PRECE: Senhor Deus, nós vimos a Ti! Nosso compassivo
Redentor; e rogamos-Te, por amor de Cristo, por amor do Teu próprio Filho.
Nosso Pai, que manifestes o Teu poder entre os que se achegam a Ti. Precisamos
de sabedoria; precisamos da verdade; precisamos que o Espírito Santo esteja
connosco, esta noite e sempre. Por Jesus. Amém!
O Alasca foi conhecido como o lugar onde a Natureza reina
soberana em todo o seu esplendor. Terra das grandes montanhas, lugar onde se
abrigam grandes manadas de ursos polares e das alegres lontras do mar.
Recentemente as águas límpidas de um dos estreitos do Alasca
tornaram-se negras e tóxicas. Aconteceu um derrame de gasóleo de proporções
desastrosas. E o mais chocante de tudo, na superfície escura e brilhante das
águas poluídas, podia ver-se espelhado o próprio rosto.
O grande petroleiro Exxon Valdez deixou o porto e dirigia-se
para o Oceano. Transportava um milhão e duzentos mil barris de petróleo.
Era uma noite calma e clara. Havia apenas alguns pequenos
icebergs à vista. O canal de navegação tem 15 quilómetros de largura. Um
oficial da guarda costeira disse, "os meus filhos poderiam comandar um
petroleiro neste canal".
Inexplicavelmente o Exxon Valdez afastou-se demasiado do
leito do canal. O navio de 300 metros de comprido chocou contra as rochas
submersas e, quatro rombos abriram o casco do navio, o petróleo começou a sair
a uma média de 60 mil litros por hora. A mancha de óleo de 12 quilómetros de
comprimento por 6 de largura cobriu a água, milhares de animais e aves marinhos
morreram.
A mancha espalhou-se em direcção aos terrenos de desova dos
arenques e dos salmões, ameaçando uma das mais ricas regiões de pesca da
América do Norte. O óleo era tão espesso, que não conseguia evaporar-se e
começou a dissolver-se na água. Isso libertou produtos tóxicos na cadeia
alimentar, contaminando tudo, do plâncton às baleias.
Os esforços para conter esse desastre ecológico foram
inadequados. Os grupos de trabalho estavam desorganizados. Não havia equipamento
suficiente para armazenar o óleo que começou a derramar-se no litoral. A vida
no estreito foi lentamente sufocada.
O Éden do Alasca como era conhecido, foi devastado. As
perguntas mais frequentes quando isto aconteceu e que vinha nos jornais e
telejornais eram: “Será que aprendemos o suficiente com estes desastres que
consecutivamente acontecem? Derrame de óleos e gasóleo continuarão a destruir
um planeta já tão fragilizado pela poluição?”
Esta noite, gostaria de colocar outra questão, diferente da
dos jornalistas: Será que temos alguma responsabilidade na poluição deste
mundo?
Antes de responder, vou fazer-vos um convite: Através da
nossa imaginação vou convidar-vos a viajar comigo ao Éden original. Aquele
jardim que Deus criou para Adão e Eva, um lugar de beleza intacta e de harmonia.
Deus disse aos nossos primeiros pais que eles poderiam comer de qualquer árvore
do jardim, mas avisou-os para se afastarem de uma determinada árvore: comer do
seu fruto seria catastrófico. A poluição do pecado cobriria todo o jardim e
consequentemente a morte atingiria todas as formas de vida do jardim!
Na verdade Adão e Eva tinham um canal larguíssimo para
conduzir a sua embarcação. O canal era largo e os recifes perfeitamente evitáveis.
Eles não estavam ameaçados por perigos que não pudessem evitar! Porém, alguma
coisa saiu tremendamente errada. Aquele pormenor que chamamos "erro
humano" aconteceu. Eva saiu da rota. Adão não estava presente para a
ajudar e ambos colidiram com aquela árvore fatídica.
