A QUARTA PALAVRA NO CALVARIO
INTRODUÇÃO:
A declaração de Jesus que vamos reflectir está relatada em Mateus 27: 45 e 46. Foi a quarta palavra, a quarta frase de Jesus na cruz. O texto começa por dizer que houve trevas sobre toda a terra desde a hora sexta (meio dia) até a hora nona ( três horas da tarde).
DESENVOLVIMENTO:
Uma escuridão miraculosa cobriu o Gólgota, escondendo Jesus aos olhos humanos. E era meio-dia. A própria natureza envergonhada esconde a face da terrível cena do Calvário, como a manifestar simpatia pelo seu Autor agonizante. As injúrias dos lábios da multidão cessaram. O medo e uma certa angustia apertavam cada coração. O único barulho que se ouvia vinha dos gemidos e suspiros dos que estavam naquelas três cruzes.
Cristo suportava o horror das grandes trevas para que um dia pudéssemos entrar na Sua grande Luz. O Deus que é a Luz tornou-Se portador de pecado e suportou a escuridão da separação de Seu Pai. Aquele que podia salvar os outros não podia salvar-se a Si mesmo, para que pudéssemos ser salvos.
Mas, de repente, soaram palavras em meio da escuridão, rompendo o longo silêncio. E Jesus gritou como quem grita a um amigo perdido: “Eli, Eli” - Deus Meu, Deus Meu. A Sua voz estava rouca, ferida e então Ele completa: “Por que me desamparaste?”
Os três primeiros brados da cruz foram emitidos à luz do dia. Mas, neste momento, o sofrimento do Salvador foi envolto em trevas. O brado de abandono, como é chamado, ocorreu apropriadamente no meio das sete frases. É ele que nos faz entrar no mistério do Deus sofredor. “Meu Deus, Meu Deus, por que Me abandonaste?”
É preciso compreender que na cruz convergiram todas as forças do Universo: 1) o homem fez a sua parte imolando o Filho de Deus e mostrando a maldade do seu coração; 2) Satanás fez a sua parte ferindo a semente da mulher e demonstrando hostilidade que roía o seu coração; 3) Jesus realizou a Sua obra, pois morreu “O justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus.” I Pedro 3: 18; por fim, 4) Deus também fez a Sua parte demonstrando a Sua justiça e amor, quando derramou a Sua ira sobre o Filho.
Para que Deus nos abençoe, Ele teve que dar as Suas costas. Sem dúvida, devemos aproximar-nos da cruz, maravilhados. Mas, a grande pergunta é: O que significa este clamor de abandono por parte de Jesus?
Em primeiro lugar temos que deixar claro que o grito de Jesus reflecte uma angústia real. Deus não está a brincar ao esconde-esconde. Ele deixou, de facto, o Seu Filho sozinho na cruz. Deus permitiu que Jesus experimentasse o aniquilamento total, pois de outra forma a vida e a esperança não voltariam ao coração dos homens.
Ainda que não pareça, a oração de Jesus agonizante foi uma oração de confiança e não de desespero. Na Sua maior angústia, Ele bradou ao Seu único consolo e amparo.
Não houve revolta nas Suas palavras. Ele não estava a exigir uma intervenção magnífica da parte do Pai.
Estava abandonado por tudo e por todos, inclusive pelo Pai.
Mesmo assim, manifestou-Lhe a Sua dor. Ele creu no Pai, tanto que a Ele recorreu, mesmo que fosse para comunicar que a solidão estava insuportável.
“Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?”
Que diferença das experiências anteriores com o Pai! No Jardim do Getsémani, tivera um Deus que O fortalecera. Na cruz, o mesmo Deus fica em silêncio. No Getsémani, Ele diz 36 Palavras de Esperança - As últimas palavras de Jesus podia chamar doze legiões de anjos que O teriam salvado rapidamente. Antes disso, afirmou que o Pai não O deixara só. Porém, o Pai parece não estar lá. No Getsémani, o Filho foi tentado a abandonar o Pai. Na cruz, o Pai abandonou o Filho.
Somente aqui, em todo o Evangelho, Jesus Se dirige ao Pai como “Deus”. Essa mudança de tratamento significa quebra de comunhão entre Pai e Filho. Naquele momento o Pai não parecia estar agindo como um pai. O sofrimento do Filho já era terrível, mas suportá-lo sem a presença do Pai aumentava ainda mais o terror.
Esse brado é de tão difícil aceitação para nós que muitos acreditam que o Pai não abandonou realmente o filho, mas que Jesus apenas Se sentiu abandonado.
