segunda-feira, 30 de julho de 2012

A NOSSA PAZ

PRECE: Senhor Deus, nós nos chegamos a Ti, nosso compassivo Redentor; rogamos-Te, por amor de Cristo, por amor do Teu próprio Filho. Nosso Pai, que manifestes o Teu poder entre os que se achegam a Ti. Precisamos de sabedoria; precisamos da verdade; precisamos que o Espírito Santo esteja connosco, esta noite e sempre. Por Jesus. Amém.

Esta noite, desejo falar de um outro personagem que encontrou Jesus! Se ele não tivesse nome, chamar-lhe-ia: O homem da beira do caminho. Mas ele tem nome. É aquele género de pessoa muito trabalhadora, muito cuidadosa da sua família, não perde tempo com os boatos. Trabalha no campo. Cultiva o necessário para que não falte nada em casa. Não procura novidades, mas às vezes as novidades vão ter com ele. Foi o que se passou com o homem à beira do caminho, o homem que fez o que a multidão não fez.

Este é um homem diferente de todos os que encontramos a falar com Jesus. Ele não procurou Jesus, nem Jesus o procurou a ele, mas encontraram-se. Antes de dizer o nome desta pessoa, vamos ver o que o levou ao encontro de Jesus e vice-versa!

Uma grande multidão seguiu Jesus do tribunal até ao Calvário. A notícia da Sua condenação e morte iminente espalhou-se por toda a Jerusalém e todas as cidades. Gente de todas as classes e de todas as categorias afluíam ao lugar da crucifixão.

Há muito tempo que a cruz lançava a sua sombra por onde Jesus passava. Podemos dizer que a sombra da cruz era a própria sombra de Jesus.

Jerusalém está cheia de peregrinos que vêm de Israel e de todas as terras onde habitavam judeus. Há um ruído no ar, alguns cantam os salmos, outros oram em voz alta, outros conversam nervosos, mas naquela sexta-feira, havia uma nuvem escura no ar, um ambiente estranho, pesado!

Jesus conhecia a confusão desordenada das paixões, de preconceitos e de intrigas que já estavam a ser tecidas pelos Seus inimigos. Ele tinha caminhado entre desafios e curas, entre as acusações ao semear a bondade, os extremos tinham tocado permanentemente Jesus. Uma noite não tinha onde reclinar a cabeça e num dia quiseram aclamá-Lo rei.

Jesus tinha ensinado durante três anos e meio as doutrinas que levam ao Céu e estas estavam em contraste com as doutrinas erradas ensinadas pelos dirigentes religiosos de Israel. Pecadores tinham aceite os Seus ensinos. Olhos tinham-se aberto para o plano da salvação. Ouvidos dos surdos ouviam agora a melodia do Céu. A luz clara da verdade tinha iluminado mentes cheias de preconceitos. Os tristes e aflitos tinham descoberto o riso. O poder da morte tinha sido desafiado. Lázaro, morto durante quatro dias, tinha sido ressuscitado pelo Senhor da vida. Todos sabiam que Lázaro o irmão de Marta e Maria, vivia, trabalhava e desfrutava da vida a curta distância de Jerusalém.

Por essas coisas, os chefes políticos, os principais sacerdotes e escribas, não podiam perdoar a Jesus. A Sua existência, por si só, era uma crítica que eles não podiam suportar. A presença de Jesus em Jerusalém era a sua oportunidade de O matarem.

Estas pessoas tinham a mente obscurecida por Satanás, não viam que estavam a caminhar ao ritmo de todas as profecias bíblicas, centenas de profecias escritas centenas de anos antes. Eles tinham-nas lido tantas vezes, tantas vezes explicado. Agora estavam cegos! A mente deles possuída pelo sentimento do orgulho tinha-se fechado ao poder do Espírito Santo.

Jesus estava em Jerusalém, sabia das intenções que se congeminavam contra Ele, mas sabia que era o Cordeiro Pascal, “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.” João 1:29. Ele tinha vindo para Se oferecer como sacrifício voluntário, não porque fosse obrigado, mas estava ali por vontade própria.

Jesus, que não tinha pecado, tinha revelado o Santo carácter de Deus, na obediência perfeita à quebrada Lei de Deus, essa Lei tão imutável como é imutável o carácter de Deus. Jesus está pronto como o obediente salvador a ser o nosso substituto, levar sobre Si os pecados de todo o mundo, para que, quando O aceitarmos como nosso Salvador pessoal, possamos receber o dom da Sua perfeita justiça e ser salvos: “Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” II Coríntios 5:21

Jesus foi condenado, para que a justificação, a inocência possa ser nossa. A agonia foi de Jesus, para que a Vitória pudesse ser nossa. O sofrimento foi de Jesus, para que a cura pudesse ser nossa. A maldição foi posta sobre Jesus, para que a bênção possa ser posta sobre nós. A morte foi d’Ele, para que a vida que foi comprada pudesse ser minha.

Por isso Jesus deixou-Se prender, ser julgado, condenado e aceitou levar a cruz. Mas tudo foi tão rápido que não houve tempo de preparar uma cruz para Ele. À Sua medida. A cruz que Lhe colocaram às costas foi a do criminoso absolvido à última da hora. A cruz de Barrabás, do pecador, do criminoso, do mentiroso, do transgressor, foi a cruz de Barrabás que colocaram sobre os ombros de Jesus.

