quinta-feira, 2 de agosto de 2012

DO JARDIM À MONTANHA




















PRECE: Senhor Deus nós nos achegamos a Ti, nosso compassivo Redentor; e rogamos-Te, por amor de Cristo, por amor do Teu próprio Filho. Nosso Pai, que manifestes o Teu poder entre os que se achegam a Ti. Precisamos de sabedoria; precisamos da verdade; precisamos que o Espírito Santo esteja connosco, esta noite e sempre. Por Jesus. Amém.

Começa com uma sensação de desapontamento. Depois sentimos uma sensação de cansaço. Cada coisa que temos que fazer exige um esforço enorme. As pessoas tentam animar-nos, mas quanto mais tentam, mais necessidade sentimos de nos isolarmos num mundo estranho, no qual nem aos nossos queridos permitimos a entrada. Sentimo-nos como que empurrados para dentro de uma prisão escura. Tentamos combater essa tristeza que nos domina, desejamos desesperadamente encontrar alguma saída, mas a sensação de desânimo exaure toda a energia que resta. A escuridão estende-se por todos os lados e sentimos que nos afundamos cada vez mais no poço sem fundo que é a depressão.

Vivemos num mundo cheio de percalços, de tragédias, de tropeços. Existem muitas bordas afiadas nesta vida que cortam e que mutilam. Mas sabe, existe uma borda afiada que, ao que parece, fere as pessoas mais do que qualquer outra coisa. Os especialistas concluíram que a depressão produz mais sofrimento do que qualquer outra doença. Quem diria que as tristezas possam ser tão prejudiciais? O Instituto de Saúde Mental nos Estados Unidos informou que no ano 2000 mais de 500 mil pessoas foram hospitalizadas por depressão. Os profissionais estimam que há 4 a 8 milhões de pessoas que sofrem de depressão, não identificados e por isso não tratados.

Existem coisas definidas que podemos fazer para eliminar os efeitos mais prejudiciais da depressão e evitar que ela nos destrua. Há também um livro na Bíblia que é, de facto, uma excelente arma que podemos usar contra a depressão. Parece feito sob medida para combater este problema de saúde. Não, não vos vou dizer já o nome do livro.

O que se sabe é que a depressão normalmente está ligada a uma perda que tivemos. Perda de um ente querido, perda de uma oportunidade de emprego, perda da auto-estima.

A depressão é em essência uma reacção à perda, uma sensação de desapontamento. Um médico resumiu as raízes da depressão a "uma sensação de estar encurralado". Ele observou muitas pessoas que eram incapazes de sair de situações intoleráveis e que se afundaram na depressão.

Uma coisa que precisamos saber é que existe vários tipos de depressão. Para algumas pessoas, esta aflição parece ter uma relação biológica ou química. Alguma coisa está em desequilíbrio no corpo. Alguns casos graves e duradouros de depressão melhoram com medicação.

Mas para outras pessoas, esta aflição parece estar ligada a ferimentos emocionais. Foram provocados na infância e esses ferimentos psicológicos ganharam raízes profundas e podem resultar em crises muitos graves.

Eu vou abordar o tipo mais geral de depressão que nos atinge e que definimos por "estar em baixo". Conseguimos sobreviver, mas o mundo ao nosso redor parece muito sombrio. Que quer dizer, “estar em baixo”? O Dr. Tim Lahaye, conselheiro cristão, apresenta algumas ideias que nos podem ajudar.

Ele observou um ponto comum entre as muitas pessoas que o consultam com depressão. Para a maioria das pessoas, a entrada na depressão é a passagem por três portas: a entrada numa, pode dar entrada nas duas seguintes, que vão alterar os estados de alma. É o que se chama “estar depressivo ou deprimido”. A primeira porta é um sentimento de Perda ou de Desapontamento, desgosto profundo: pode ser provocado pelo sentimento de rejeição, injúria, insultos, coisas deste género. O segundo estado – é um sentimento de Raiva (revolta), consequência do primeiro. Na terceira entrada, somos possuídos por um sentimento de Tristeza: Então teríamos: sentimentos de Perda+Raiva+Tristeza = (igual a) Depressão.

As depressões acontecem porque encontram um terreno fértil, o pensamento. O terreno da depressão é o nosso pensamento. Habituamo-nos a pensar e repensar sempre na mesma coisa (a remoer). As depressões crescem no cérebro. Assim, para eliminarmos a depressão temos que eliminar hábitos errados do pensar. Isto não é fácil, mas através da graça de Deus é possível!

