Fala-se muito em “santificação”, “ser santo”,
“santificar-se”.
Mas, qual o significado bíblico de Santificação?
Vejamos o que a Palavra de Deus fala sobre este tema;
afinal, os Adventistas crêem no princípio evangélico da Sola Scriptura,
defendido por Lutero, o qual determina que a Bíblia deve ser sua própria e
exclusiva intérprete.
1. Alguém ou algo separado por Deus para uso ou serviço
a) Pessoas
“Vós Me sereis de sacerdotes e nação santa. São estas as
palavras que falarás aos filhos de Israel” – Êxodo 19:6.
“Disse o Senhor a Moisés: Consagra-Me todo primogénito; todo
aquele que abre a madre de sua mãe entre os filhos de Israel” – Êxodo 13:1, 2.
b) Tempo – sábado
“Lembra-te do dia de sábado, para santificar. Seis dias
trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu
Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o
teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas
para dentro; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o
que neles há, e ao sétimo dia descansou: por isso o Senhor abençoou o dia de
sábado e o santificou” – Êxodo 20:8-11.
c) Dízimos – Bens e Rendas
“Também todas as dízimas da terra, tanto do grão do campo,
como do fruto das árvores, são do Senhor: santas são ao Senhor… No tocante às
dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que passa debaixo da vara do pastor, o
dízimo será santo ao Senhor” – Levítico 27:30, 32.
d) Animais
“Consagra-Me todo primogénito; todo que abre a madre de sua
mãe entre os filhos de Israel, assim de homens como de animais” – Êxodo 13:2.
Santificação não é sinónimo de conduta. Ser “santo” não
significa ser “inerentemente bom”, ou que “não se peca mais”.
“Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da
esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra
sorte os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos” – 1Coríntios
7:14.
O esposo (ou a esposa) incrédulo é santificado pelo
relacionamento com o cônjuge crente. Neste sentido, a ideia básica de santo é a
de “separado”.
Em Romanos 1:7 e Filipenses 1:1, Paulo chama os membros da igreja
“santos”. Eles eram santos porque foram chamados por Deus e estavam em Cristo.
2. Santificação como
um fato consumado
“Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a
oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas… De quanto mais severo
castigo julgais vos será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de
Deus e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o
Espírito da graça?” – Hebreus 10:10, 29.
Não existe uma santificação parcial. Ela é completa (cf
1Cor. 1:2).
O desenvolvimento do cristão não é para a santificação, mas
na santificação. A contração “na” dá ideia de completo, mas também de
desenvolvimento.
“…nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes,
nem roubadores herdarão o Reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos
lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados, no nome do Senhor
Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus” – 1Cor. 6:10, 11.
Conforme já sabemos, santificação envolve comunhão e
conduta. Assim, podemos afirmar que, em termos de relacionamento (comunhão), o
crente está completo, mas em termos de conduta está incompleto.
3. Santificação como
processo progressivo, em desenvolvimento
“Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade” – João
17:17.
Crescer na santificação não é ter hoje dez hábitos maus e
amanhã apenas nove hábitos maus. O crescimento não é visto em ter menos, em
diminuir atos, mas em “santidade”.
“Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de
toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade
o temor de Deus” – 2Cor. 7:1.
A tensão entre o real e o ideal na santificação
“Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai
celeste” – Mateus 5:48.
Esse verso tem sido muito mal utilizado por aqueles que
acreditam, equivocadamente, que o crente precisa ser “perfeito”, no mais amplo
sentido desta palavra.
O contexto do verso 48 são os versos 43 a 47. A exortação
que Jesus nos faz quanto a sermos “santos” (ou “perfeitos”) como Deus, está
relacionada com o amor que devemos ter para com o próximo, inclusive os
inimigos. Deus ama a todos os Seus filhos… todos! (cf Rom. 4:5; 5:8).
Vejamos o que o Espírito de Profecia diz sobre esta
situação:
“Como Deus é santo na Sua esfera, assim deve o homem caído,
mediante fé em Cristo, ser santo na sua” – Atos dos Apóstolos, pág. 559.
Para resolver a tensão entre o real e o ideal, Ellen White
apresenta a perfeição relativa na esfera pessoal. Como exemplo, podemos
mencionar a semente. Ela é perfeita em cada fase do seu desenvolvimento:
Semente – broto – ramos – flores – fruto
Conclusão:
Como cristãos, temos um ideal a alcançar, mas este só será
atingido quando Cristo voltar. Contudo, não é preciso vivermos em estado de
tensão e angústia no presente, pois somos perfeitos em cada passo do nosso
viver com Cristo, pois é NELE que Deus procura a nossa perfeição.
E como eu posso verificar se estou “crescendo” no processo
de santificação?
“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio…”
(Gál. 5:22-23).
O perfeccionismo não existe nesta vida. Por isso, a salvação
JAMAIS foi ou será pelas nossas “boas” obras. Somente através de Jesus, e n´Ele
só, é que alcançamos a justificação (passado), a santificação (presente) e a
glorificação (futuro).
Adaptado da apostila de Soterologia (SALT-IAENE)
Pr. Gilson Medeiros
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