Deixou-se encantar pelo fruto proibido, aparentemente
inofensivo mas que resultou em calamidade que rapidamente se espalhou pelo
jardim e por todo o planeta. O egoísmo e o afastamento de Deus atingiram toda a
raça humana. O pecado original penetrou a história do homem, como uma enorme
mancha de óleo que sufoca toda a vida física, moral e espiritual da Terra.
O apóstolo Paulo fala sobre esta calamidade, descreve-a
assim: "Como por um homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte,
assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram...” Romanos
5:12
Muitas pessoas têm dificuldade em compreender esta ideia do
pecado original. Aceitam que a separação de Deus é um grande desastre, mas
interrogam-se: qual é a nossa responsabilidade por uma coisa que Adão fez? Por
que razão temos que ser condenados por um erro que aconteceu milénios antes do
nosso nascimento? Para muitas pessoas isto não parece justo!
Quando vemos as imagens na televisão, do gasóleo que é
lançado no mar, de barcos que naufragam e largam milhares de toneladas de
gasóleo no mar, e vemos aqueles animais e aves marinhos a morrer sufocados por
aquela capa de óleo, ficamos revoltados. Como pode ter acontecido tal desastre?
Parece indesculpável, e concordamos que muitas pessoas são culpadas:
Os donos das refinarias, o comandante do barco, os armadores que não fazem uma
manutenção cuidada. Os oficiais da guarda Costeira. Alguém ou várias pessoas,
sem dúvida, cometeram tremendos erros, mas uma coisa que a maioria se esquece é
de perguntar: E nós, temos nós alguma responsabilidade nisso?
Muitas pessoas que me estão a ouvir, pensam: Quem não tem
culpa sou eu! É verdade, não éramos nós que comandávamos o navio, não somos
donos das refinarias, nem donos do navio.
Têm razão! Mas todos nós fazemos parte daquela multidão de pessoas
que andam com carros na rua e exigimos a nossa gasolina ou gasóleo! Consumimos
e descartamos uma quantidade incrível de produtos todos os dias que dependem
directa ou indirectamente da produção de petróleo! Isso não nos faz
responsáveis pelo desastre do Valdez, mas estamos envolvidos.
Não estou a dizer isto para minimizar a responsabilidade de
quem tem grandes responsabilidades na prevenção de tais acidentes. É importante
localizar o "erro humano" que leva a desastres como aquele do Exxon
Valdez, mas não podemos fingir que não temos nada a ver com isso.
É este, exactamente, o ponto de vista que a Bíblia traz na
ideia do pecado original e os seus efeitos. Não somos responsáveis por Adão e
Eva comerem do fruto proibido, mas estamos envolvidos naquela tragédia! Nós tornamo-nos
participantes do pecado que se originou com eles. Queixamo-nos, aos gritos, da
corrupção das autoridades, mas será que somos fiéis ao nosso cônjuge, em
pensamento e acção? Lamentamos o facto de haver tão pouco amor entre as pessoas
hoje em dia, mas amamos verdadeiramente, aqueles que nos são mais chegados?
Detestamos as guerras, mas não fazemos as nossas “guerrinhas” por dá cá uma
palha?!
Se quisermos ser honestos connosco próprios, não temos
dificuldade em reconhecer que estamos de facto envolvidos no pecado de Adão e
Eva. Como Paulo explicou, a morte vem a todos nós porque todos pecamos. Todos
nós contribuímos individualmente para que a mancha de óleo do pecado se estenda
ao longo da História da Humanidade. Paulo afirma-o claramente: "Porque todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus." Romanos 3:23
O nosso problema principal não é se somos melhores ou piores
que os nossos vizinhos, se falhámos nisto ou naquilo que esperávamos ter feito
melhor. Sabem qual é o problema? O grave problema? É que os nossos pecados são
uma afronta directa ao carácter perfeito de Deus, e um acto de poluição ao
lindo mundo que Ele criou! Então, qual é a solução? O que é que podemos fazer
quanto a esta mancha de óleo do pecado na qual estamos envolvidos?