Outros dizem que na agonia, Jesus começou a delirar e não sabia o que estava a dizer. Outros argumentam que o sofrimento físico era tão intenso que aquela exclamação de abandono foi praticamente arrancada dos Seus lábios por causa da dor.
Mas não devemos escamotear o verdadeiro significado dessas palavras. Jesus esteve consciente até ao último minuto da sua vida. Não delirava. Ele sabia o que estava a dizer. E, é claro, que a dor física era terrível, mas o Seu brado não foi resultado dessa dor, mas sim da dor de estar separado do Pai.
Em saber que estava a chegar ao sacrifício para salvar aquilo que mais amava no mundo: o ser humano. Não nos enganemos. Por nossa causa Ele sofreu o verdadeiro abandono por parte do Pai.
Abandonado é uma palavra forte. É uma das palavras mais tristes em qualquer idioma. Um homem abandonado por seus amigos. Uma esposa abandonada pelo marido. É duro imaginar que, até uma mãe, pode ser capaz de abandonar o seu filho. Concluímos que do ser humano podemos esperar tudo. Mas de Deus?... De Deus só esperamos consolo. De Deus só esperamos presença amorosa na hora do desespero. Sem Deus nada podemos, sem Ele não resta nada.
A ausência de Deus é o momento da mais suprema prova pela qual podemos passar. Porque aí se mostra o momento da verdadeira tentação: a de desistir de Deus. A tentação de aderir plenamente ao mal, de descrer totalmente do amor.
Porém, ali estava Jesus no momento mais doloroso da Sua vida. Pregado na cruz e impossibilitado de Se mexer, estava ali a pagar o preço de nossa culpa e, pior ainda, por causa disso completamente abandonado do Pai.
O Filho era amado pelo Pai desde a eternidade. A presença do Pai era o Seu único prazer. Assim a ocultação da face do Pai era o gole mais amargo do cálice que Ele decidiu beber por nós. Se nós, que somos pecadores, consideramos aterradora a ideia de ser abandonado por Deus, pense no sofrimento do Filho, que por toda a eternidade tinha estado ao lado do Pai! Imagine-O agora abandonado!
Se Deus não abandonou o povo de Israel quando estava diante do Mar Vermelho; não abandonou os três jovens hebreus na fornalha ardente; não abandonou Daniel na cova dos leões; se Ele promete que nunca nos abandonará, que nunca nos deixará; como é então que no momento mais crítico , o Pai Se esqueceu de Jesus? Em que sentido Ele Se afastou do Filho? Por que o Pai ficou em silêncio?
Dois mil anos antes, Deus pedira a Abraão que oferecesse o seu filho Isaque sobre um altar erguido no Monte Moriá. No entanto, quando a faca foi erguida, Jeová interveio. “Não toques no rapaz... não lhe faças nada. Agora sei que temes a Deus, porque não me negaste o teu filho, o teu único filho.” (Gén. 22:12). E assim a vida de Isaque foi poupada.
A voz proferida no Monte Moriá estava agora silenciosa no Calvário. Então, por que o Filho foi abandonado pelo Pai?
Os anjos, sem dúvida, buscaram uma resposta, pois têm interesse no assunto relativo à nossa salvação. (I Pedro 1:12). Os fariseus, que se encontravam a curta distância da cruz, não tinham a capacidade de responder. Os sacerdotes e soldados romanos não tinham também como compreender.
O mesmo acontece hoje. Muitos continuam indagando como isso foi possível. Vamos procurar entender.
Primeiro essa expressão “Deus Meu, Deus Meu, por que me desamparaste?” está registada no Salmo 22:1. Jesus deve ter aprendido o Salmo 22 quando era criança. De certa forma, este Salmo era uma profecia do que aconteceria no Calvário e é chamado o Salmo da Cruz. Ele começa exactamente assim: “Deus Meu, Deus Meu, por que me desamparaste?” (v.1). O verso 2 apresenta outro clamor de tristeza e solidão e o verso 3 explica: “Contudo Tu és santo...” (Salmo 22:3).
Quer dizer que Deus abandonou Seu Filho porque Ele é santo? Ao ler Habacuque 1:13, talvez possamos entenda melhor o que estamos a meditar. No versículo diz assim: “Tu és puro de olhos e não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar.” (Hab. 1:13).
