sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Felizes para Sempre

O título é “E Viveram Felizes Para Sempre”. Não é assim que os contos de fada terminam? O conhecido escritor cristão Chuck Swindoll escreve uma história sobre uma menina de 4 anos que tinha ouvido na escola infantil a história da Branca de Neve.

            A Suzie ao chegar a casa de regresso da escola e contou a história à mãe. Com os olhos muito abertos e depois de narrar como o príncipe encantador chegou montado no seu lindo cavalo branco e beijou a Branca de Neve trazendo-a novamente à vida, a Suzie perguntou sonoramente:

            - Mãe sabes o que aconteceu?
            - Bem, eu sei –respondeu a mãe  – Eles viveram felizes para sempre.
            - Não! - foi a resposta com um franzir de testa. - Eles casaram-se” (p. 39).

            Um comentário que revela muito discernimento e proferido pelos inocentes lábios de uma criança de quatro anos, não é? O casar-se e o viver felizes para sempre, necessariamente não são sinónimos! Já chegamos à conclusão de que essas palavras não possuem o mesmo significado.

            Consideremos o casamento do conto de fadas do Príncipe Charles e da Princesa Diana. A jovem e nobre Diana Frances Spencer, filha de pais divorciados, e vinda de uma infância infeliz, apaixonou-se pelo solteiro mais cobiçado do mundo, um príncipe encantador e bonitão. No dia 29 de julho de 1981, mais de 1 bilião de pessoas, em 74 países viram pela televisão esse magnífico espetáculo: “O Casamento do Século”. Quando o casal real parou diante do Arcebispo de Canterbury, Robert Runcie, o mundo inteiro ouviu-o proferir a bênção sobre o Príncipe e a futura Princesa. Este é um trecho do sermão:
                        “Eis uma espécie do conto de fadas: O Príncipe e a Princesa no dia do casamento! No entanto, os contos de fadas normalmente acabam aqui com a frase: ‘E Viveram Felizes para Sempre’. Talvez isto se deva ao fato de as histórias dos contos de fadas considerarem o casamento como um anticlímax, depois do romance do namoro”

            Pouco tempo depois o mundo sabia que o casamento celebrado naquele dia, em Londres, iria de fato tornar-se exatamente no que o ministro disse que não se tornaria: “um anticlímax depois do romance do
namoro”. Dezasseis anos, um mês, e uma semana depois – a princesa por quem o mundo se apaixonou morreu em Paris, vítima de um absurdo acidente automobilístico. Desta vez, um bilião de pessoas reuniram-se ao redor dos aparelhos de televisão para assistirem ao funeral e chorar a morte da princesa que nunca viveu feliz para sempre.

Casamentos e Famílias Assediados
            Diante dessa nota sombria, pergunto: Qual é a verdade a respeito de “casamentos felizes”? Trata-se de um mito? É um mistério? É um milagre? Ainda é possível viver feliz para sempre?

            Está na moda apresentar estatísticas deploráveis a respeito do divórcio para provar que o casamento é uma instituição combalida. Não irei citar essas estatísticas. O fato é que a geração atual, chamada a “Geração X” não necessita de estatísticas a respeito do casamento. A cada 24 horas, 3.533 crianças nascem de mães solteiras, e mais de 6.033 crianças, a cada dia, passam a fazer parte da classe de lares desfeitos, de relacionamentos rompidos e de famílias fragmentadas. E isto apenas nos Estados Unidos.

            Este é o retrato da desesperança? Há esperança para o casamento, uma instituição em ruínas? Pode um lar em ruínas ser restaurado? Pode uma família fragmentada ser restaurada? Um casamento ruim pode tornar-se bom?

            O projeto de Deus para a felicidade no Jardim do Éden, no princípio, era que o casamento fosse uma feliz realidade para a raça humana. Mas não vivemos num jardim perfeito; vivemos num mundo caído. Portanto, no meio dos nossos fracassos e faltas, Deus Se adianta com uma palavra de esperança e cura para cada um de nós: solteiros, casados, divorciados, viúvos – a todos nós.