Muitas pessoas, quando confrontadas com o problema do
pecado, normalmente respondem: "eu vou tentar melhorar".
E envidam esforços sinceros para serem melhores, mas mais
cedo ou mais tarde caem na fraqueza da própria vontade, nas limitações dos
esforços humanos. O problema do pecado é muito maior do que possamos imaginar.
Sabem, os homens do petróleo, ao tentarem limpar aquela mancha no estreito do
Alasca, fizeram uma descoberta! Descobriram que eram infrutíferos os seus
esforços diante de um desastre ecológico.
Foi uma situação caótica, foi difícil tentar organizar-se,
colocar equipamento disponível em funcionamento. Horas preciosas foram gastas
enquanto a mancha de óleo se espalhava. Conseguiram retirar alguns barris de
gasóleo. Mas o dispersante químico não funcionou como devia. Alguns cabos de
retenção foram colocados, mas ao terceiro dia de ventos fortes, o óleo passou
por cima dos cabos.
Todo o esforço humano mais não fez que poluir ainda mais o
meio ambiente! Foi a própria Natureza que lentamente diluiu o gasóleo e o óleo
nas águas puras. O sol, o vento e a chuva realizaram o trabalho através dos
anos. A Natureza foi-se curando sozinha daquela ferida tóxica com mais de dois
mil quilómetros quadrados!
É extremamente difícil limpar a nossa mancha, não acham? E
isto é particularmente verdade em relação ao nosso pecado e culpa individual.
Deus retrata o nosso problema humano nas palavras de Jeremias: "Pelo que
ainda que te laves com salitre, ou amontoes sabão, a tua iniquidade estará
gravada diante de mim, diz o Senhor Jeová." Jeremias 2:22. Este é, sem
dúvida, um versículo bastante apropriado para nós hoje. Escrito para nós, não
é?
Amigos, quando se trata de culpa, não nos podemos lavar
sozinhos. Podemos tentar removê-la e insistir nisso de mil maneiras, mas ela
vai continuar! Podemos tentar melhorar e redimir-nos dos nossos próprios erros
e pecados passados, mas a natureza pecadora continuará aflorando à superfície,
como o petróleo. Nunca nos limparemos completamente. Haverá sempre mais e mais
egoísmo, orgulho e ódio a sair do nosso coração quando menos esperamos que isso
aconteça!
Deus, em pessoa, assumiu a responsabilidade de limpar a grande
mancha de óleo do pecado. Ele próprio irá curar a terrível ferida que vive
dentro de nós. Leiamos esta maravilhosa promessa: "Vinde, então e
argui-me, diz o Senhor. Ainda que os vossos pecados sejam vermelhos como o
carmesim, se tornarão como a branca lã." Isaías 1:18
Jesus, no Calvário, absorveu as consequências do nosso
pecado no Seu próprio corpo. Ele desfez o efeito do pecado através de Sua
agonia na cruz. Isso exigiu enorme esforço; foi uma tarefa gigantesca, mas o
Filho de Deus emergiu daquela provação vitorioso. Ele realizou o que nenhum
esforço humano jamais poderia conseguir: Foi-nos concedido o perdão total e de
graça. Podemos viver a paz!
Mas Deus promete mais. Ele não só remove a culpa, mas também
nos dá um meio para combater a nossa natureza pecadora. O apóstolo Paulo diz:
"Assim que se alguém está em Cristo, nova criatura é. As coisas velhas já
passaram, eis que tudo se fez novo." II Coríntios 5:17
Aqueles que depositam a sua fé em Cristo como Salvador e a
Ele se entregam, passam a estar em Cristo. Deus não os vê como pecadores, mas
como pessoas que estão ligadas ao Seu Filho amado. Acontece algo maravilhoso
quando uma pessoa se une pela fé a Jesus Cristo: ocorre uma nova criação. A
capacidade criativa de Deus é libertada e o Seu Espírito opera em nós, retira
todos os velhos hábitos destrutivos, e faz surgir o novo.
