“…para
tal tempo como este…” (Ester 4:14)
A história de Ester é
mais frequentemente contada na escola sabatina das crianças do que apresentada
como o centro de um Sermão para Adultos. No entanto esta parece ser uma
história particularmente importante para a reflexão num sábado que calha
exactamente no Dia Mundial da Luta Contra a SIDA, e em que a ADRA em todo o
Mundo pediu às igrejas Adventistas que falassem sobre este tema.
Esta história é
importante para nós como adultos seguidores de Jesus Cristo na primeira década
do Século XXI, e em especial para os Jovens Adultos e Adolescentes. Ester é a
história de uma jovem crente num ambiente muito mundano e que é apanhada no
meio de uma luta de vida-ou-morte, e porque ela se envolveu como líder, salvou
as vidas de um largo número de pessoas. Estaremos nós, como igreja, produzindo
homens e mulheres capazes de fazer o mesmo hoje?
A história de Ester contém
muitos aspectos contemporâneos. Por exemplo, descreve um dos primeiros
programas governamentais contra os Judeus. Mas no entanto eu gostaria que nos focássemos
na escolha moral que Ester teve que fazer porque esta tem um enorme paralelismo
com a escolha moral que cada um de nós tem que fazer sobre uma ameaça mortal
que diz respeito a todos neste mundo – pessoas de todos os grupos etnicos, e
religiões, e classes sociais – a pandemia da SIDA.
Alguns de vós podem estar
a pensar neste momento: Eu não vim há
igreja para ouvir falar sobre isto. Isso está na notícia, TV, Radio o tempo
inteiro. Já estou a ficar farto de ouvir falar sobre este assunto.
Eu estou também farto
deste assunto. Mas o que me faz ficar farto, é o facto de muito provavélmente
entre nós estarem sentadas pessoas que estão a viver este drama nas suas vidas
pessoais, familiares ou de relacionamento. Posso também ficar farto de como
muitas vezes podemos focar a nossa vida Cristã em certas coisas mas ignorar a
miséria de millhões de pessoas que estão a passar pelo drama da SIDA, pessoas
pelas quais Jesus também morreu. Olhemos para o exemplo de Jesus, Ele passou
uma grande parte do seu tempo cuidando e mudando os preconceitos existentes
sobre os leprosos no seu tempo, apesar de eles também serem uma minoria
desprezada, posta de lado.
Se não falarmos sobre
HIV-SIDA, estaremos contribuido para o problema. Temos que falar sobre isso na
igreja para sermos verdadeiros seguidores do exemplo de Cristo.
A História
Ester tornou-se a rainha
do mais poderoso império do mundo daquele tempo – o Império Medo-Persa. A sua
ideade não está na Bíblia, mas a história e a arqueologia indicam que ela era
provávelmente uma adolescente quando se encontrou no meio de importantes
eventos públicos. Tanto ela como o seu tio deveriam ter uma forte confiança em
Deus para a deixar participar, pois esses eventos deveriam ter muito pouco a
ver com o ambiente religioso a que ela estava habituada ou que eles gostariam
que ela participasse.
A rainha anterior, Vasti,
foi deposta porque tomou uma decisão moral. O imperador tinha ordenado que ela,
Vasti, aparecesse em frente de um grupo de politicos corruptos e bebados, para
que eles pudessem apreciar a beleza legendária da Rainha. Ela recusou. Os líderes
do império pensaram que esta desobediência da Rainha poria a ordem social em
perigo, pois naquele tempo os homens mandavam na vida das suas mulheres e
filhas com autoridade total. Eles aconselharam o imperador para que ele a
banisse, e ele assim fez. (Ester 1)
Para encontrar uma nova
rainha, os conselheiros do imperador organizaram um grande concurso de beleza.
Um grande número de jovens mulheres solteiras foram trazidas para o harém do
imperador, e ele tomou o tempo de examinar cada uma das mulheres e de escolher
a que mais lhe agradava. O processo inteiro durou mais do que um ano. Agora
deixem-me parar um pouco e perguntar aos pais de meninas de 16 anos na
congegação, se eles autorizariam as suas filhas a participar nisto? Nós não
temos nenhuma indicação na história que Ester ou o seu tio tenham resistido.
(Ester 2:1-18)
Então tudo isto levou
Ester a tornar-se a mulher mais famosa do mundo daquele tempo, o centro da
sociedade, a rainha do mais poderoso império do mundo. Isto teria sido uma
história de conto de fadas se terminasse já aqui, mas nós estamos ainda apenas
no inicio da história. Ainda temos que ir para a parte mais importante.
Ester não vinha de uma
das classes mais baixas da sociedade. O seu tio era um oficial do governo e um
membro do pessoal do imperador. Os arqueólogos encontraram o seu nome listado
num documento – essencialmente era uma lista dos assalariados da casa do
imperador. Na realidade, existem todas as indicações que nos permitem assegurar
que Ester era uma jovem mulher, inteligente, educada, e com sabedoria.