O Segredo Divino para a Realização e Amizade no Casamento

            Consideremos atentamente um único evento na vida de Jesus, um incidente que tem muito que ver com os casamentos e que ultrapassa os limites deste e toca a todos nós. Leiamos João 2:1-10:

            Eis aqui o segredo do casamento, o segredo para cada relacionamento. Ele encontra-se na exclamação surpreendente do mestre de cerimónias do noivo: “guardaste até agora o melhor”. Outra tradução diz: “tu guardaste o melhor até para o fim!” Jesus provê o melhor, quer na cerimónia do casamento ou na vida! Quando temos Jesus, temos a Fonte do milagre. Jesus, o Salvador do Casamento. Jesus, Aquele que opera milagres. Jesus, O Parceiro no casamento.

            Um Casamento a Três. No plano estratégico de Deus para a felicidade no casamento são sempre necessárias três pessoas. Três parece vital para que a amizade seja eterna! Este princípio vital é poderosamente expresso no livro de Eclesiastes.Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho” (4:9).

            Na década de 1970, Leonard Syme, professor de epidemiologia na Universidade da Califórnia, em Berkeley, tentava descobrir porque razão os homens japoneses que viviam na Califórnia tinham de duas a cinco vezes mais ataques cardíacos do que os homens com os mesmos níveis de colesterol que viviam no Japão. A diferença era os laços sociais próximos e o companheirismo. A maioria de nós, quando somos um, desejamos ser dois. Esse anelo que se manifesta no desejo de companheirismo é o elemento que forma a amizade!

            Leia novamente Eclesiastes 4:9-11:

                        Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará?

            Mas se desejarem fazer a conta aritmética da força, durabilidade e do poder, poderá somar mais um para obter três! Continuemos a ler o verso 12:

                        Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade.
 
            Utilize um cordão ou corda decorativa, do tipo usado para reservar bancos em ocasiões especiais. Note-lhe a composição; ele é feito de três fios. Quando trançados, o resultado é uma corda com incrível resistência. Isto é precisamente o que a Escritura deseja transmitir! A presença de Cristo dá força ao casamento.

Criados para o Relacionamento

            Venham comigo ao dia em que Deus estabeleceu o casamento no Jardim do Éden!

                        Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (Gén. 1:27).

            Deus é um Ser relacional que vive e ama e estima a amizade. Por que então deveria alguém ficar surpreendido de que os seres humanos, que Ele criou à Sua própria imagem, reflitam essa mesma fome por relacionamentos? Os seres humanos foram criados desde o início para buscarem o companheirismo! Deus criou primeiro uma metade da raça humana, precisamente Ele pode, de uma forma eterna, ilustrar como todos fomos criados para o companheirismo. A Bíblia apresenta o seguinte registo: (Gén. 2:19, 20)

                        Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idónea.

            Com essa surpreendente revelação, Adão tornou-se o primeiro paciente cirúrgico! Leia os versos 21 e 22:
 
            Quando Adão despertou viu uma beleza que lhe fez parar o coração, suspender a respiração, acelerar o pulso, cair o queixo e arregalar os olhosEva! “Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, ...” (Gén. 2:23).

            Tenho ouvido muitas piadas a respeito de Deus ter feito primeiro o homem e então a mulher. Alguns dizem que depois que Deus passou algum tempo com Adão, Deus disse para Si mesmo: “Posso fazer algo melhor do que isto”, e portanto criou Eva.

A questão é, Deus criou o homem e a mulher como metades iguais da raça humana, separadamente para intensificar a consciencialização de que o homem e mulher foram criados para serem iguais, e para o companheirismo cooperativo. Por favor, homens, notem que Deus tomou uma costela do lado de Adão, não um osso dos pés ou do seu crânio. Não, ela não deveria ser superior ou inferior a ele. Ela veio do seu lado, para permanecer a seu lado. Deus tirou um osso logo acima do coração de Adão a fim de que para sempre fosse mostrado que o homem e a mulher, esposo e esposa, deveriam ser amigos e parceiros para sempre, com mãos e corações unidos, a cuidar da perfeita criação de Deus.