Eu não sei, mas tudo me leva a supor que Barrabás era um homem de grande estatura, rude, todas as suas acções centravam-se na força e na violência. A cruz era um castigo, não só porque seria o instrumento da crucifixão, mas era um castigo pelo peso do madeiro. Era preciso cair, transpirar, deveria ser um espectáculo de vingança aos olhos de todos os que tinham sofrido por causa daquele criminoso. Esta era a cruz do último instante, destinada à pessoa errada!

Dois companheiros de Barrabás iriam morrer ao mesmo tempo que Jesus e sobre eles também puseram cruzes. A carga do Salvador era demasiado pesada tanto pelo peso da cruz, como pelo estado de fraqueza e sofrimento em que Se encontrava. Desde a ceia pascal com os discípulos, Ele não tinha voltado a comer ou a beber. Angustiara-Se no jardim do Getsémani em conflito com as forças satânicas. Suportara a agonia da traição, Judas tinha-O vendido, Pedro tinha-O traído, os outros discípulos abandonaram-nO e fugiram.

Durante o processo de julgamento e condenação Jesus foi insultado, duas vezes torturado com o chicote. Toda aquela noite fora uma sucessão de cenas de molde a provar até ao máximo a alma de qualquer ser humano. Jesus não fracassou. Não proferiu palavra alguma que não visasse a glória de Deus. Mas quando, depois de ter sido açoitado pela segunda vez, a cruz Lhe foi posta sobre os ombros, a natureza humana de Cristo não pôde suportar mais. Caiu desmaiado sob a carga!

A multidão que seguia o Salvador viu os Seus passos fracos e vacilantes, mas nem todos manifestaram compaixão. Alguns apuparam-nO e injuriaram-nO por não ser capaz de levar a pesada cruz. De novo a carga Lhe foi posta em cima e outra vez caiu desmaiado por terra. Os perseguidores viram que Jesus não tinha forças para subir aquele Monte com o peso da Cruz!

Era impossível encontrar alguém que voluntariamente quisesse levar a cruz. A cruz era sinal de maldição e contaminação. Especialmente naquela altura, celebrava-se a Páscoa.

À beira do caminho está um homem, o homem da beira do caminho, um homem que veio do campo, ele não está ali para escarnecer, está ali porque ouviu os gritos. Aproximou-se do caminho, parece nem ver a multidão mas ouve esta gritaria: “Abri caminho para o Rei dos judeus!” fica espantado com a cena, os seus olhos só vêem Aquele que leva a cruz, vê o Seu rosto, ouve os Seus gemidos que lhe entram na alma e sem hesitação, sem reparar no ambiente à sua volta, aproxima-se do Condenado.

Há muitas mulheres na multidão que seguem, vão ali, choram, mas que podem fazer? São mulheres! Algumas já O tinham visto antes. Outras levaram-Lhe doentes e sofredores. Outras tinham sido curadas por Jesus. Entre elas falam do bem que Jesus tinha feito. Admiram-se com o ódio da multidão. O homem da beira do caminho ouve as mulheres, e comove-se ainda mais!

E apesar da acção da multidão enfurecida, e das coléricas palavras dos sacerdotes que gritam e excitam a multidão, estas mulheres exprimem a sua admiração. Quando Jesus cai desfalecido sob a cruz, elas irrompem num choro angustiante.

O homem da beira do caminho, sabe que muitas daquelas mulheres, não têm grande reputação. Mas vê Jesus olhá-las com terna simpatia. Vê e ouve Jesus que não despreza a compaixão delas e ouve Jesus dizer estas palavras: “Filhas de Jerusalém, disse Ele, não choreis por Mim, chorai antes por vós mesmas, e pelos vossos filhos.” Lucas 23:28

O homem da beira do caminho começa a caminhar ao lado de Jesus, Jesus tropeça e cai, não tem forças para se levantar. O homem coloca uma mão sobre a cruz, olha ao derredor como num apelo por clemência. De repente sente-se agarrado por mãos violentas e é colocado sobre a Cruz!

Este homem chamava-se Simão o cireneu, ouvira falar de Jesus. Os seus filhos Alexandre e Rufos criam n’Ele, mas ele próprio não era discípulo. Levar a cruz ao Calvário foi para ele uma bênção e, enquanto a transportava sentiu a atmosfera do Céu, sentiu anjos ao redor, sentiu uma força que não podia explicar, sentiu uma paz e gratidão por levar a cruz. E de repente levava a cruz de Cristo, não só porque lha tinham colocado sobre os ombros, mas porque ele próprio queria, sentia uma alegria imensa sob o seu peso!

Querido amigo, O que é a cruz para si? É só um crucifixo de madeira pendurado na parede, uma medalha pendurada ao pescoço? Ou gostaria de estar no lugar de Simão, ser o homem da beira do caminho?

Simão levou a cruz até ao Calvário e Jesus caminhava ao lado dele empurrado pelos soldados e pelo povo. Quando chegaram ao alto da montanha, crucificaram Jesus. Simão ficou ali e viu tudo. Viu o imaculado Filho de Deus que pendia da cruz, viu a carne lacerada pelos açoites, aquelas mãos tantas vezes estendidas para abençoar, pregadas nas barras de madeira; aqueles pés tão incansáveis ao serviço do amor, cravados no madeiro; viu a cabeça ferida pela coroa de espinhos; viu aqueles lábios trémulos expressarem palavras num grito de dor.

