "Agora, estamos casados de
verdade", afirmam os casais. A família torna-se santuário da vida,
laboratório de amor, escola de humanismo, igreja doméstica.
Etapa da generosidade.
O casal e a família se abrem para a ação, a doação de si, a generosidade em
servir e ajudar outros casais. Participam da comunidade, dispõem-se a colaborar
com a transformação da sociedade, vivem o altruísmo e o voluntariado. A suprema
satisfação consiste em ajudar os outros a serem felizes. Há serenidade diante
das dificuldades. A tolerância, a paciência e a compreensão preservam a paz
interior e a paz em casa. A consideração pelos outros, a sensibilidade pelos
irmãos, o sentimento de confiança mútua reforçam a felicidade do casamento. É
assim que a família é a esperança da sociedade e o futuro do mundo.
Dom Orlando Brandes, arcebispo de Londrina/PR
Nota: pela sua pertinência publicamos este post.
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