Agora é preciso juntar as peças para formar o quadro: antes de qualquer coisa é preciso saber que na cruz do Calvário Jesus estava a pagar o preço do pecado. O pecado de quem? Do meu, do seu, o preço do pecado de todos os seres humanos de todos os tempos; todos os pecados havidos e por haver, todos os pecados imaginados, todos os pecados acontecidos ao longo da história deste mundo, desde o primeiro pecado de Adão e Eva, até o último pecado que neste momento está sendo cometido. Todos os pecados, os que serão cometidos amanhã e depois de amanhã, todos os pecados de todos os tempos, de todos os homens foram depositados nos ombros do Senhor Jesus, quando Ele morreu na cruz.
O mais terrível do pecado é a separação que Ele provoca entre o Criador e a criatura. O mais terrível do pecado está retratado na cruz. O pecado separou Deus, o Pai, de Deus o Filho. Os olhos de Deus são tão puros que não podiam contemplar a iniquidade. Agora entendemos porque o meio dia se tornou meia noite. As trevas físicas simbolizavam a separação entre Cristo e o Pai, que é Luz.
O teólogo John Stott escreveu: “Os nossos pecados obscureceram o brilho do Sol da face de Seu Pai.” Isso explica porque Ele teria preferido não beber desse cálice. A) Ao longo de toda a vida sofrera nas mãos dos homens. B) Em determinado momento sofreu nas mãos de Satanás. C) Mas agora sofria nas mãos de Deus. “Deus Meu, Deus Meu, por que me desamparaste?” - “Porque Tu és santo”- é a resposta que Ele mesmo dá.
O Pai abandonou o Filho porque Sua santidade o exigia. Ele foi separado do Pai por causa do pecado. Isaías 59:1 e 2 ensina que o pecado nos separa de Deus. Em II Coríntios 5:21 lemos que Jesus “ se fez pecado por nós”. Ao tornar-se “pecado por nós”, Ele recebeu o castigo dos nossos pecados, e a última penalidade do pecado é ser abandonado por Deus (II Tess.1:9).
Até onde Jesus estava disposto a ir para nos salvar? Mateus 27:46 especifica a distância. Jesus deixou a imponência do Céu, mas Ele foi mais longe do que isso.
Ele veio a esta Terra como ser humano e servo. Mas Ele foi ainda mais longe. Ele sofreu vergonha e rejeição, porém foi mais longe. Ele foi para a cruz, mas a jornada ainda não estava no fim. Para nos salvar Jesus estava disposto a ir até ao lugar onde seria abandonado por Deus.
Ele foi abandonado nas trevas exteriores para que pudéssemos caminhar na luz. Ele foi abandonado por Deus para que fôssemos aceitos por Ele. Agarremo-nos hoje a essa promessa: “nunca te deixarei, nunca o abandonarei.” (Heb.13: 5).
Paulo assegura-nos de que nada nos poderá separar do amor de Cristo. (Rom 8: 35 a 39).
Ele foi amaldiçoado para que fôssemos abençoados. Ele foi condenado para que pudéssemos dizer: “portanto, agora já não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus.” (Rom 8:1).
Ele sofreu os horrores do inferno (segunda morte) para que desfrutássemos o Céu com Ele. Ele bebeu o cálice da angústia para que bebêssemos o cálice da alegria. O pecado como uma repulsiva serpente agarrou-se a Ele, mas Ele suportou a picada por nós.
Não consigo entender isto: Como Jesus pôde fazer isto por nós? Como me pôde amar a mim e a ti tanto?
CONCLUSÃO:
Depois de tudo o que Jesus fez por nós, tenha certeza, meu amigo, que quando O aceitamos, podemos esconder-nos atrás dos muros da Sua graça e que estamos salvos da ira.
Experiencia: Um homem que não tinha nenhuma consideração por Deus, estava à morte num pequeno abrigo. Com a aproximação de seus momentos finais, pediu à filha para assoprar a vela que estava sobre a mesa. Ela disse “Não, pai. Você não pode morrer no escuro.” Ele respondeu: “Sim, eu morrerei no escuro.” Ele morreu, da maneira que viveu. Viveu em trevas, morreu em trevas.
Connosco não precisa e nem deve ser assim. Na cruz Jesus proferiu palavras de esperança para você e para mim, dizendo que estava sendo abandonado para você ser achado, encontrado, perdoado e amado.
Estou muito grato a Deus, mais uma vez, por tudo o que sofreu por mim na cruz. Quero aceitá-Lo mais uma vez no meu coração, como o meu Maravilhoso Salvador. Se você tem o mesmo sentimento de gratidão a Deus levante a mão.