Viu Jesus ser crucificado de braços abertos, sobre a cruz, viu o sangue a escorrer. Viu e ouviu tudo, o sangue que jorra da cabeça, das mãos, dos pés, a agonia que Lhe atormentou o corpo, a indizível angústia que Lhe encheu a alma quando a face do Pai se escondeu – tudo falava de amor e Simão o pai de Alexandre e Rufos, creu, creu que era por ele e por toda a família humana que o Filho de Deus estava pendurado naquela cruz.

Querido amigo foi por si que o Filho de Deus consentiu em morrer na cruz. Mas muito mais do que isso consentiu em levar o fardo do pecado. O seu pecado e o meu! E é graças à Sua morte e por levar o meu pecado para o túmulo que a porta do Paraíso se pode abrir para si e para mim no dia do Juízo final!

De repente Simão viu a escuridão erguer-se por sobre a cruz, e em tons claros, como de trombeta, tons que pareciam ressoar por toda a criação, Jesus gritar: SLIDE 0021 “Eli, Eli, lama sabactâni. Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste? Nesse instante o véu do templo se rasgou em duas partes, de alto abaixo. Tremeu a terra, e fenderam-se as rochas. Abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam, ressurgiram.” Mateus 27:46,51-52. Uma luz envolveu a cruz, e o rosto do Salvador brilhou com uma glória semelhante à do Sol. Baixou então a Sua cabeça sobre o peito e expirou.

A Terra nunca testemunhara antes uma cena assim. A multidão ficou paralisada e, com a respiração suspensa, fitava o Salvador. A escuridão voltou novamente a cobrir a Terra, e um ruído surdo, como de um forte trovão, fez-se ouvir. Houve um violento terramoto. As pessoas foram atiradas umas sobre as outras, amontoadas. Estabeleceu-se a mais completa desordem e angústia. Nas montanhas vizinhas, os rochedos partiram-se ao meio, rolando com estrondo para as planícies.

Quando saiu dos lábios de Cristo a frase: “Está consumado”, os sacerdotes oficiavam no templo. Era a hora do sacrifício da tarde. O cordeiro, que representava Jesus, fora levado para ser morto. Vestido com a bela roupa própria para o acto, o sacerdote estava com o cutelo erguido, como fizera Abraão quando estava prestes a imolar o seu filho. Com intenso interesse Simão comove-se!

A Terra continua a tremer e a vacilar, como que o próprio Deus se aproximasse e com um ruído de rasgão rompe de alto abaixo o véu do Templo, o véu que separa o lugar santo do lugar santíssimo. Já não é preciso oferecer mais cordeiros no Templo porque o Cordeiro puro foi oferecido, o sacrifício por excelência foi oferecido para todo o sempre e em todo o lugar o sacrifício pela raça humana.

O sacerdote que está no templo, pronto a imolar o cordeiro deixa cair a faca, e o cordeiro escapa. O tipo encontra o antítipo na morte do Filho de Deus. Consumara-se o sacrifício. Acha-se aberto o caminho para o lugar santíssimo. Um novo e vivo caminho está preparado para todos. A humanidade pecadora e aflita já não necessita de um sumo sacerdote humano, não precisa de intercessores, a não ser de Jesus!

O Filho de Deus veio, segundo a Sua palavra: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a Tua vontade. “Pelo Seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efectuado uma eterna redenção.” Hebreus 9:12

E mais adiante dirá o apóstolo do Senhor: “Nessa vontade é que temos sido santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez por todas.” Hebreus 10:10

O sangue de Jesus tem poder! Simão viu tudo e aceitou. Milhões de crianças em todo o mundo e em todos os tempos ouviram falar deste homem, Simão. Até os reis mais famosos ouviram falar dele e procuraram um objecto que segundo a lenda esteve na sua posse. O rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda procuraram o cálice sagrado. Esta é uma lenda que realmente tem atraído milhões de pessoas em todo o mundo. Um dos filmes mais famosos dos anos 80, “Indiana Jones e a Última Cruzada”, mostram o herói que procura esse cálice sagrado.

O que é ou era afinal, esse cálice sagrado? De que modo está ligado à vida de Cristo? O cálice alguma vez realizou milagres? Será que algum dia será encontrado?

Cavaleiros vestidos de armaduras, como Sir Percival e Sir Calahad, partiram para encontrá-lo, ou morreram na tentativa de o encontrar. Durante as cruzadas, um soldado de Génova chamado Guglielmo afirmou tê-lo descoberto em Cesareia.

Não foi há muito tempo, Indiana Jones, o extraordinário arqueólogo dos filmes de Steven Spielberg, lutou para entrar numa caverna misteriosa e escolher o verdadeiro cálice entre uma quantidade de imitações. O cálice sagrado... possui uma mística incrível, uma incrível força de atracção através dos tempos. O que é exactamente esse cálice supostamente milagroso? Existe alguma verdade por trás de todas estas lendas?

Tradicionalmente, fala-se ter sido o cálice que Cristo usou na Santa Ceia quando disse: “Bebei, este é Meu sangue". No Novo Testamento não existe nenhum registo cristão primitivo descrevendo este cálice ou dizendo alguma coisa sobre o que lhe teria acontecido. Mas a partir daqui famosas histórias têm sido contadas e passadas através dos séculos.