Um homem experimentou esta divina graça de forma profunda. Foi o apóstolo Paulo, e ele escreveu uma epístola (o tal livro) que apresenta o segredo da cura. Eu estou convencido que ele terá ouvido dos apóstolos que conviveram com Jesus, que o Senhor praticava diariamente esta terapia e por isso Jesus foi o Homem mais equilibrado que já viveu sobre a Terra. A epístola escrita por Paulo é a carta aos Filipenses. Aconselho-vos a ler este livro da Bíblia regularmente.

Filipenses é um daqueles pequenos livros da Bíblia. Foi escrito no escuro de um calabouço romano. O apóstolo Paulo estava preso quando escreveu. As prisões não são agradáveis actualmente, mas eram piores naquela época: escuras, húmidas, não eram mais do que cubículos frios de pedra, muitas vezes subterrâneos. Cheguei a visitar esta prisão em Roma.

Os prisioneiros eram, em geral, acorrentados à parede, ou a um tronco e recebiam comida apenas para sobreviverem às muitas agressões que lhe eram infligidas pelos guardas ou carcereiros insensíveis. O enérgico e sempre activo Paulo deve ter sentido aquelas paredes de pedra fecharem-se lentamente em torno dele. Ele teve que lutar contra a sufocante tristeza do seu isolamento, teve que encontrar um meio para não entrar pela primeira porta, um meio para afastar o sentimento de perda de desapontamento, desgosto profundo. ¿Não acham que ele, um homem tão activo que tinha servido tão fielmente a Jesus e a Sua amada igreja, agora ao encontrar-se numa prisão tão fria e húmida, tinha mil razões, mais que suficientes, para entrar pela primeira porta? O desgosto, o desapontamento! Ele podia pensar: Será que Deus ainda me ama? Será que continuo a ser uma pessoa escolhida por Deus? Será que o Senhor ainda olha para mim? Será que fiz alguma coisa errada aos olhos de Deus e Ele abandonou-me? Por que razão estou aqui no meio deste calabouço sozinho?

Mas ele encontrou um meio para não entrar por esta porta que seria muito pior que a prisão feita de pedras frias! Sabem o que é que ele fez? Uma coisa impressionante! Escreveu. Ele escreveu uma carta incrível, uma carta repleta de graça e gratidão! Ele começa: "Graça e paz a vós da parte de Deus nosso Pai e da do Senhor Jesus Cristo". Filipenses 1:2

E vejam como a carta termina: "A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós." Filipenses 4:2. Se alguém se sente perto de entrar por esta porta, escreva a alguém que o magoou, como fez Paulo!

A epístola aos Filipenses começa e termina com graça. A graça domina! Paulo teve que organizar os seus pensamentos ao andar de um lado para o outro naquele espaço exíguo, sobre a palha suja da cela. Ele percebeu que não estava numa prisão, abandonado! Ele sentia a presença de Deus e dos anjos. E refugiou-se na graça de Deus!

O amor de Deus, o interesse de Deus por ele estava em primeiro lugar na mente do apóstolo. Paulo não deixou os seus pensamentos afundarem-no na escuridão das circunstâncias e entrar pela segunda porta que é o sentimento de Raiva (revolta). Ele não deixou a ansiedade, o ressentimento e a raiva dominarem-no; em vez disso, ele fez o que aconselhou aos Filipenses: "Não estejais inquietos por coisa alguma, antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas, diante de Deus, pela oração e súplicas, com acção de graças". Filipenses 4:6

Paulo colocou a sua situação/circunstância depressiva nas mãos de Deus. Ele orientou o seu problema na direcção do Céu e quando fez isso, começou a sentir a luz entrar através da janela da sua própria tristeza. Ele viu que a graça de Deus era a solução para os seus problemas actuais. O apóstolo conseguiu escrever: SLIDE 0013 "As coisas que me aconteceram contribuíram para o progresso do evangelho". Filipenses 1:12

Como resultado desta prisão, Paulo dava testemunho do amor de Deus, e muitos daqueles que um dia o tinham ouvido, mas que não tinham aceite a Jesus como Salvador, aceitavam-n’O agora! Por isso disse o que lemos no ecrã. Isto é que era importante para ele: que homens e mulheres decidissem aceitar Jesus como Senhor! Ele sabia que os cristãos, ao receberem a sua carta estariam animados, e partilhariam a fé, ainda com mais fé e coragem! 13

Esse prisioneiro olhou através das grossas paredes de pedra ao seu redor e viu a graça de Deus que operava maravilhosamente. Ele sabia que outros a quem ele tinha transmitido o Evangelho da Salvação, continuavam a pregar e anunciar que Jesus é o Senhor. E ele regozijou-se com isso. Essa percepção da graça de Deus ajudou o Apóstolo a eliminar a depressão. De outro modo, teria caído no desalento. Orientou o seu pensamento para além de si próprio, pensou noutras pessoas, sentiu que fazia parte de um movimento de vida e salvação.