INTRODUÇÃO:
A declaração de Jesus que vamos reflectir está relatada em Mateus 27: 45 e 46. Foi a quarta palavra, a quarta frase de Jesus na cruz. O texto começa por dizer que houve trevas sobre toda a terra desde a hora sexta (meio dia) até a hora nona ( três horas da tarde).
DESENVOLVIMENTO:
Uma escuridão miraculosa cobriu o Gólgota, escondendo Jesus aos olhos humanos. E era meio-dia. A própria natureza envergonhada esconde a face da terrível cena do Calvário, como a manifestar simpatia pelo seu Autor agonizante. As injúrias dos lábios da multidão cessaram. O medo e uma certa angustia apertavam cada coração. O único barulho que se ouvia vinha dos gemidos e suspiros dos que estavam naquelas três cruzes.
Cristo suportava o horror das grandes trevas para que um dia pudéssemos entrar na Sua grande Luz. O Deus que é a Luz tornou-Se portador de pecado e suportou a escuridão da separação de Seu Pai. Aquele que podia salvar os outros não podia salvar-se a Si mesmo, para que pudéssemos ser salvos.
Mas, de repente, soaram palavras em meio da escuridão, rompendo o longo silêncio. E Jesus gritou como quem grita a um amigo perdido: “Eli, Eli” - Deus Meu, Deus Meu. A Sua voz estava rouca, ferida e então Ele completa: “Por que me desamparaste?”
Os três primeiros brados da cruz foram emitidos à luz do dia. Mas, neste momento, o sofrimento do Salvador foi envolto em trevas. O brado de abandono, como é chamado, ocorreu apropriadamente no meio das sete frases. É ele que nos faz entrar no mistério do Deus sofredor. “Meu Deus, Meu Deus, por que Me abandonaste?”
É preciso compreender que na cruz convergiram todas as forças do Universo: 1) o homem fez a sua parte imolando o Filho de Deus e mostrando a maldade do seu coração; 2) Satanás fez a sua parte ferindo a semente da mulher e demonstrando hostilidade que roía o seu coração; 3) Jesus realizou a Sua obra, pois morreu “O justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus.” I Pedro 3: 18; por fim, 4) Deus também fez a Sua parte demonstrando a Sua justiça e amor, quando derramou a Sua ira sobre o Filho.
Para que Deus nos abençoe, Ele teve que dar as Suas costas. Sem dúvida, devemos aproximar-nos da cruz, maravilhados. Mas, a grande pergunta é: O que significa este clamor de abandono por parte de Jesus?
Em primeiro lugar temos que deixar claro que o grito de Jesus reflecte uma angústia real. Deus não está a brincar ao esconde-esconde. Ele deixou, de facto, o Seu Filho sozinho na cruz. Deus permitiu que Jesus experimentasse o aniquilamento total, pois de outra forma a vida e a esperança não voltariam ao coração dos homens.
Ainda que não pareça, a oração de Jesus agonizante foi uma oração de confiança e não de desespero. Na Sua maior angústia, Ele bradou ao Seu único consolo e amparo.
Não houve revolta nas Suas palavras. Ele não estava a exigir uma intervenção magnífica da parte do Pai.
Estava abandonado por tudo e por todos, inclusive pelo Pai.
Mesmo assim, manifestou-Lhe a Sua dor. Ele creu no Pai, tanto que a Ele recorreu, mesmo que fosse para comunicar que a solidão estava insuportável.
“Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?”
Que diferença das experiências anteriores com o Pai! No Jardim do Getsémani, tivera um Deus que O fortalecera. Na cruz, o mesmo Deus fica em silêncio. No Getsémani, Ele diz 36 Palavras de Esperança - As últimas palavras de Jesus podia chamar doze legiões de anjos que O teriam salvado rapidamente. Antes disso, afirmou que o Pai não O deixara só. Porém, o Pai parece não estar lá. No Getsémani, o Filho foi tentado a abandonar o Pai. Na cruz, o Pai abandonou o Filho.
Somente aqui, em todo o Evangelho, Jesus Se dirige ao Pai como “Deus”. Essa mudança de tratamento significa quebra de comunhão entre Pai e Filho. Naquele momento o Pai não parecia estar agindo como um pai. O sofrimento do Filho já era terrível, mas suportá-lo sem a presença do Pai aumentava ainda mais o terror.
Esse brado é de tão difícil aceitação para nós que muitos acreditam que o Pai não abandonou realmente o filho, mas que Jesus apenas Se sentiu abandonado.