O Novo Testamento fala muitas vezes sobre o sangue de Cristo, o seu significado e poder. Pessoas piedosas ansiaram ter algum contacto físico com esse sangue sagrado. O primeiro elo na lenda do cálice sagrado é Simão o cireneu. Outros dizem que foi José de Arimateia, aquele que cedeu o sepulcro onde Jesus foi sepultado, que possuía o cálice.

O que a lenda conta é que o possuidor do vaso ou cálice sagrado, foi preso, e depois, miraculosamente liberto. Mais tarde, viajou para o Ocidente com o seu precioso cálice, chegou a Inglaterra e morreu em Glastonbury.

Para alguns, o vaso sagrado não é o cálice usado na Santa Ceia, mas uma terrina na qual Simão recolheu o sangue que Cristo vertia do lado varado pela lança do soldado romano. De qualquer modo, a Abadia de Glastonbury na Inglaterra incentivou durante séculos a lenda e tornou-se o centro de um culto ao cálice sagrado.

Glastonbury na Inglaterra, e outros lugares reivindicam o vaso sagrado. Há quem diga que está escondido numa gruta nas montanhas dos Pirenéus em França, onde viveram os Albigences. É claro que não existem provas para apoiar qualquer dessas afirmações. Mas a mística do cálice sagrado é tão forte que as pessoas querem acreditar; elas anseiam tocar o vaso onde caiu o sangue sagrado e fazem peregrinações a estes locais.

Para compreender o apelo do cálice sagrado, é necessário ver como o Novo Testamento fala sobre o sangue de Cristo, e como o próprio Salvador apresentou o Seu sacrifício. O sangue realiza algum acto mágico? Existe alguma base no Novo Testamento para o culto ao cálice? Isto pode surpreender algumas pessoas, mas as Escrituras falam do sangue de Cristo realizando maravilhas.

O escritor da epístola aos Hebreus escreve que o sangue de Cristo “...Purificará a nossa consciência de obras mortas para servirmos ao Deus vivo”! Em seguida, o apóstolo João afirma que o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” I João 1:9

Pedro proclama que o precioso sangue de Cristo pode redimir completamente a vida do mais torpe pecador. O apóstolo Paulo escreve que o sangue de Cristo pode aproximar de Deus os que vivem sem esperança. Estes são de facto milagres e maravilhas.

O sangue de Cristo é realmente poderoso. Quando os escritores do Novo Testamento falam deste sangue, referem-se à morte sacrificial de Cristo na cruz. Ele tomou os pecados do mundo e morreu em nosso lugar, é isso que eles querem dizer. Nas Escrituras, o sangue é identificado como vida. Assim, quando a Escritura fala do sangue de Cristo derramado por nós, está a dizer-nos que Cristo morreu em nosso lugar.

O sacrifício de Cristo, o sangue de Cristo, de facto, opera maravilhas. A questão é, como entramos em contacto com este poder? Como nos aproximamos e nos apossamos desse poder?

É interessante notar que existe uma outra palavra que é usada de um modo bastante similar ao sangue no Novo Testamento. Essa palavra é “fé”. Sabem que muitas das coisas que se dizem que o sangue faz, a fé também realiza? A fé forma uma parceria com o sangue. Por exemplo, ao lado da famosa frase, “redimido pelo sangue”, podemos colocar a declaração “Porque pela graça (sangue) sois salvos, por meio da fé...” Efésios 2:8

É pela fé que nos aproximamos do sangue de Cristo. É como se através da fé pudéssemos tocar o cálice sagrado. E os escritores do Novo Testamento esforçam-se para mostrar que este contacto com a maravilha do sangue de Cristo é acessível a todos.

Meus amigos, como podemos encontrar a salvação, hoje, agora, neste instante? Paulo responde: “A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos. Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.” Romanos 10:8,9

A salvação está perto de nós. Tão perto como o nome de Jesus nos nossos lábios, tão perto, a distância que o Senhor pode estar do nosso coração. Longas e difíceis peregrinações não são necessárias. Não temos que viajar para Inglaterra, ou para os Pirenéus, para encontrar o cálice sagrado. A fé está aqui ao nosso alcance. Tão próximo de nós como a mesa está da refeição.

Já ouviram, ou leram que Jesus deixou um memorial para nos mostrar quão perto de nós Ele deixou a Sua salvação? É um memorial tão simples, como o pode ser uma refeição em que participa toda a família. Sim. A Santa Ceia. Quantos já ouviram falar da Santa Ceia? Quantos já participaram? Atenção a este ponto, todos devemos participar na Ceia!

Quando os discípulos estavam reunidos no cenáculo em Jerusalém para celebrar a Páscoa, Jesus sabia que os Seus inimigos se aproximavam para O prender. Aproximava-se a hora em que Ele iria começar as Suas dores. A traição feita por Judas, a separação dos Seus discípulos. A prisão. A condenação à morte. Seria crucificado. Tudo isso seria uma terrível provação para os discípulos.

Como poderia Jesus assegurar a esses homens que Ele estaria sempre com eles em Espírito? Como poderia Ele ajudá-los a transformar a fé em algo visível, tangível? Como poderia assegurar-lhes que o grande mistério do Seu sacrifício poderia ser recebido tão clara e simplesmente como um pedaço de pão... da mão para a boca? Como?