Uma das histórias mais conhecidas da Bíblia e ao mesmo tempo
mais fascinantes é seguramente o encontro de Nicodemos com o Senhor Jesus!
SLIDE 0022 Nicodemos era um homem que ocupava uma posição de confiança muito
alta na nação judaica durante o ministério de Jesus! Tinha uma educação
superior, era dotado de talentos oratórios, íntegro e justo. Era um membro
honrado do conselho nacional do seu país.
Como tantos outros dirigentes nacionais mais que uma vez foi
ouvir Jesus que ensinava as multidões que acorriam ao Templo. Desde o primeiro
instante sentiu-se agitado, o seu coração comoveu-se, sentiu-se atraído pela
humildade do Nazareno. As palavras saídas dos lábios do Salvador tinham vida e
iam de encontro às suas necessidades de homem, de ser humano. É verdade que
tinha tudo, mas faltava-lhe aquela paz, que ele viu no olhar de Jesus!
Desde que viu Jesus pela primeira vez, não mais deixou de O acompanhar.
Nicodemos estudava ansiosamente as profecias relativas ao Messias; e quanto
mais procurava tanto mais forte era a sua convicção de que este era Aquele que
havia de vir. Tinha visto como Jesus recebia os pobres, como curava os doentes,
tinha visto as Suas expressões de alegria, e escutado as Suas palavras de
louvor; e não podia duvidar de que Jesus de Nazaré era o Enviado de Deus.
Começou a sentir um forte desejo de se encontrar a sós com
Jesus, mas não o queria fazer abertamente. Seria demasiado humilhante, para um
príncipe judeu, reconhecer que tinha simpatia por um mestre ainda tão pouco
conhecido. E especialmente porque Jesus não era seguido pelas pessoas
importantes de Israel, mas só pelos pobres, as viúvas, os desprezados da
sociedade. E ele era uma pessoa importante. Não queria ser desprezado pelos
seus colegas!
Nicodemos conseguiu finalmente descobrir onde Jesus ficava
quando visitava Jerusalém. Soube também que Jesus à noite gostava de ir orar
para o Monte das Oliveiras. Esperou que a cidade adormecesse para ir ter com o
Senhor Jesus.
Pela calada da noite foi ter com O Nazareno. Tinha preparado
um grande discurso. No entanto na presença de Cristo, Nicodemos experimentou
uma estranha timidez, que se esforçou por ocultar sob um ar de dignidade e
finalmente disse: “...Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus, porque
ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.” João
3:2
Pretendia ao falar dos raros dons de Cristo como mestre, bem
como do Seu maravilhoso poder para operar milagres, preparar o terreno para
poder abrir o coração. Queria ganhar a confiança de Jesus; mas na realidade, as
suas palavras exprimiam a sua incredulidade…
Em vez de agradecer, o facto de Nicodemos Lhe chamar:
“Mestre”, Jesus fixou os olhos no visitante, como se lhe estivesse a ler a alma
e viu diante de Si, um homem que sentia a mancha do pecado e com necessidade de
ser limpo. Por isso foi directamente ao assunto, dizendo bondosamente: “Na
verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino
de Deus.” João 3:3
Vou fazer uma pergunta directa, no estilo de Jesus! Amigo,
porque veio esta noite? É só para ver se esta religião é melhor ou pior que a
sua? Ou para poder dizer fui lá… e é tudo igual. Ou veio, porque quer abrir o
coração a Jesus para que o limpe da terrível mancha de óleo do pecado? Quer
sentir a paz? Sentir a presença de Jesus? Se é com este sentimento, Jesus está
aqui e vai ajudá-lo, creia!
Nicodemos tinha ouvido a pregação de João Baptista sobre o arrependimento
e o baptismo, lembrava-se que João tinha falado que após ele viria Aquele que
baptizaria com o Espírito Santo: “Eu baptizo com água; mas no meio de vós está
Um a quem vós não conheceis. Este é aquele que vem após mim, que foi antes de
mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca” João 1:26-27
Nicodemos era um fariseu estrito, um crente praticante,
orgulhava-se das suas boas obras. Era muito estimado pela sua beneficência e
liberalidade. Poderia considerar-se hoje, um cristão muito praticante, o
primeiro a participar nas festas anuais da sua terra, a estar sempre presente
em todas as actividades religiosas, a rezar, a comungar. E sentir o favor de
Deus.