Outros dizem que na agonia, Jesus começou a delirar e não sabia o que estava a dizer. Outros argumentam que o sofrimento físico era tão intenso que aquela exclamação de abandono foi praticamente arrancada dos Seus lábios por causa da dor.
Mas não devemos escamotear o verdadeiro significado dessas palavras. Jesus esteve consciente até ao último minuto da sua vida. Não delirava. Ele sabia o que estava a dizer. E, é claro, que a dor física era terrível, mas o Seu brado não foi resultado dessa dor, mas sim da dor de estar separado do Pai.
Em saber que estava a chegar ao sacrifício para salvar aquilo que mais amava no mundo: o ser humano. Não nos enganemos. Por nossa causa Ele sofreu o verdadeiro abandono por parte do Pai.
Abandonado é uma palavra forte. É uma das palavras mais tristes em qualquer idioma. Um homem abandonado por seus amigos. Uma esposa abandonada pelo marido. É duro imaginar que, até uma mãe, pode ser capaz de abandonar o seu filho. Concluímos que do ser humano podemos esperar tudo. Mas de Deus?... De Deus só esperamos consolo. De Deus só esperamos presença amorosa na hora do desespero. Sem Deus nada podemos, sem Ele não resta nada.
A ausência de Deus é o momento da mais suprema prova pela qual podemos passar. Porque aí se mostra o momento da verdadeira tentação: a de desistir de Deus. A tentação de aderir plenamente ao mal, de descrer totalmente do amor.
Porém, ali estava Jesus no momento mais doloroso da Sua vida. Pregado na cruz e impossibilitado de Se mexer, estava ali a pagar o preço de nossa culpa e, pior ainda, por causa disso completamente abandonado do Pai.
O Filho era amado pelo Pai desde a eternidade. A presença do Pai era o Seu único prazer. Assim a ocultação da face do Pai era o gole mais amargo do cálice que Ele decidiu beber por nós. Se nós, que somos pecadores, consideramos aterradora a ideia de ser abandonado por Deus, pense no sofrimento do Filho, que por toda a eternidade tinha estado ao lado do Pai! Imagine-O agora abandonado!
Se Deus não abandonou o povo de Israel quando estava diante do Mar Vermelho; não abandonou os três jovens hebreus na fornalha ardente; não abandonou Daniel na cova dos leões; se Ele promete que nunca nos abandonará, que nunca nos deixará; como é então que no momento mais crítico , o Pai Se esqueceu de Jesus? Em que sentido Ele Se afastou do Filho? Por que o Pai ficou em silêncio?
Dois mil anos antes, Deus pedira a Abraão que oferecesse o seu filho Isaque sobre um altar erguido no Monte Moriá. No entanto, quando a faca foi erguida, Jeová interveio. “Não toques no rapaz... não lhe faças nada. Agora sei que temes a Deus, porque não me negaste o teu filho, o teu único filho.” (Gén. 22:12). E assim a vida de Isaque foi poupada.
A voz proferida no Monte Moriá estava agora silenciosa no Calvário. Então, por que o Filho foi abandonado pelo Pai?
Os anjos, sem dúvida, buscaram uma resposta, pois têm interesse no assunto relativo à nossa salvação. (I Pedro 1:12). Os fariseus, que se encontravam a curta distância da cruz, não tinham a capacidade de responder. Os sacerdotes e soldados romanos não tinham também como compreender.
O mesmo acontece hoje. Muitos continuam indagando como isso foi possível. Vamos procurar entender.
Primeiro essa expressão “Deus Meu, Deus Meu, por que me desamparaste?” está registada no Salmo 22:1. Jesus deve ter aprendido o Salmo 22 quando era criança. De certa forma, este Salmo era uma profecia do que aconteceria no Calvário e é chamado o Salmo da Cruz. Ele começa exactamente assim: “Deus Meu, Deus Meu, por que me desamparaste?” (v.1). O verso 2 apresenta outro clamor de tristeza e solidão e o verso 3 explica: “Contudo Tu és santo...” (Salmo 22:3).
Quer dizer que Deus abandonou Seu Filho porque Ele é santo? Ao ler Habacuque 1:13, talvez possamos entenda melhor o que estamos a meditar. No versículo diz assim: “Tu és puro de olhos e não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar.” (Hab. 1:13).