Levantando-se diante deles, partiu um pão, distribuindo-o, e dizendo: “Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. Então Ele, tomou o cálice, e, tendo dado graças, deu-o aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos. Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados.” Mateus 26:26-28

Esta é a Santa Ceia, esta é a maneira de Cristo dizer aos Seus seguidores: Ainda estou convosco; estou bem perto, tão perto como o pão e a bebida na vossa mesa.

Lucas escreve que, no cenáculo, Jesus disse aos discípulos: “Fazei isto em memória de Mim.” Lucas 22:19. O apóstolo Paulo escreve a mesma coisa em primeira aos Coríntios, citando as palavras do Salvador: “Fazei isto todas as vezes que beberdes, em memória de mim.” I Coríntios 11:25

O serviço da comunhão é um modo de nos lembrarmos de Cristo, de fazer um memorial do Seu sacrifício, ou como diz o Apóstolo Paulo: "Proclamar a morte do Senhor até que Ele volte.” I Coríntios 11:26. De que nos lembramos quando levamos o pão e o cálice até aos nossos lábios? Lembramo-nos quão próxima e real a salvação se tornou para cada um de nós que é chamado a participar desta cerimónia.

Jesus traz o Seu sacrifício diante de nossos olhos; Ele o coloca nas nossas mãos por assim dizer. A que distância? Lembre-se das palavras de Paulo: “Está tão próxima quanto a palavra da fé em nossos lábios, tão próxima quanto a resposta da fé em nosso coração.” Romanos 10:8,9

Pessoas têm percorrido distâncias em busca do que crêem ser o cálice sagrado. Elas fizeram longas viagens para ver e talvez tocar nessa grande relíquia. Milhares de pessoas morreram, ou perderam-se por esses longos caminhos durante o período das cruzadas. De certo modo, a busca do cálice sagrado é uma das maiores ironias da história: as pessoas procuram nos confins da Terra o que Jesus colocou na Santa Ceia ao nosso alcance, ao alcance da nossa mão, ao alcance da nossa fé.

Porque este é o assunto mais importante desta série de temas. Este é o tema capital. Querido amigo faz parte dos princípios eternos honrar o pai e a mãe, ninguém pode alterar este mandamento, Deus escreveu no monte Sinai na pedra com o Seu próprio dedo. Da mesma maneira que não se devem adorar imagens, nem sequer prestar-lhes homenagem, isto é inclinar-se diante delas. Eu sei que todos quantos me ouvem, aceitam isto porque é a verdade, está na Bíblia. Aceitam o Sábado porque é o dia do Senhor e também foi escrito pelo dedo de Deus. Observam o Sábado porque Jesus também o observou: “Chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou, num dia de Sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.” Lucas 4:16

Muitas pessoas dizem-me:
“Observo o Sábado porque as mulheres que foram discípulas de Jesus observaram o Sábado.” Normalmente pergunto:
– Mas como sabem que as santas mulheres observavam o Sábado, mesmo que elas o observassem, deixaram de guardar o Sábado depois da morte de Jesus…
Devo dizer que nunca me deixam terminar a frase para acrescentarem:
– Pode estar certo que até a Virgem Maria observou o Sábado depois da morte de Jesus! Aqui, não me calo e pergunto:
– Como sabem?
Abrem a Bíblia e lêem uma passagem muito clara. Vou ler essa passagem convosco: “Então tirou o corpo (Jesus) da cruz, envolveu-o num lençol e pô-lo num sepulcro cavado numa rocha, onde ninguém ainda havia sido sepultado. Era o dia da preparação, e ia começar o Sábado. As mulheres que tinham vindo com Ele da Galileia, seguiram a José e viram o sepulcro, e como o corpo fora ali depositado. Então voltaram e prepararam especiarias e unguentos. E no Sábado repousaram, conforme o mandamento. No primeiro dia da semana bem cedo (Domingo), elas foram ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado.” Lucas 23:53-56; 24:1

Perante estas passagens, confesso que não tenho argumentos, e é por essa razão que guardo o dia Santo de Sábado. Mas pergunto:
– E tomam a santa ceia?
Muitas pessoas dizem que sim. Tenho encontrado pessoas que me dizem com toda a sinceridade:
– Não sabia que era necessário. Vou à missa, tomo a hóstia, mas não participo do vinho. Do vinho só o sacerdote é que toma parte – respondem-me. As pessoas estão prontas a fazer tudo para se salvarem: mas o mais importante que é tomar parte do pão e do vinho, não o fazem!

Nunca esquecerei o que o padre Duílio Darpino me disse: “Um dos meus maiores problemas era justamente esse, saber que todos os filhos de Deus deveriam participar do pão e do vinho e isto estar-lhes vedado. E acrescentava: o povo não podia tocar no cálice.”

Querido amigo, querida amiga, solenemente vos pergunto: Já aceitou Jesus como Salvador? O sangue de Jesus lavou-vos dos vossos pecados? Participa da Ceia do Senhor? Então encontrou o Cálice, encontrou a vida como Simão, o homem do caminho!