Não sabemos exactamente
quanto tempo ela pôde desfrutar do seu novo poder e fama, mas logo os problemas
chegaram. O seu tio Mordoqueu veio dizer a Ester que o imperador fora levado a
assinar um decreto autorizando a chacina de toda a sua raça. Todo homem,
mulher, e criança Judeia deveria ser morto num determinado dia. A propria
Rainha corria o risco de ser executada (Ester 3 e 4).
Escolhas Morais
O decreto de morte forçou Ester a fazer algumas
escolhas morais
A primeira escolha que
ela teve que fazer foi a de saber se ela se ia ou não identificar com o povo
que estava marcado para morrer. Ela poderia ter tomado a posição de dizer que
ela era agora a Rainha dos Medo-persos e que por isso tinha perdido a
identidade de judia e tomado uma nova. Ela estaria a salvo enquanto continuasse
a agradar o imperador e permanecesse no harém. Parece mesmo que o imperador não
pensava nela como uma judia e não a tinha relacionado com Mordoqueu. Ela
poderia ter facilmente passado por uma “gentia” e ter virado as suas costas ao
seu povo.
A segunda escolha era a
de se sim ou não ela se deveria por em risco por agir em favor dos que estavam marcados
para morrer. Ela era uma esposa leal ao seu marido. Ele tinha assinado uma lei.
Se ela se opusesse a esta lei ela tornar-se-ia traidora da pátria, desleal ao
seu marido, e em rebelião com a autoridade legal. Lembrem-se que ela estava a
lidar com um imperador que tinha deposto a anterior rainha unicamente porque
ela não tinha querido entrar dentro de uma sala cheia de políticos bêbados e
soldados, certamente o acto de Ester seria visto como muito mais sério. Isto
levaria provavelmente a fortalecer o caso do político que queria a exterminação
dos judeus. Ele poderia dizer que a própria rainha estava em rebelião.
Ester era humana. Ela
hesitou. Sem dúvida, ela sentiu que era demasiado nova, não estando preparada
para lidar com uma tão complicada e perigosa situação política. Ela voltou-se
para Deus em jejum e oração. (Ester 4:16).
Vamos ler estes versos da
Bíblia – Ester 4:14-16
Esta jovem mulher não só
era muito bonita, mas também era muito corajosa. Ela tinha também um instinto
político apurado e um conhecimento exaustivo dos procedimentos do palácio. Ela
conseguiu mudar a direcção da história, salvando as vidas de milhares de
pessoas.
Estaremos nós como igreja produzindo jovens hoje
com o mesmo tipo de coragem moral e capacidade de liderança?
Milhões de pessoas no
mundo de hoje estão afectadas ou morrendo de HIV e SIDA. Alguns grupos de
pessoas são mais vulneráveis de morrer em largos números. Será que existem
adventistas prontos a liderar “num tempo como este” tomando passos para fazerem
as coisas mudarem de direcção?
Temos Escolhas Morais para fazer:
- Será que nos vamos identificar com os que estão doentes e a morrer ou
será que vamos decidir que eles não são o nosso tipo de pessoa?
- Será que tomaremos o risco de fazer algo, ou será que vamos decidir
que esta não é a nossa missão?
Os líderes da Igreja
Adventista mundial lançaram um chamado à compaixão e pediram a
Adventista-do-sétimo-dia de todo o mundo para que se envolvessem. A ADRA tem
projectos em muitos países trabalhando para prevenir as infecções pelo HIV e
tratar os que já estão a viver com SIDA. Muitos adventistas já tomaram um papel
de liderança nesta luta (ver o What your Church can do e o What you can do).
A Igreja Adventista chega
a este momento da história com uma oportunidade especial. Nós somos um povo com
uma mensagem única sobre saúde. Nós somos um povo com uma presença
internacional muito importante e com um grande número de membros em Países em
que o HIV-SIDA é muito prevalente. Nós como Igreja mundial temos hospitais,
clínicas, e programas de saúde em todo o globo.
Apelo Final
Que escolha morais vamos
nós fazer? Que escolhas morais faremos como congregação? O que concluirá a
nossa juventude olhando para os líderes desta igreja “para tal tempo
como este” – o tempo da pandemia do
HIV e SIDA? Será que as nossas acções estão a mostrar um retrato fiel da SUA
compaixão, o SEU perdão e misericórdia? Ou estaram as nossas vidas contando
histórias sobre negligencia e medo, histórias de olhar para o lado e falhar em
agir?
(Voltar a mencionar
ideias de como podem intervir como Igreja)
Nós contamos a história
da rainha Ester aos nossos filhos. Antes de eles serem capazes de ler, muitos
deles até já memorizaram a frase “para tal tempo
como este”. Num momento em que eles
crescem e se tornam jovens adultos, o que será que eles vêm em nós? Que
histórias lhes estamos a contar com o nosso dia-a-dia? Quero convidar esta
manha esta Igreja a aceitar tornar-se uma força de liderança sobre este assunto
sendo um exemplo na nossa sociedade.
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