domingo, 10 de agosto de 2014

PARA TAL TEMPO COMO ESTE

 “…para tal tempo como este…” (Ester 4:14)
A história de Ester é mais frequentemente contada na escola sabatina das crianças do que apresentada como o centro de um Sermão para Adultos. No entanto esta parece ser uma história particularmente importante para a reflexão num sábado que calha exactamente no Dia Mundial da Luta Contra a SIDA, e em que a ADRA em todo o Mundo pediu às igrejas Adventistas que falassem sobre este tema.
Esta história é importante para nós como adultos seguidores de Jesus Cristo na primeira década do Século XXI, e em especial para os Jovens Adultos e Adolescentes. Ester é a história de uma jovem crente num ambiente muito mundano e que é apanhada no meio de uma luta de vida-ou-morte, e porque ela se envolveu como líder, salvou as vidas de um largo número de pessoas. Estaremos nós, como igreja, produzindo homens e mulheres capazes de fazer o mesmo hoje?
A história de Ester contém muitos aspectos contemporâneos. Por exemplo, descreve um dos primeiros programas governamentais contra os Judeus. Mas no entanto eu gostaria que nos focássemos na escolha moral que Ester teve que fazer porque esta tem um enorme paralelismo com a escolha moral que cada um de nós tem que fazer sobre uma ameaça mortal que diz respeito a todos neste mundo – pessoas de todos os grupos etnicos, e religiões, e classes sociais – a pandemia da SIDA.
Alguns de vós podem estar a pensar neste momento: Eu não vim há igreja para ouvir falar sobre isto. Isso está na notícia, TV, Radio o tempo inteiro. Já estou a ficar farto de ouvir falar sobre este assunto.
Eu estou também farto deste assunto. Mas o que me faz ficar farto, é o facto de muito provavélmente entre nós estarem sentadas pessoas que estão a viver este drama nas suas vidas pessoais, familiares ou de relacionamento. Posso também ficar farto de como muitas vezes podemos focar a nossa vida Cristã em certas coisas mas ignorar a miséria de millhões de pessoas que estão a passar pelo drama da SIDA, pessoas pelas quais Jesus também morreu. Olhemos para o exemplo de Jesus, Ele passou uma grande parte do seu tempo cuidando e mudando os preconceitos existentes sobre os leprosos no seu tempo, apesar de eles também serem uma minoria desprezada, posta de lado.
Se não falarmos sobre HIV-SIDA, estaremos contribuido para o problema. Temos que falar sobre isso na igreja para sermos verdadeiros seguidores do exemplo de Cristo.
A História
Ester tornou-se a rainha do mais poderoso império do mundo daquele tempo – o Império Medo-Persa. A sua ideade não está na Bíblia, mas a história e a arqueologia indicam que ela era provávelmente uma adolescente quando se encontrou no meio de importantes eventos públicos. Tanto ela como o seu tio deveriam ter uma forte confiança em Deus para a deixar participar, pois esses eventos deveriam ter muito pouco a ver com o ambiente religioso a que ela estava habituada ou que eles gostariam que ela participasse.
A rainha anterior, Vasti, foi deposta porque tomou uma decisão moral. O imperador tinha ordenado que ela, Vasti, aparecesse em frente de um grupo de politicos corruptos e bebados, para que eles pudessem apreciar a beleza legendária da Rainha. Ela recusou. Os líderes do império pensaram que esta desobediência da Rainha poria a ordem social em perigo, pois naquele tempo os homens mandavam na vida das suas mulheres e filhas com autoridade total. Eles aconselharam o imperador para que ele a banisse, e ele assim fez. (Ester 1)
Para encontrar uma nova rainha, os conselheiros do imperador organizaram um grande concurso de beleza. Um grande número de jovens mulheres solteiras foram trazidas para o harém do imperador, e ele tomou o tempo de examinar cada uma das mulheres e de escolher a que mais lhe agradava. O processo inteiro durou mais do que um ano. Agora deixem-me parar um pouco e perguntar aos pais de meninas de 16 anos na congegação, se eles autorizariam as suas filhas a participar nisto? Nós não temos nenhuma indicação na história que Ester ou o seu tio tenham resistido. (Ester 2:1-18)
Então tudo isto levou Ester a tornar-se a mulher mais famosa do mundo daquele tempo, o centro da sociedade, a rainha do mais poderoso império do mundo. Isto teria sido uma história de conto de fadas se terminasse já aqui, mas nós estamos ainda apenas no inicio da história. Ainda temos que ir para a parte mais importante.
Ester não vinha de uma das classes mais baixas da sociedade. O seu tio era um oficial do governo e um membro do pessoal do imperador. Os arqueólogos encontraram o seu nome listado num documento – essencialmente era uma lista dos assalariados da casa do imperador. Na realidade, existem todas as indicações que nos permitem assegurar que Ester era uma jovem mulher, inteligente, educada, e com sabedoria.