Esta epístola não diz quase nada das terríveis condições da prisão de Paulo, mas fala muito sobre o relacionamento deste santo homem com os Filipenses. Chama-lhes "irmãos que eu amo e sinto saudades". O seu maior desejo era que permanecessem firmes na fé, que o amor aumentasse, que pudessem brilhar como estrelas. Pense nisso!

Num calabouço daqueles, Paulo derramava graça às pessoas e ânimo junto das pessoas que viviam em liberdade. Ele empurrava para trás as paredes que o podiam esmagar com as armas da graça de Deus: A Fé e plena Confiança! Ele não estava na prisão, ele estava na graça de Deus. Isto leva-nos à segunda grande arma que Paulo usou para limpar a depressão do seu coração. No início da sua epístola, maravilhosamente encorajadora, ele diz: "Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós". Filipenses 1:3

Paulo exprime-se em oração, em gratidão. Qualquer pessoa que lê esta epístola percebe de imediato quantos motivos o escritor acha para agradecer. Ele regozija-se com o crescimento da fé dos Filipenses; regozija-se que Cristo seja pregado; regozija-se porque é um cidadão a caminho duma Pátria melhor, o Céu; regozija-se em Cristo que Se humilhou a Si mesmo; regozija-se no Deus Todo-Poderoso que pode manter tudo sob o Seu domínio!

Estas são as coisas que Paulo escreve, estas são as coisas pelas quais ele é grato. Não existe uma só nota de mágoa e tristeza em toda esta carta. Paulo estava muito grato por tudo isso, não havia lugar para reclamações. A sua gratidão era tão profunda que ele se detinha a apreciar o amor inesquecível: "Regozijai-vos sempre no Senhor. Outra vez digo, regozijai-vos". Filipenses 4:4

A cela de Paulo era sufocante e pequena? Sim, mas o seu Deus era grande! A cela era depressivamente escura? Sim, mas Deus era a sua luz perfeita! Há sempre muitos motivos para nos regozijarmos no Senhor!

A gratidão ajuda a desminar a depressão. A gratidão dá-nos uma valiosa perspectiva, ajuda-nos a colocar a cabeça acima dos problemas. Começamos a encontrar soluções através da gratidão. Paulo aprendeu a encontrar soluções em todas as circunstâncias. Por isso aconselha: “Antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas, diante de Deus, pela oração e súplicas, com acção de graças". Filipenses 4:6

Há anos visitei uma Biblioteca de renome mundial. Lá encontram-se livros originais da Bíblia. E foi esse o motivo que me levou a este local. Quando me maravilhava na apreciação destes manuscritos, reparo num quadro de estilo medieval, em que uma pessoa está numa posição de oração, de joelhos e a parte do tronco muito inclinada para a frente. Tinha uma túnica que lhe cobria parte da cabeça e dava a entender que quem orava era Jesus. O quadro tinha uma frase escrita pelo pintor que dizia: “Vaccare Deo”. Não me foi difícil captar o sentido destas duas palavras: Orar é estar a sós com Deus. Queridos amigos, será que poderemos imaginar Jesus a orar?

Imaginemos por instantes os momentos que precederam a Sua prisão! Como era o Seu costume, Jesus vai para o Getsémani. Esta noite pascal está clara, as estrelas brilham num céu sem nuvens. Esta noite Jesus não caminha tão apressadamente como é o Seu costume. O Salvador fez vagarosamente o caminho. Fala com os Seus discípulos, dá-lhes instruções sobre o que irá acontecer nas próximas horas. De repente fica estranhamente silencioso. Viera muitas vezes a este jardim para meditar e orar; mas nunca com o coração tão cheio de tristeza como nesta noite, a noite da Sua agonia! Porque sente o nosso amado Salvador esta agonia?