            Quem pregou o primeiro sermão da cerimónia nupcial? Deve ter sido Aquele que os uniu. “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gén. 2:24). Temos aqui o início do casamento. O casamento foi designado pelo Criador a fim de gerar felicidade e realização máximas conforme a matemática de Deus: Deus + marido + mulher = Um.

            Certa vez alguém teve a audácia de brincar: “No casamento homem e mulher tornam-se um; o problema começa quando tentam decidir quem será esse um!” Não! Quando o casamento é uma corda trançada com três fiosDeus, o homem e a mulher – o milagre da unidade é a fusão misteriosa de duas vidas imponentes e independentes unidas por Deus numa única vida, uma criação de amor. Na aritmética de Deus, 1 + 1 + 1 = 1. Foi assim no princípio. Deve ser assim também no fim. Mesmo nesta geração a promessa da aritmética de Deus ainda é verdadeira: Se vocês forem um no Senhor

Princípios Práticos para o Casamento

            Como eles funcionam? Permita-me partilhar com vocês alguns princípios práticos e fáceis que Deus oferece na Sua Palavra àqueles que estão a pensar em casar, àqueles que anelam transformar o seu casamento e àqueles que desejam tornar aquilo que é bom em melhor!

            Princípio 1 – “Amar”. O primeiro princípio vem envolto pela palavra “amor”. Efésios 5:25-29

            Não há seres mais vaidosas no mundo do que os homens! Observe-os olhando-se ao espelho, peça manhã. Com que delicadeza massajam o rosto, fazem a barba como se fosse uma obra de arte, um pequeno corte é delicadamente lavado e tratado como se fosse uma grande cirurgia. Olhe-os enquanto penteiam os cabelos. Cada fio é cuidadosamente colocado no seu lugar e tratado e algumas vezes fixado. As mulheres podem ser vaidosas, mas creio que os homens ainda o são muito mais! E é isso o que Paulo escreve: “vocês maridos devem cuidar de vossas esposas – da mesma forma como tratam o vosso corpo – com ternura e carinho.

            Paulo leva os maridos, à cruz de Cristo e, apontando para o rosto moribundo de Jesus exclama: “Ouçam, amem as vossas esposas assim como Cristo amou a Igreja”. A palavra grega para amor – agapè (substantivo) ou agapao (verbo) – significa “abnegação, crucificar o eu”.
É o mesmo amor que se encontra em João 3:16.
É o tipo de amor que está disposto a sacrificar-se pelo bem do outro. Coloca o bem do outro acima de si próprio! Interpretando, maridos, significa que devemos colocar os interesses de nossa esposa acima de nossos interesses. A minha esposa é mais importante do que a minha vida. Devo amá-la assim como Jesus me ama.

            De acordo com o princípio do amor sacrificial, o homem não deve ficar amuado e esperar que a mulher busque a reconciliação, “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou...”

            O princípio número um é o amor, amor altruísta. A propósito, simplesmente porque Paulo concita os maridos a iniciarem o amor altruísta não significa que a esposa não deve amar da mesma forma! Efésios 5:21 é claro: “sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”. Há uma submissão mútua no amor de um pelo outro! Mas alguém tem de tomar a iniciativa e, marido, tu és essa pessoa! Isto não nos torna superiores, antes nos deve tornar humildes. Amor.

            Princípio 2 – “Gostar”. Gostar um do outro. Este á um princípio bíblico, como claramente documenta o livro de Cantares. O Cântico de Salomão, uma das maiores canções de amor na literatura diz: “Tal é o meu amado, e tal o meu amigo” (5:16). Os casamentos que duram para sempre – não é só para pessoas se amam uma à outra, mas que também gostam de estar uma com a outra.