Prezados amigos deixem-me que vos pergunte, qual é a vossa
crença em relação a ter um lugar assegurado no reino de Deus? Deixem-me
perguntar o que pensam quando rezam o Pai-nosso: “Venha o Teu Reino!” Será que
acham como Nicodemos que não precisam de mudança alguma?! Nicodemos achava-se
justo aos seus próprios olhos!
Por isso ficou surpreendido com as palavras de Jesus: “É
necessário nascer de novo”. Estava irritado por se sentir directamente visado
por elas. O orgulho do fariseu, do bom religioso, lutava contra o sincero
desejo, a necessidade que tinha de uma profunda mudança de vida.
Apanhado desprevenido, respondeu a Cristo com palavras
plenas de ironia: “Como pode um homem nascer, sendo velho?” João 3:4
Como muitas pessoas, quando uma verdade incisiva lhes fere a
consciência, dão a entender que não percebem! Resistem, argumentam. Assim fez
Nicodemos. Assim fazem muitas pessoas que são muito religiosas, mas sentem o
vazio, sentem que têm a religião, mas não a bênção do Espírito Santo. Jesus e o
Espírito Santo não viram as costas a ninguém que sinta necessidade genuína.
Quando reconhecemos que estamos vazios, quando reconhecemos
a nossa solidão. Que nos sentimos perdidos! Que sem Cristo como Piloto da nossa
vida não vamos a lugar nenhum! Nicodemos percebia isto, mas não o queria
admitir.
Jesus, não quis discutir. Levantou a mão com solene e calma dignidade,
acentuou a verdade com maior firmeza, atalhou o raciocínio deste sábio e
colocou o dedo na ferida: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não
nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” João 4:5
Nicodemos sabia que Jesus Se referia ao baptismo da água.
Aquele que João Baptista praticava nas águas do Jordão, baptismo por imersão,
com o qual Jesus tinha sido baptizado e que é o verdadeiro baptismo cristão.
Nicodemos sabia que Jesus Se referia ao baptismo e à renovação da alma pelo
Espírito de Deus. Ficou convencido que estava na presença do Filho de Deus.
Jesus continuou: “O que é nascido da carne é carne, e o que
é nascido do Espírito é espírito.” João 3:6
O coração, por natureza, é mau, e “quem do imundo tirará o puro?
Ninguém.” Jó 14:4
Nenhuma invenção humana pode encontrar o remédio para a alma
pecadora: “Do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios,
prostituições, furtos, falsos testemunhos e blasfémias.” Romanos 8:7
Ou seja o coração humano está poluído com um óleo bem
espesso, mais ainda que o canal do Alasca.
A fonte do coração deve ser purificada para que a corrente
se possa tornar pura. Não há segurança para uma pessoa que tenha uma religião
meramente legal, uma aparência de piedade. A vida cristã não é uma modificação
ou melhoramento da antiga, mas uma transformação da natureza. Deve ocorrer uma
morte do eu, o homem e a mulher poluídos com o pecado original devem passar por
uma lavagem!
Nicodemos continuava perplexo e Jesus usou o vento para
ilustrar o seu significado: “O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas
não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do
Espírito.” João 3:8
Ouve-se o vento por entre os ramos das árvores, fazendo
sussurrar as folhas e as flores; no entanto ele é invisível e ninguém sabe de
onde vem, nem para onde vai. O mesmo se dá quanto à operação do Espírito Santo
no coração.