Porque durante toda a Sua vida na Terra, na terra dos homens perdidos, Ele andara na presença de Deus, sentia o calor dos olhos do Pai. Quando em conflito com Satanás ou com os que por ele se deixavam manipular, Jesus podia dizer: “Aquele que Me enviou está comigo; o Pai não Me tem deixado só, porque Eu faço sempre o que Lhe agrada.” João 8:29

Agora, porém, parecia estar excluído da luz da mantenedora presença de Deus. Meu amigo, já sentiu este sentimento? Já alguma vez sentiu que Deus está longe? Então pode compreender o que Jesus sentiu naquela hora!

Por que razão pesava este sentimento sobre o coração de Jesus? Porque como nunca antes na Sua vida, esta noite Ele associa-Se totalmente com os pecadores. Meu Deus, vou dizer qualquer coisa de tão grave mas de verdade total: esta noite Jesus tornou-Se o maior dos pecadores. Nunca antes houve um pecador tão grande como Jesus, nunca voltaria a haver um pecador como Ele neste mundo! A iniquidade de todos nós começa a pesar sobre o Seu terno coração que nunca pecou.

E ao sentir o peso do pecado, é possuído por um sentimento mais aterrador. A pressão de que o pecado O pudesse separar para sempre do amor do Pai. Jesus exclama: “A minha alma está profundamente triste até à morte.” Sim, Jesus viveu por horas essa sensação da depressão! Ele pode compreender o que sente aquele que passa por este problema!

Eis como uma grande escritora cristã descreve este momento: “Ao aproximar-se do jardim, os discípulos notaram a mudança que se operara no seu Mestre. Nunca antes O tinham visto tão indizivelmente triste e silencioso. À medida que avançava, mais se aprofundava esta estranha tristeza; mas eles não ousavam interrogá-l’O quanto à causa da mesma. O Seu corpo cambaleava como se estivesse prestes a cair. Cada passo que dava, fazia-o com extremo esforço. Gemia alto, como sob a pressão de SLIDE 0024 terrível fardo. Por duas vezes os companheiros O sustiveram, caso contrário teria caído por terra.” O Desejado de Todas as Nações, p. 746 – Ellen White

Jesus olha os discípulos e diz: “Ficai aqui, e velai comigo”. O abismo era tão grande, tão negro, tão profundo, que o Seu espírito tremeu diante dele. Para escapar a esta agonia, não podia exercer o Seu poder divino. Cumpria-Lhe sofrer as consequências do pecado do homem, como homem!

Estava perante a maior de todas as tentações: abandonar a raça humana ao seu próprio pecado, à morte eterna, ou solidarizar-Se com o pecador e permitir que a justiça de Deus, a palavra proferida no Éden, se cumprisse cabalmente e definitivamente: “No dia em que dele comeres certamente morrerás”. Esta sentença não pode ser alterada porque a palavra que sai da boca de Deus é imutável. Jesus morreu a morte eterna, a morte do homem. Resistiu ao Diabo e não pecou. Desta forma, colocou à disposição de todo o ser humano, a vida eterna que é d’Ele porque não pecou.

Como substituto e refém do pecador, Cristo estava a sofrer sob a justiça divina. Viu o que significava a justiça. Até então, tinha agido como intercessor por outros; agora ansiava que alguém intercedesse por Ele: “Ficai aqui, e velai comigo.”

Quando Jesus sentiu a Sua unidade com o Pai interrompida, temeu que, na Sua natureza humana, não fosse capaz de resistir ao conflito com os poderes das trevas. No deserto da tentação, e no lago, estivera em jogo o destino da raça humana. Jesus saíra então, vitorioso. Agora o tentador viera para a derradeira e tremenda luta. Satanás sabia que se falhasse aqui, o seu desejo de domínio sobre a Terra estava em jogo para ele. O mundo tornar-se-ia possessão de Cristo.

É tão intensa a luta que acontece o inacreditável, o nunca visto: SLIDE 0026 ”Apartou-Se deles cerca de um tiro de pedra e, pondo-¬
-Se de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa de Mim este cálice, todavia não se faça a Minha vontade, mas a Tua. Então Lhe apareceu um anjo do céu, que O confortava. Em agonia, orava mais intensamente. O Seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão.” Lucas 22:41-44

Jesus não deixou de orar do Jardim até ao Gólgota. Perante as falsas acusações ficava em silêncio, mas esta intensidade de oração não parava. No Gólgota, quando escarnecido, maltratado, ainda orava: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.” Lucas 23:34

Não orava por Ele, orava pelos pecadores. Orava por mim, orava por si! Querido amigo, já orou por uma pessoa que lhe fez mal? Jesus orou por aqueles que O maltratavam. Os pecadores como eu maltrataram o meu Senhor. Ele orou por mim!

