Introdução:
Esta parábola está inserida dentro de duas outras também
conhecidas: a da ovelha perdida e a do filho pródigo.
Eram 100 ovelhas e uma se desgarra do rebanho e se perde. O
pastor não se apercebe imediatamente, mas ao contá-las e notando a falta volta
pelo caminho em busca da que se extraviou. O filho pródigo não foi perdido, mas
se perdeu por não ter a noção exata da força do pecado.
Ler o texto: “…Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se
perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência
até a achar? E achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos
comigo, porque já achei a dracma perdida. Assim vos digo que há alegria diante
dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.” (Lucas15:8-10)
Que moeda era essa?
Possuía algum valor?
A dracma era a moeda grega, e também utilizada como medida
de peso. O seu valor era o de um oitavo de uma onça de ouro, ou três gramas e
quinhentos e oitenta e seis miligramas.
Dracma é o nome da moeda na Grécia (agora usa-se o Euro)
Era uma moeda de prata. Semelhante a moeda de prata dada
pelo bom samaritano ao hospedeiro para tomar conta do que havia sido ferido
(ele deu duas) e as trinta moedas pagas a Judas para trair Jesus.
Notemos os detalhes
da parábola:
1. Diferentemente das outras perdas, esta moeda foi perdida.
Estava na posse da mulher e foi perdida dentro da própria casa, ou seja: estava
na casa, mas estava perdida.
2. A mulher possuía 10 moedas e perdeu apenas uma, retendo
ainda nove.
3. A mulher deu falta da moeda.
4. Ao dar pela falta, imediatamente colocou em ação um plano
para encontrar a moeda:
• Acende a candeia – Iluminar todos os aposentos e ter a luz
perto dos olhos para ver bem.
• Varre a casa – Imagino que depois de procurar, ela percebe
que somente varrendo cada canto da casa será possível achar essa moeda.
Vasculhar em todos os lugares.
• Busca com diligência até a achar – Buscar diligentemente é
usado mais uma vez no NT. Em Mt 2.8 quando os magos são instruídos por Herodes
para buscar diligentemente o menino, pois também ele queria adorá-lo (averiguar
com exatidão).
5. Quando encontra a moeda ela faz isso notório:
• Convoca as amigas e vizinhas,
• Compartilha o seu contentamento, dizendo: Alegrai-vos
comigo, porque já achei a dracma perdida.
* Alegrar é a mesma expressão usada pelo pastor no verso
seis. A expressão correta aqui é regozijar.
* Na volta do filho pródigo usa-se duas expressões: celebrar conf. vs 23, 24, 29, 32 e
também é usada em 1Co 5.8; e alegrar.
Aplicações para a nossa
realidade:
O que representa a dracma? Vi de tudo nas pregações
disponíveis na Internet. Geralmente se faz alegorias. Assim, a moeda representa
a perda da verdade, dignidade, amor, oração, jejum, evangelismo e prazer
espiritual e muitas outras coisas.
Como podemos então aplicar essa parábola? Creio que
precisamos olhar dentro do contexto das três parábolas.
1. Tudo o que se
perdeu era coisa semelhante. Não creio que as parábolas representem os
perdidos que estão no mundo.
• A ovelha perdeu-se das outras ovelhas
• O filho abandonou o seu pai e irmão
• A moeda foi perdida das outras moedas
2. O lugar de onde
foi perdido ou desgarrado representa um lugar seguro. No caso das ovelhas é
um aprisco construído no deserto e no caso do filho é a casa do pai. Em relação
à moeda, ela foi perdida de sua proprietária. Se usarmos a parábola da ovelha e
a do filho pródigo simbolizando a igreja (ou o céu), porque não também em
relação à moeda?
3. Há muitos tipos de
perdas representados aqui:
• Perde-se no caminho ou a caminho atraído por outras luzes
coloridas que exercem grande atração sobre os cristãos;
• Perde-se por causa da insatisfação e da curiosidade em
saber o que está do outro lado da porta;
• Perde-se em decorrência da falta de uso. Um talento que se
perde porque não foi colocado para trabalhar e gerar mais benefícios.
4. O nosso tema é a perda da moeda.
• Perdeu-se dentro da própria igreja (lugar seguro)
• Perdeu-se por inércia, por morosidade
• Perdeu-se por causa de algum pecado
• Perdeu-se por falta de compreensão do seu valor e do que
representa para a comunidade
• Perdeu-se por não compreender seu papel na missão de Deus
5. As igrejas estão repletas de pessoas perdidas (não no
sentido de não-salvas). São nossos irmãos e irmãs cujas vidas cristãs não foram
desenvolvidas e cujos talentos foram enferrujados.
A grande lição da parábola, qual é?
1. Toda seja o mesmo de Cristo: buscar o perdido e se
alegrar com seu retorno. A perda deveria produzir algum tipo de dor. A ausência
e a desvalorização do outro devem causar em nós estranheza. O outro quando não
está com os outros deveria ser notado.
2. O nosso olhar comunitário deve ser igual ao da mulher.
Alguém não está aqui.
3. A nossa ação comunitária deve também ser a mesma. Fazer
todos os esforços para encontrar o perdido. Segundo o Ap. Paulo quem busca os
perdidos são os espirituais (Gl 6). Obs. Na igreja temos somente dois tipos de
pessoas: os espirituais e os perdidos.
Não podemos duvidar da possibilidade do retorno do perdido.
O comentário que originou as três parábolas foi este: “[Jesus] recebe pecadores
e come com eles”.
Esta a missão de Cristo e este é o gatilho que dispara os
fogos de artifícios para dar inicio à festa. Nas três parábolas houve festa.
Infelizmente para os publicanos evangélicos essas parábolas são boas novas para
os perdidos. Elas avisam que a misericórdia de Deus ainda está viva e ativa.
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