Agora é preciso juntar as peças para formar o quadro: antes de qualquer coisa é preciso saber que na cruz do Calvário Jesus estava a pagar o preço do pecado. O pecado de quem? Do meu, do seu, o preço do pecado de todos os seres humanos de todos os tempos; todos os pecados havidos e por haver, todos os pecados imaginados, todos os pecados acontecidos ao longo da história deste mundo, desde o primeiro pecado de Adão e Eva, até o último pecado que neste momento está sendo cometido. Todos os pecados, os que serão cometidos amanhã e depois de amanhã, todos os pecados de todos os tempos, de todos os homens foram depositados nos ombros do Senhor Jesus, quando Ele morreu na cruz.
O mais terrível do pecado é a separação que Ele provoca entre o Criador e a criatura. O mais terrível do pecado está retratado na cruz. O pecado separou Deus, o Pai, de Deus o Filho. Os olhos de Deus são tão puros que não podiam contemplar a iniquidade. Agora entendemos porque o meio dia se tornou meia noite. As trevas físicas simbolizavam a separação entre Cristo e o Pai, que é Luz.
O teólogo John Stott escreveu: “Os nossos pecados obscureceram o brilho do Sol da face de Seu Pai.” Isso explica porque Ele teria preferido não beber desse cálice. A) Ao longo de toda a vida sofrera nas mãos dos homens. B) Em determinado momento sofreu nas mãos de Satanás. C) Mas agora sofria nas mãos de Deus. “Deus Meu, Deus Meu, por que me desamparaste?” - “Porque Tu és santo”- é a resposta que Ele mesmo dá.
O Pai abandonou o Filho porque Sua santidade o exigia. Ele foi separado do Pai por causa do pecado. Isaías 59:1 e 2 ensina que o pecado nos separa de Deus. Em II Coríntios 5:21 lemos que Jesus “ se fez pecado por nós”. Ao tornar-se “pecado por nós”, Ele recebeu o castigo dos nossos pecados, e a última penalidade do pecado é ser abandonado por Deus (II Tess.1:9).
Até onde Jesus estava disposto a ir para nos salvar? Mateus 27:46 especifica a distância. Jesus deixou a imponência do Céu, mas Ele foi mais longe do que isso.
Ele veio a esta Terra como ser humano e servo. Mas Ele foi ainda mais longe. Ele sofreu vergonha e rejeição, porém foi mais longe. Ele foi para a cruz, mas a jornada ainda não estava no fim. Para nos salvar Jesus estava disposto a ir até ao lugar onde seria abandonado por Deus.
Ele foi abandonado nas trevas exteriores para que pudéssemos caminhar na luz. Ele foi abandonado por Deus para que fôssemos aceitos por Ele. Agarremo-nos hoje a essa promessa: “nunca te deixarei, nunca o abandonarei.” (Heb.13: 5).
Paulo assegura-nos de que nada nos poderá separar do amor de Cristo. (Rom 8: 35 a 39).
Ele foi amaldiçoado para que fôssemos abençoados. Ele foi condenado para que pudéssemos dizer: “portanto, agora já não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus.” (Rom 8:1).
Ele sofreu os horrores do inferno (segunda morte) para que desfrutássemos o Céu com Ele. Ele bebeu o cálice da angústia para que bebêssemos o cálice da alegria. O pecado como uma repulsiva serpente agarrou-se a Ele, mas Ele suportou a picada por nós.
Não consigo entender isto: Como Jesus pôde fazer isto por nós? Como me pôde amar a mim e a ti tanto?
CONCLUSÃO:
Depois de tudo o que Jesus fez por nós, tenha certeza, meu amigo, que quando O aceitamos, podemos esconder-nos atrás dos muros da Sua graça e que estamos salvos da ira.
Experiencia: Um homem que não tinha nenhuma consideração por Deus, estava à morte num pequeno abrigo. Com a aproximação de seus momentos finais, pediu à filha para assoprar a vela que estava sobre a mesa. Ela disse “Não, pai. Você não pode morrer no escuro.” Ele respondeu: “Sim, eu morrerei no escuro.” Ele morreu, da maneira que viveu. Viveu em trevas, morreu em trevas.
Connosco não precisa e nem deve ser assim. Na cruz Jesus proferiu palavras de esperança para você e para mim, dizendo que estava sendo abandonado para você ser achado, encontrado, perdoado e amado.
Estou muito grato a Deus, mais uma vez, por tudo o que sofreu por mim na cruz. Quero aceitá-Lo mais uma vez no meu coração, como o meu Maravilhoso Salvador. Se você tem o mesmo sentimento de gratidão a Deus levante a mão.
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