Mediante um agente tão invisível como o vento, Cristo está continuamente
a trabalhar no coração. Pouco a pouco, sem que a pessoa que está a receber a
acção do Espírito do Senhor tenha consciência disso, produzem-se impressões que
tendem a atrair a alma para Cristo. Esta vida nova vai acontecendo, damos por
nós a pensar mais em Jesus, a ler a Escritura Santa, ou a ter prazer em ouvir a
palavra do pregador que fala a verdade eterna. Já não nos contentamos com
qualquer coisa, queremos substância, queremos alimento que nutra a alma!
Essa acção de Deus afasta os pensamentos de pecado, de medo
de Deus, de castigo eterno. E substitui pelo amor, a humildade, a paz que tomam
o lugar da ira, da inveja e da contenda. A alegria e a esperança substituem a
tristeza e o semblante reflecte a luz do Céu.
É impossível à mente finita compreender a obra da redenção!
O seu mistério excede o conhecimento humano; todavia aquele que passa da morte
para a vida percebe que isso é uma realidade maravilhosa!
Enquanto Jesus falava, alguns raios da verdade penetraram no
espírito do príncipe Nicodemos. A enternecedora, subjugante influência do
Espírito Santo impressionou-lhe o coração. Todavia, não compreendeu plenamente
as palavras do Salvador. Admirado, disse: “Como pode ser isso?”
“Tu és mestre de Israel, e não sabes isso?” perguntou Jesus.
Uma pessoa a quem era confiada a instrução religiosa do povo não devia ser
ignorante de verdades de tanta importância! Às vezes os que ensinam a religião
são os que mais desconhecem o amor de Deus e ignoram os Seus santos
Mandamentos!
Passou-se comigo. Um dia em conversa ocasional com um
sacerdote, perguntei:
– Sabe onde se encontram na Bíblia os Mandamentos de Deus? –
E reparei que ele abria a Bíblia nervoso, não sabia onde se encontravam os
Mandamentos que Deus escreveu com o Seu próprio dedo! Com amor e muita simpatia
ajudei-o a abrir a Bíblia no livro do Êxodo 20.
Não havia desculpa alguma para a cegueira de Nicodemos em
relação à obra da regeneração. Pela inspiração do Espírito Santo, Isaías escreveu:
“Todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapos da
imundície.” Isaías 64:6
E o rei David orava: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro,
e renova em mim um espírito recto.” Salmo 51:10
E por meio de Ezequiel foi dada a promessa: “E vos darei um
coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de
pedra da vossa carne, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o
Meu Espírito, e farei que andeis nos Meus estatutos, e guardeis os Meus juízos,
e os observeis.” Ezequiel 36:26-27
Nicodemos tinha lido todas estas passagens com a mente obscurecida;
podia interpretá-las, mas elas não tinham vida; não passavam de um código.
Mas agora estava a ser atraído para Cristo! Quando o
Salvador lhe explicou o que estava a dizer em relação ao novo nascimento,
anelou experimentar esta mudança em si mesmo. Como poderia isso realizar-se?
Jesus respondeu à pergunta não formulada dizendo: “Como Moisés levantou a
serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para
que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João
3:14,15
Ali estava algo familiar a Nicodemos. O símbolo da serpente levantada
tornou-lhe clara a missão do Salvador. Quando o povo de Israel estava a morrer
por causa da picada das serpentes ardentes, no deserto, fugindo do cativeiro do
Egipto, Deus mandou Moisés construir uma serpente de metal e colocá-la no alto,
no meio da congregação. Foi então anunciado no acampamento que todos os que
olhassem para a serpente viveriam.
O povo sabia muito bem que, em si mesma, a serpente de metal
não possuía nenhum poder para os ajudar. Era um símbolo de Cristo. Tal como a
imagem feita à semelhança das serpentes destruidoras era erguida para a cura,
assim Alguém nascido “em semelhança da carne de pecado” Romanos 8:3, haveria de
ser Redentor para eles.
Os que tinham sido mordidos pelas serpentes poderiam ter
demorado a olhar. Poderiam ter posto em dúvida a eficácia daquele símbolo
metálico. Poderiam ter pedido uma explicação científica. Mas nenhuma explicação
lhes foi dada. Deviam aceitar a palavra que Deus lhes dirigia através de
Moisés. Recusar a olhar era morrer!