Simão tomou aquela cruz, levou-a com prazer. Eu quero no dia da volta de Jesus conhecer Simão: pessoalmente quero agradecer-lhe porque ajudou Jesus, porque foi um homem com um coração sensível e nos gemidos de Jesus percebeu a voz de Deus. Simão percebeu que a coroa que Jesus usou na cruz era a coroa da salvação. Era a minha coroa. Enquanto a Débora canta, pense se aquela coroa estava destinada a si!
Pr. José Carlos Costa

Hino – Débora

A COROA
A coroa que Ele usou não era de ouro
Apesar de O coroarem como rei.
Não era de rubis ou diamantes
Mas era feita só de espinhos vis.

Porquê tratar o Rei desta maneira?
E porquê fazer-Lhe uma coroa tal?
Ele nunca foi forçado a usá-la
Mas por amor deixou o Seu Lar real.

A coroa que Jesus usou na cruz
Fora feita para mim.
Ele a trocou pela minha salvação
E jamais terá de usá-la outra vez.

O inimigo não desiste facilmente,
Ele quer fazer-nos uma coroa igual
Mas tenha isto sempre em sua mente:
No Calvário o Bem venceu o Mal.

A coroa que Jesus usou na cruz
Fora feita para mim.
Ele a trocou pela minha salvação
E jamais terá de usá-la outra vez.

A coroa que Jesus usou na cruz
Fora feita para mim.
Ele a trocou pela minha salvação
E jamais terá de usá-la outra vez.

Não, jamais terá de usá-la outra vez.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A Mulher com Fluxo de Sangue


"E disse Jesus: Quem é que me tocou? (Lc 8:45)

Pedro, que estava com Jesus retrucou: " A multidão te aperta e te oprime e dizes: Quem é que me tocou? O que Pedro não entendia era que aquele toque era diferente, especial. “Quem me tocou?" Enquanto os demais, movidos por curiosidade, superstição e pensamentos naturais "apertavam e oprimiam Jesus", a mulher, com firmeza e determinação tocara o coração do Mestre.

Quem sofria com fluxo de sangue era considerado imundo. Não podia tocar nem ser tocado. Até mesmo objectos perdiam o valor se tocados por um doente com fluxo. A impureza física era associada a actos de imoralidade e assim eram excluídos do convívio normal da sociedade (Lv 15).

Solidão e conflito

Tocar em Jesus?!Estás louca? Certamente esta seria a reação das pessoas se a mulher lhes contasse a sua intenção. Ela ouviu falar de Jesus, dos seus milagres, do seu amor pelas pessoas...Talvez tenha vibrado de alegria num lugar solitário da casa : "Vou ficar curada! Acabou o meu sofrimento!" O evangelho de Mateus relata: "Porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar a sua veste, ficarei sã".Mt 9:21. Ela não podia compartilhar a sua alegria! Ninguém a compreenderia!

"Alguém me tocou, então a mulher não podendo ocultar-se, aproximou-se tremendo e, prostrando-se declarou-Lhe diante de todo o povo a causa por que lhe havia tocado" Luc. 8:46.

O medo, sentimento de inferioridade e a vergonha ainda faziam parte da sua vida, mas, ao declarar perante todo o povo que tocara Jesus, vencera a si mesma e a multidão. Creio que antes de tocar Jesus, fora profundamente tocada por Ele. Durante o intervalo em que ouviu falar de Jesus até tocar-Lhe, muitas coisas aconteceram na vida da mulher. Ela viveu um processo de cura interior que lhe teria concedido forças em meio à sua fraqueza. O milagre aconteceu porque haviam elementos sobrenaturais movendo os céus. Era a sua fé, arrependimento, determinação. Ela era diferente da multidão.

O Toque na Orla
No encontro com a mulher com fluxo de sangue, as vestes de Jesus eram a de um Israelita obediente a Deus. É que no Livro de Números há uma orientação que deveria ser seguida por todo que desejasse ser santo e agradável a Deus: As vestes deveriam conter franjas nas bordas e um cordão azul. "e as franjas vos serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor, e os cumprais" Nm 15:39.

Foi exatamente na orla, parte mais significativa da roupa que ela segurou." No verbo Grego ela fez mais que tocar, ela agarrou, pegou " ( Gospel of Luke, pag 166). Ela agarrou o que era a representação do Divino, Celeste. Talvez tenha pensado que a pureza da veste a purificasse. Há quem diga que havia um misto de superstição e fé no gesto, um equívoco desfeito por Jesus ao falar-lhe : " …filha, a tua fé te salvou".

Aprendendo com a Mulher do Fluxo de Sangue
Ela ensina-nos que a fé exige ação. A Bíblia diz: "Sem fé é impossível agradar a Deus"(Hb 11:6) e outra vez diz: " A fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus" Rom. 10:17. Ao praticar essas verdades são vencidos os medos, fracassos e tudo o mais que porventura nos impediriam de chegar até Jesus. Ele sempre está disposto a transformar vidas, porém, como a multidão, muitas vidas não conseguem alcançar o milagre.

Existiam duas multidões nesta história: Uma próxima a Jesus e outra distante, representada pelos familiares, vizinhos, enfim, todos os que faziam parte do quotidiano da mulher. O que aprendemos? Estas multidões ainda são reais. Da mesma forma, religiosos, fariseus podem impedir-nos de alcançar o Reino, também pessoas queridas. A mulher, no entanto tinha muita convicção. O livro de Romanos diz: "De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus " Rom. 14:12. Somente nós poderemos tomar essa decisão.