Será que em Jesus não encontraremos forças para perdoar aos que nos maltrataram? Se sim, porque é que não oramos? Porque então não nos servimos da terapia de Paulo e de Jesus? Não agindo assim, será que somos cristãos?

O que é orar?

Orar é mais que rezar. Quando falamos em rezar, pensamos em repetir uma coisa que foi memorizada. Rezar não é uma coisa que nasça no nosso coração, que vem da alma. Rezar é repetir. Vejamos o que diz Jesus: “E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falar serão ouvidos.” Mateus 6:7

Quando Jesus estava de joelhos no jardim, prostrado, com o sangue a sair pelos poros até ao chão, será que estava a recitar ou a abrir o coração a Deus?

Orar é quando no silêncio da nossa alma, tal como fez o Apóstolo Paulo, prisioneiro naquela prisão húmida, no chão de palha a cheirar mal, a sentir a necessidade de ouvir os seus irmãos na fé, com o desejo que o Evangelho de Deus fosse anunciado aos gentios, abri-mos o coração para ouvir a voz de Deus. E Deus trazia-lhe conforto e paz.

Este é um assunto muito importante. Talvez um dos mais importantes de toda a Bíblia. Porque orar é dirigir-se a Deus. É como alguém que envia uma mensagem. A mensagem só chega ao destinatário se tiver o endereço correcto. Se nós oramos mal, o endereço está errado.

Orar é um acto de grande intimidade. Eu, pessoalmente, faço diferença entre rezar, prece e orar.

Rezar, como já disse, é recitar. É repetir o que outros inventaram. É como o papagaio que decorou algumas palavras e repete sempre a mesma coisa em todas as circunstâncias.

Prece é o que nós fazemos aqui em público. Vem do nosso coração, é a manifestação pública de um desejo comum. Todas as noites, todos nós queremos a presença do Espírito Santo, para dirigir, instruir e inspirar.

Orar é diferente. É um acto íntimo. Jesus diz assim: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento (quarto) e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto. E teu Pai, que vê secretamente, te recompensará.” Mateus 6:6

Jesus orou tão intensamente, que pôde em oração, sentir a presença do anjo que veio confortá-Lo, animá-Lo e sustê-Lo. Quando nós oramos desta maneira, o nosso anjo vem e coloca-se ao nosso lado e afasta não só os nossos problemas, as nossas depressões, as nossas desilusões, mas afasta a sombra de Satanás que nos quer esmagar. Não acham isto maravilhoso?

Muitas vezes estou a orar, a sós, em casa, no carro, a caminhar na praia deserta, ou no campo. Começo assim: “Pai querido, necessito de abrir o meu coração. Manda o Teu anjo para junto de mim, preciso estar a sós contigo e não quero que o Diabo ouça. Rogo este favor no nome de Jesus.” Depois fico em silêncio, então começo a falar com Deus, dou-Lhe louvor pelo Seu amor, agradeço porque Jesus veio a esta Terra nascer, viver, morrer e ressuscitar, porque Jesus está à dextra do Pai como meu Sumo Sacerdote e intercede por mim. Apresento a minha família a Deus e peço que a abençoe. Depois fico de novo em silêncio. Então, peço normalmente a Deus, que me ajude pelo Espírito Santo a organizar os meus pensamentos.

Sabem, às vezes temos as coisas tão desarrumadas dentro de nós. É como aqueles armários de roupa, roupa que não está passada a ferro. Nós atiramos a roupa, peça a peça lá para dentro do armário, e as coisas vão ficando desarrumadas. Assim se passam com as coisas dentro de nós.

“Senhor, ajuda-me a arrumar as coisas dentro de mim.” Começo a colocar perguntas a Deus e depois fico em silêncio e ouço a resposta de Deus. Perguntas como esta: “Senhor, o que é que está mal dentro de mim?”

Espero durante alguns momentos, e Deus vai-Se aproximando da minha alma, e diz-me o que é que está mal. Um pecado escondido! Ouço, e não me desculpo.

