Texto: Romanos 3.23
INTRODUÇÃO
Como foi a origem do mal? Teólogos e filósofos são unânimes
em afirmar que esta é uma questão muito difícil de responder. A Bíblia não
relata a época em que o mal aconteceu, mas infere-se que foi antes da criação
do homem e mesmo antes da criação do universo material. Em João 8.44, Jesus
refere-se a Satanás (o diabo) como existindo desde “o princípio”, palavra grega
(archês) que significa uma existência anterior à criação (Jo 1.1). Em Judas 6,
o escritor refere-se a anjos que não guardaram o seu estado original, mas
abandonaram a sua própria habitação, o céu. Portanto, o pecado não foi uma
criação, mas teve a sua origem no coração de seres angelicais.
Se não sabemos como o mal se originou, não podemos contudo,
negar a sua existência. O mal existe dentro de nós e ao nosso redor. Todos
somos pecadores e praticamos o mal.
Este estudo tem como objetivo apresentar o ensino bíblico
sobre o pecado na vida do homem.
O QUE E O PECADO?
Os teólogos de Westminster respondem; “Pecado é qualquer
falta de conformidade com a lei de Deus ou qualquer transgressão dessa lei”. Na
minha opinião, este é o mais completo conceito de pecado pois se baseia no
vocabulário bíblico.
Todo pecado é uma iniquidade que significa “transgressão da
lei de Deus!” Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque
o pecado é a transgressão da lei( 1 Jo 3.4). Também toda iniquidade é pecado
que quer dizer “injustiça”. “Toda injustiça é pecado” (1 Jo 5.17). Portanto,
João nos ensina que tanto a transgressão quanto a não conformidade com a Lei de
Deus são pecados. O pecado é uma oposição a Deus.
Em Romanos 3.23 lemos: “…pois todos pecaram e carecem da
glória de Deus…”. Aparece a palavra “pecar” (hamartano) que significa “errar o
alvo” ou “fracassar”. Indica tanto a disposição para pecado como o próprio ato
de pecar.
Em Romanos 4.15, Paulo diz: “…porque a lei suscita a ira;
mas onde não há lei, também não há transgressão”. O termo “transgressão”
(parabasia) traz a ideia de “passar do limite”, “desviar-se”, “transgredir ou
violar”.
Em Efésios 1.7: “…no qual temos a redenção, pelo seu sangue,
a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça…”, aparece a palavra
“pecado” (parap-toma), com sentido de “ofensa” ou “passo em falso que induz à
queda”.
Conclui-se, pois, destas passagens, que o pecado é uma
exaltação da vontade humana em oposição à vontade de Deus. É uma forma
deliberada e ativa de viver em oposição ao Senhor e a sua Lei.
O PECADO ORIGINAL
Chama-se “pecado original” ou “primeiro pecado” aquela
atitude de nossos primeiro pais quando tiveram de escolher entre as
alternativas de obedecer a Deus e permanecer no estado de santidade em que
foram criados ou desobedecer a Deus, cedendo à tentação e perdendo a sua
natureza santa.
Berkhof define de forma tríplice “o pecado original”:
primeiro, porque é derivado da raiz original da raça humana; segundo, porque
está presente na vida de todo e qualquer indivíduo, desde a hora do seu
nascimento e, portanto, não pode ser considerado como resultado de imitação; e,
terceiro, porque é a raiz interna de todos os pecados concretizados que
corrompem a vida do homem.
A santidade original do homem não era imutável. O homem,
porém tinha o livre arbítrio de continuar ou não no seu estado de santidade.
Mas porque Deus permitiu que ele caísse? Nenhuma resposta nos convence
plenamente. O certo é que Deus colocara à prova o homem que Ele criou (Gn
2.8-17). O objetivo da prova era a transformação da santidade mutável do homem
em santidade imutável e permanente da natureza em caráter santo. Se o homem
tivesse resistido, suas virtudes teriam sido fortalecidas. Alguém já disse o
seguinte: No Éden o homem não podia pecar; depois da queda, o homem não pode
deixar de pecar; e após a ressurreição, o homem não poderá pecar jamais.
2.1. Os Passos da Tentação. Observando a narrativa bíblica
que descreve a tentação e o pecado original, Gênesis capítulo 3, detectamos os
seguintes passos da tentação. Satanás, utilizando toda a sua inteligência e
sagacidade, toma a iniciativa:
Falsificando a Palavra. Negou a bondade de Deus dizendo: “…É
assim que Deus disse: não comereis de toda a árvore do jardim?’ (3.1).
Adulterando a Ordem. Exagerou a severidade da ordem divina:
“Não comereis de toda…” (3.1).
Contradizendo a Deus. Negou a veracidade da palavra de Deus:
“…É certo que não morrereis” (3.4).
Inversão de Valores. Inverteu o valor do fruto proibido:
Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e,
como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal (3.5).
Inversão de Consequências. Inverteu as consequências da
desobediência: “certamente não morrereis”, “se vos abrirão os olhos” e “como
Deus sereis”.
2.2. As consequências do Pecado. As consequências do pecado,
de forma extensiva, alcançaram a serpente (maldição), a Satanás (destruição), a
mulher (sujeição e dores), ao homem (tristeza e trabalho árduo) e a terra
(maldição) – Gn 3.14-19.
Para o homem, a natureza dessas consequências são: a
depravação total, que consiste na corrupção de sua natureza moral, que o inclina
totalmente para o mal; a culpabilidade, que o torna merecedor do castigo
divino; a penalidade, que consiste no castigo que será aplicado por Deus. Essa
pena consiste em morte, perdição, castigo eterno e condenação (Rm 7.18,23; Ef
2.1; Rm 5.12).
Na minha visão, a mais nefasta consequência do pecado foi a
sua transmissão à toda a raça humana. O que a Bíblia ensina como a
“universalidade do pecado” – S1143.2; Rm 3.10,12-23; 1 Jo 1.8.
CONCLUSÃO
O pecado é um dos fenómenos mais comuns da vida humana e faz
parte da experiência comum da humanidade. Todos os homens são pecadores. Não há
um justo sequer. O pecado é uma disposição interior para o mal, é uma oposição
voluntária do homem para com Deus.
José Carlos Costa, Pastor
Sem comentários:
Enviar um comentário