            Princípio 3 – “Esquecer ...” No meu pensamento poderiam ser 30 princípios em vez de 3, mas este um é fundamental para a cura no casamento como também para fazê-lo crescer. Consideramos os verbos “amar” e “gostar”. Este é Esquecer. ... “Ame”, “Goste”, e “Esqueça ...”;  de forma mais específica, soltar. É exatamente isso o que a Bíblia está aconselhar e Efésios 4:32: “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”.
            Alguns de nós fomos feridos e ferimos o nosso cônjuge. Eu sei; como pastor, tenho ouvido relatos muito tristes e visto muitas lágrimas. Ouvi o pranto de homens e de mulheres, corações partidos com o fim do casamento. Mas Deus oferece livremente um bálsamo gratuito para a cura de cada casal que o desejar, para cada cônjuge que recebê-lo. Esse bálsamo conjugal, esse remédio especial é chamado perdão.

            A palavra grega comum para “perdão”, literalmente, significa “absolver”, “desobrigar”, “tirar da mente”. Não está aqui a ser sugerido que o abuso contra o cônjuge, contra os filhos, ou a infidelidade devam ser toleradas ou aceites como algum tipo de humildade virtuosa. Esse comportamento destrutivo deve ser abandonado. Se o agressor não mudar o comportamento, a vítima deverá afastar-se desse relacionamento impróprio, pelo menos por um tempo até que haja certeza de mudança. Porém, mesmo em tais circunstâncias, o perdão pode curar?

            Nunca me irei esquecer do artigo que li a respeito de um rapaz que descreveu a sua vida como filho de um alcoólico. No artigo, podia-se sentir a amargura nas entrelinhas, pela dor que o seu pai lhe infligira ao longo dos anos. As últimas palavras do filho foram: “Odiei meu pai durante vinte anos de minha vida. Não o odeio mais. Eu entendo, mas não perdoo. Portanto, pai, não estenda a mão esperando que alguém lhe retribua o gesto. Não espere”.

            Leiamos novamente Efésios 4:32: “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”. Veja, o Calvário é o ponto culminante, iluminado para todo amor, toda associação e todo perdão. Na cruz fomos confrontados com o preço infinito que o próprio Deus pagou para nos perdoar quando nos rebelamos e nos afastamos d´Ele. Jesus, naquela sexta-feira fatídica, não orou: “Pai, amaldiçoa-os porque Tu sabes o que fizeram”. Mas Ele orou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).

           
Conclusão
Uma mulher escreveu esta carta à “Querida Abby” – colunista Abigail Van Buren:
                        Querida Abby: Eu tinha vinte e ele vinte e seis. Dois anos depois de casados e eu nem sequer sonhava que ele pudesse ser infiel. A horrível verdade chegou ao meu lar quando uma jovem viúva de uma fazenda vizinha veio dizer-me que o que estava no seu colo era filho do meu marido. O meu mundo desabou. Desejei morrer. Lutei contra um sentimento de querer matá-la e ao meu marido.

                        Sabia que essa não era a resposta. Orei pedindo forças e direção. E recebi. Sabia que devia perdoar a meu marido, e perdoei. Perdoei-a também. Calmamente disse ao meu marido o que aprendera na oração e os três nos empenhamos por uma solução. O bebé nasceu na minha casa. Todos pensaram que eu dera à luz e que a minha vizinha estava ‘a ajudar-me’. Na verdade foi o contrário e o menino foi criado como meu filho.

                        Fora essa uma compensação divina diante de minha impossibilidade de ter um filho? Não sei. Nunca mencionei esse incidente ao meu marido. Foi um capítulo encerrado na nossa vida durante cinquenta anos. Mas pude ler o amor e a gratidão nos seus olhos milhares de vezes. (Citado em Peterson, 1983, pp. 146, 147).

            Como você pode ver, o mestre de cerimónias na pequena vila estava certo: “guardaste o melhor até para o fim”, porque com Jesus o melhor vem no final. Com Jesus podemos amar novamente... e gostar novamente ... e perdoar novamente ... e muitas outras vezes. Com Jesus, a frase “e viveram felizes para sempre” se transforma-se de mito em milagre. Exactamente o milagre para o qual cada casamento foi predestinado!


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