Se você ainda não teve um encontro real com Jesus, não retarde a ir ter com Ele como esta mulher. Agarre, segure o Mestre e confesse-Lhe tudo o que está no seu ser. Ele pode e quer curar totalmente dando vida em abundância.

Que outras palavras direi para que busque a Jesus? Vivemos num mundo tao revolto que só Jesus pode dizer: “Acalma-te”

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Desafios Avassaladores

Introdução: Mateus 14:24-27
Não sei a hora, nem o dia nem o ano, talvez 1993. Cheguei ao aeroporto de Luanda vindo de S. Tomé e Príncipe. Eram 2 horas da manhã, estava previsto chegar às 11 horas. Enquanto esperava receber a mala de bagagem olhava para a multidão para ver uma mão acenar. Como a dizer está tranquilo apesar da hora tardia estamos aqui à tua espera. Não vi nenhuma mão!
Recebi a mala e já a multidão em grande parte tinha desaparecido depois de receberem os seus amigos ou familiares. Eu continuava a olhar e não via ninguém. À porta olho para um lado e para o outro, ninguém. Nem um táxi. Em poucos minutos as únicas almas que por ali andam são militares de metralhadoras na mão de vigilância ao Aeroporto.
O meu olhar baixa para a terra, instantes para o céu e não vislumbro modo de sair dali. Pronuncio uma breve e incrédula oração aproxima-se um carro e pego apressadamente nas minhas malas (a da roupa e a de mão com o material para realizar seminários e conferencias) e logo me aproximo do carro e suplico ao condutor que me leve ao hotel Turismo. Lá fomos.
Não tinha reserva, fomos para um outro onde raramente ficava e também não tinha reserva. O meu condutor começava a dar sinais de impaciência e a negra noite da minha mente tornava-se mais escura que o escuro da noite. Não conseguia indicar o caminho da igreja adventista em Luanda e deambulávamos de um lado para o outro e o meu olhar perdia-se no nada.
Na nossa frente, numa rua de um bairro qualquer aparecem ao longe os faróis de um carro, passam das três horas da manhã e o meu condutor diz: “Tem que sair, são militares e se me apanham levam-se o carro.” Mais que rápido tenho as minhas malas no chão e ele desapareceu na noite. Tenho agora por companhia 5 militares sorridentes e irónicos, perguntam o que é que eu faço ali. Se até ali eu não sabia para onde olhar, não demorei muito a saber para onde devia de olhar. Nem para baixo, nem para o lado. Os meus olhos fixaram-se numa pequena casa e a minha fé em Jesus. Respondi com uma voz vinda não bem de onde: “Esta é a casa de um amigo meu, eu sou Pastor Adventista e ele está à minha espera, ele também é meu colega no ministério de Jesus.” Respondi: “Ai é, então, vai lá ter com ele” disseram, encostando-me os canos das metralhadoras à cabeça e acrescentando: “Branco se estás a mentir Jesus não gosta e morres”, riram-se e eu fui subindo a escada exterior e bati à porta, abre-se e é o Pastor Albino Vieira angolano que deveria estar no Aeroporto à minha espera.
Aprendi de uma vez por todas a olhar na turbulência da noite e dos perigos. Lembrei-me que Pedro também aprendeu a mesma lição da maneira mais difícil. Troquemos o carro por um barco pesqueiro de nove metros, no mar da Galileia, e os paralelos entre as nossas histórias começam a evidenciar-se. “O barco encontrava-se já a várias centenas de metros da terra, açoitado pelas ondas, pois o vento era contrário.” (Mat. 14:24).
No que concerne a lagos famosos, o da Galileia é pequeno e inconstante. O seu tamanho torna-o mais vulnerável aos ventos que sopram dos montes Golã. Estes transformaram o lago numa verdadeira batedeira, alterando subitamente, soprando primeiro numa direcção e em seguida, noutra. Os meses de Inverno provocam tremendas tempestades a cada duas semanas, revolvendo as águas durante dois ou três dias de cada vez.
Pedro e os seus companheiros de tormenta sabiam que estavam em apuros. O que deveria ter sido um cruzeiro de sessenta minutos tornou-se uma batalha que duraria toda a noite. O barco bordejou e arremeteu como um papagaio de papel sob os ventos de Março.
A luz do Sol era uma memória distante. A chuva caía do céu nocturno em bátegas. Os relâmpagos cortavam a escuridão como uma espada de prata. Os ventos fustigavam as velas, deixando os discípulos no meio do mar. “Açoitado (s) pelas ondas”. Uma descrição adequada, talvez, do estado em que se encontra a sua vida? E a minha naquela noite? Talvez apenas seja necessário alterar um substantivo ou outro…
No meio de um divórcio, açoitado pela culpa,
No meio da vida, sem um trabalho prometedor.
No meio de dívidas, açoitado por credores.
No meio de uma recessão, açoitado por pacotes de estímulos e promessas de recuperação.
No meio da doença ou da velhice, sem saber o futuro.
Os discípulos combateram a tempestade durante nove frias e encharcadas horas. E, por volta das 4 da manhã, o impronunciável aconteceu. Viram alguém a caminhar sobre as águas. “É um fantasma!” E gritaram com medo” (v.26).
Não esperavam que Deus fosse ter com eles daquela forma