Não sabemos exactamente quanto tempo ela pôde desfrutar do seu novo poder e fama, mas logo os problemas chegaram. O seu tio Mordoqueu veio dizer a Ester que o imperador fora levado a assinar um decreto autorizando a chacina de toda a sua raça. Todo homem, mulher, e criança Judeia deveria ser morto num determinado dia. A propria Rainha corria o risco de ser executada (Ester 3 e 4).
Escolhas Morais
O decreto de morte forçou Ester a fazer algumas escolhas morais
A primeira escolha que ela teve que fazer foi a de saber se ela se ia ou não identificar com o povo que estava marcado para morrer. Ela poderia ter tomado a posição de dizer que ela era agora a Rainha dos Medo-persos e que por isso tinha perdido a identidade de judia e tomado uma nova. Ela estaria a salvo enquanto continuasse a agradar o imperador e permanecesse no harém. Parece mesmo que o imperador não pensava nela como uma judia e não a tinha relacionado com Mordoqueu. Ela poderia ter facilmente passado por uma “gentia” e ter virado as suas costas ao seu povo.
A segunda escolha era a de se sim ou não ela se deveria por em risco por agir em favor dos que estavam marcados para morrer. Ela era uma esposa leal ao seu marido. Ele tinha assinado uma lei. Se ela se opusesse a esta lei ela tornar-se-ia traidora da pátria, desleal ao seu marido, e em rebelião com a autoridade legal. Lembrem-se que ela estava a lidar com um imperador que tinha deposto a anterior rainha unicamente porque ela não tinha querido entrar dentro de uma sala cheia de políticos bêbados e soldados, certamente o acto de Ester seria visto como muito mais sério. Isto levaria provavelmente a fortalecer o caso do político que queria a exterminação dos judeus. Ele poderia dizer que a própria rainha estava em rebelião.
Ester era humana. Ela hesitou. Sem dúvida, ela sentiu que era demasiado nova, não estando preparada para lidar com uma tão complicada e perigosa situação política. Ela voltou-se para Deus em jejum e oração. (Ester 4:16).
Vamos ler estes versos da Bíblia – Ester 4:14-16
Esta jovem mulher não só era muito bonita, mas também era muito corajosa. Ela tinha também um instinto político apurado e um conhecimento exaustivo dos procedimentos do palácio. Ela conseguiu mudar a direcção da história, salvando as vidas de milhares de pessoas.
Estaremos nós como igreja produzindo jovens hoje com o mesmo tipo de coragem moral e capacidade de liderança?
Milhões de pessoas no mundo de hoje estão afectadas ou morrendo de HIV e SIDA. Alguns grupos de pessoas são mais vulneráveis de morrer em largos números. Será que existem adventistas prontos a liderar “num tempo como este” tomando passos para fazerem as coisas mudarem de direcção?
Temos Escolhas Morais para fazer:
  1. Será que nos vamos identificar com os que estão doentes e a morrer ou será que vamos decidir que eles não são o nosso tipo de pessoa?
  2. Será que tomaremos o risco de fazer algo, ou será que vamos decidir que esta não é a nossa missão?
Os líderes da Igreja Adventista mundial lançaram um chamado à compaixão e pediram a Adventista-do-sétimo-dia de todo o mundo para que se envolvessem. A ADRA tem projectos em muitos países trabalhando para prevenir as infecções pelo HIV e tratar os que já estão a viver com SIDA. Muitos adventistas já tomaram um papel de liderança nesta luta (ver o What your Church can do e o What you can do).
A Igreja Adventista chega a este momento da história com uma oportunidade especial. Nós somos um povo com uma mensagem única sobre saúde. Nós somos um povo com uma presença internacional muito importante e com um grande número de membros em Países em que o HIV-SIDA é muito prevalente. Nós como Igreja mundial temos hospitais, clínicas, e programas de saúde em todo o globo.
Apelo Final
Que escolha morais vamos nós fazer? Que escolhas morais faremos como congregação? O que concluirá a nossa juventude olhando para os líderes desta igreja  “para tal tempo como este” – o tempo da pandemia do HIV e SIDA? Será que as nossas acções estão a mostrar um retrato fiel da SUA compaixão, o SEU perdão e misericórdia? Ou estaram as nossas vidas contando histórias sobre negligencia e medo, histórias de olhar para o lado e falhar em agir?
(Voltar a mencionar ideias de como podem intervir como Igreja)

Nós contamos a história da rainha Ester aos nossos filhos. Antes de eles serem capazes de ler, muitos deles até já memorizaram a frase “para tal tempo como este”. Num momento em que eles crescem e se tornam jovens adultos, o que será que eles vêm em nós? Que histórias lhes estamos a contar com o nosso dia-a-dia? Quero convidar esta manha esta Igreja a aceitar tornar-se uma força de liderança sobre este assunto sendo um exemplo na nossa sociedade. 

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