Não é por meio de debates e discussões que a alma é
iluminada. Devemos olhar e viver! Nicodemos recebeu a lição e levou-a consigo.
Examinou as Escrituras de maneira nova, não para discutir uma teoria, mas para
receber vida para a alma. Começou a ver o reino de Deus, ao submeter-se à
direcção do Espírito Santo.
Tal como Nicodemos, devemos estar preparados para entrar na
vida eterna pelo único meio que é dado aos homens: “Em nenhum outro há
salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os
homens, pelo qual devamos ser salvos.” Actos 4:12
E nem sequer nos podemos arrepender sem o auxílio do
Espírito de Deus. A Escritura diz de Cristo: “Deus com a Sua dextra O elevou a
Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos
pecados.” Actos 5:31
O arrependimento vem de Cristo, tão seguramente como vem o
perdão!
Como, então, nos vamos salvar? – “Como Moisés levantou a
serpente no deserto”, assim foi levantado o Filho do homem, e todo aquele que
tem sido enganado e mordido pela serpente do pecado pode olhar e viver.
“Eis o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do Mundo.” João 1:29
Luz que irradia da cruz revela o amor de Deus. O Seu amor
nos atrai. Se não resistirmos a essa atracção, somos levados para o pé da cruz,
arrependidos pelos pecados que crucificaram o Salvador.
Então o Espírito de Deus, mediante a fé, produz uma nova
vida na alma. Os pensamentos e desejos são postos de acordo com a vontade de
Cristo. O coração e o espírito são novamente criados à imagem d’Aquele que
trabalha em nós para sujeitar a Si mesmo todas as coisas. Então a lei de Deus é
escrita na mente e no coração e podemos dizer com Cristo: “Deleito-Me em fazer
a Tua vontade, ó Deus meu”. Salmo 40:8
Na entrevista com Nicodemos, Jesus revelou o plano da
salvação e a Sua missão no Mundo. Jesus disse-lhe três coisas essenciais que
ele não esqueceu:
1) Nicodemos a
salvação é por pura graça,
2) Nicodemos a
justificação é pela fé,
3) E serás
julgado pela Lei de Deus.
Esta mensagem dirigida naquela noite àquele ouvinte, na
montanha solitária não ficaria perdida. Durante algum tempo, Nicodemos não
reconheceu publicamente a Cristo, mas observava a Sua vida e ponderava nos Seus
ensinos. Quando, Jesus foi erguido na cruz, Nicodemos relembrou o ensino no
Olivete: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho
do homem seja levantado; para que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna”. João 3:14,15 A luz daquela mensagem ouvida naquela noite
iluminou a cruz do Calvário e Nicodemos viu em Jesus o Redentor do Mundo. E
aceitou-O como Salvador e Senhor da sua vida.
Nicodemos faz-me lembrar um homem chamado Duílio Darpino.
Foi em 1992, realizava eu uma série de conferências na cidade de Roma, uma
noite entrou um sacerdote, veio noite após noite. Uma noite falei do novo
nascimento, olhei para ele e ele chorava. Levantou-se e disse: “Eu sinto o meu
coração nascer de novo”. Assim foi, apesar de ter sido excomungado, de lhe
terem retirado as vestes sacerdotais, Jesus vestiu-o com as vestes da Sua
justiça. Aprofundou o conhecimento da Bíblia numa Universidade Adventista e
desde 1994 é pastor da igreja Adventista em Itália.
Nascer de Novo é obra não dos homens, é obra de Deus, assim
como a mancha do óleo foi retirada pela Natureza, da mesma maneira a mancha do
pecado, é retirada pelo Espírito Santo e pelo sangue tão puro e santo de Jesus.
Enquanto houve a Débora cantar deixe o Espírito Santo entrar
dentro da Sua alma, deixe que Ele limpe e ponha vida nova.
José Carlos Costa
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