Outras vezes pergunto: “Senhor, porque estou tão triste e abatido?”
Espero, e Deus vem e diz-me coisas verdadeiras tais como: que sou eu que estou a olhar demasiado para mim, demasiado preocupado comigo. Devo preocupar-me mais com a minha mulher, ou devo agir de forma diferente em relação a um familiar com quem as coisas não andam bem, ou a um amigo! Eu sinto Deus falar-me, sinto a Sua presença! Não a condenar, mas a aconselhar e a revigorar as minhas forças, dando orientação à minha vida!

Esta oração cura. Esta oração é salvadora. Esta oração é a oração da confiança. Não se trata de sentimentalismo. Trata-se de vida. Ouvimos Jesus dizer que nos perdoou os pecados. Já tenho ouvido Jesus dizer: “Levei os teus pecados para a sepultura, ressuscitei e eles ficaram lá enterrados”. Fico tão feliz!

O escritor Powel Davies conta a história de um jovem que estava apaixonado, mas não era capaz de declarar-se à jovem que ele amava. Pretendia que o escritor escrevesse uma declaração de amor. O escritor aconselhou o jovem a dizer o que sentia com as suas próprias palavras, mas o jovem respondeu:

– E se ela me diz que não?

– Então terás a resposta que procuras.

– Mas quando estou com ela fico muito nervoso, e mesmo que me esforce, as palavras não me saem bem – disse o rapaz.

– Não te preocupes – disse o escritor – mesmo se te enganares nas palavras, ela compreenderá que a amas, porque são as tuas palavras. Ela captará a tua ideia e sentimentos.

O jovem seguiu o conselho e foi bem-sucedido.

Muitas pessoas pensam que Deus ouvirá mais seguramente, se for algo escrito por alguém mais sábio ou santo. Mas Deus não quer filhos e filhas papagaios. Quer filhos com sentimentos. Podem enganar-se nas palavras, mas se abrirem o coração a Deus como um menino abre o coração ao pai, Deus ouvirá e trará uma alegria e gozo nunca antes conhecidos!

Apelo: Procurem o caminho que leva a Deus. Não a um Deus qualquer e de qualquer maneira, mas ao Deus que Se manifestou como Pai no rosto tão querido de Jesus. Vão de coração aberto. Recordem-se do abraço afectuoso do pai ao filho pródigo. Lembrem-se que é Deus o primeiro a amar. Apelo esta noite, neste momento a deixarem que Deus vos encontre. A abrir o vosso coração e deixar a paz do Céu entrar. Apelo para que orem como Paulo e Jesus; desta forma o Senhor Jesus Cristo pode curar os problemas e orientar a vossa vida na boa direcção.

Um jovem aceitou Jesus como seu Salvador e Senhor. Uma noite orou e tomou algumas decisões.

Nós vamos apresentar no écran as decisões que ele tomou. Vou perguntar se querem tomar estas decisões aqui na presença de Jesus:

1- Nunca falarei mal de ninguém, e terei presente as minhas próprias imperfeições.

2- Cada dia procurarei ser guiado pela influência do Espírito Santo.

3- Não me deitarei sem antes procurar aprender novos ensinamentos sobre o Reino de Deus, tal como estão revelados na Sagrada Escritura.

4- Ao menos uma vez por dia, vou abrir o coração a Deus em oração.

5- Vou tornar-me um discípulo de Jesus, pondo com a Sua ajuda os Seus ensinamentos em prática na minha vida.

Agora que tomámos estas decisões, ouçamos a Débora e escondamos a súplica no nosso coração. Sairemos daqui esta noite com nova esperança e nova vontade de viver!
Pr. José Carlos Costa

SÚPLICA
Débora Barradas

Ouve, Senhor, a minha prece,
Eu venho aqui Te pedir.
Um Teu favor, alguém que padece,
Que não merece mas quer Teu perdão.

Pois me perdoa, perdoa, Senhor,
Te peço com devoção.
Deste Tua vida morrendo na cruz,
Eu quero ser Teu, meu Jesus.

Quantas vezes eu Te deixei,
Não querendo Te encontrar!
Quantas vezes eu Te magoei, sem pensar!

Quantas vezes me deste a mão
Mas eu não quis aceitar!
Quantas vezes em meu viver
Te fiz chorar!

Pois me perdoa, perdoa, Senhor
Te peço com devoção.
Deste Tua vida morrendo na cruz,
Eu quero ser Teu, meu Jesus.

Pois me perdoa, perdoa, Senhor
Te peço com devoção.
Deste Tua vida morrendo na cruz,
Eu quero ser Teu, meu Jesus.

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