Nem nós. Nem eu. Esperamos que venha em forma de hinos pacíficos ou numa reunião calma de oração, eventualmente num retiro espiritual. Ou ainda numa semana de reavivamento espiritual. Esperamos encontrar Jesus nas devoções matinais, nas ceias da igreja e na meditação. Mas é durante as tempestades que Ele melhor se mostra, pois é então que tem a nossa maior atenção.
Jesus respondeu ao medo dos discípulos com um convite digno de ser inscrito nas pedras fundamentais de todas as igrejas e nos arcos de todas as casas: “Tranquilizai-vos”, disse Ele, “estou aqui, não temais” (v. 27).
Estas palavras são poderosas. Acordar num quarto de hospital e ouvir o nosso marido dizer: “Estou aqui.” Perder a reforma e no entanto sentir o apoio da família nas palavras: “Estamos aqui”. Quando um pequeno menino brinca e corre atrás de uma bola e de um momento para outro lembra-se do pai, ou da mãe, olha em todas as direcções quando os olhos encontram os pais a assistir à sua brincadeira, “Estou aqui” muda tudo. Talvez seja por isso que Deus repete a garantia “Estou aqui” tantas vezes:
Fil.4.5 “Perto está o Senhor”
João 14:20 “E vós em mim, e Eu em vós” João 14:20
Mateus 28:20 “E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos”
João 10:28 “dou-lhes a vida eterna, e nem elas hão-de perecer jamais, nem ninguém as arrancará da minha mão.
Rom. 8:38 “Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,
39 Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.”
Não podemos ir onde Deus não esteja. Olhe para trás de si; aí está Deus a segui-lo. Olhe para a tempestade; aí vem Cristo na sua direcção.
“Louvado seja Deus! Quando vejo o que Deus tem executado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada tem que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado.”
Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 162
Pedro nunca teria feito este pedido perante um mar calmo. Se Cristo tivesse avançado por cima de um lago espelhado, pedro teria aplaudido, mas duvido que tivesse saído do barco. As tempestades impelem-nos a viagens sem precedentes. Com alguns passos históricos e durante alguns momentos impressionantes, Pedro fez o impossível. Desafiou todas as leis da gravidade e da natureza; “descendo do barco, andou sobre as águas, para ir ter com Jesus”.
Seguramente, todos nós gostaríamos de saber quanto tempo demorou Pedro a sair do barco?
O que estavam a fazer os outros discípulos?
Que expressão tinha o seu rosto? E assim por diante.
Mateus não tinha tempo para questões deste género. Leva-nos rapidamente para a mensagem mais importante deste acontecimento: para onde dirigir o olhar durante uma tempestade. “Mas, sentindo a violência do vento, teve medo e, começando a ir ao fundo, gritou: “Salva-me, Senhor!” (v. 30).
Ellen White diz: ele olhou para trás para os seus companheiros e quando procurou o Mestre o nevoeiro e as ondas levaram-no a olhar para todo o lado, mas não encontrar o Senhor.
Uma parede de água toldou-lhe a visão. Um relâmpago iluminou o lago. Um momento de orgulho fez com que se esquecesse da direcção a seguir. Pedro afundou-se como um tijolo num charco. Se dermos mais atenção às águas da tempestade do que ao Caminhante das Tempestades, preparemo-nos, pois o mesmo nos acontecerá.
Não podemos escolher se as tempestades virão ou não. Mas podemos decidir para onde olhar durante uma tempestade.
Quando era criança não gostava que a professora me dissesse: José Carlos, espera que todos saiam preciso falar contigo.
Não gostava quando a minha mãe dizia que tínhamos que ir ao médico por causa do meu ouvido. Mas ia e sentava-me a olhar os diplomas que ele tinha pendurados na parede. Um era da universidade de Coimbra, outro de um estágio. E assim continuava.
Quanto mais contemplava os seus feitos melhor me sentia. E ainda por cima ele era primo da minha mãe. Quando ele me enfiava umas espátulas na garganta e uns pequenos aparelhos nos ouvidos e dizia à minha mãe que o “caso era sério”, não sei bem porquê, sentia-a um certo conforto, sim, eu estava doente e precisava de cuidados especiais.
O grande problema era quando a minha mãe me colocava umas gotas que me queimavam os ouvidos e eu gritava por todo o socorro, sentia o meu mar da Galileia.
O que acontecia à minha confiança? Sentia-me muito melhor instantes antes. Por isso, mudei de estratégia. Sempre que ia ao consultório, olhava para as paredes em busca de sinais de boas notícias. É isso que Deus quer que façamos.
Não devemos ser alheios aos desafios avassaladores que a vida acarreta. Devemos contrabalançá-los com olhares prolongados para as obras de Deus. “Por isso, é necessário prestarmos maior atenção ao que ouvimos, para que não nos transviemos” Heb. 2:1.
Faça o que for preciso para não desviar os olhos de Jesus.
• Lembro-me muitas vezes da irmã França, ela estava numa casa de repouso com esclerose múltipla, o marido estava no mesmo quarto, ele tinha aprendido a ser crente ao contemplar a fé da esposa. Ele contava-me que quando estava cansado, ia à casa de banho e cantava as estrofes do hino “Olha com fé para cima” nº 272.
Alimente os seus medos, e a sua fé morrerá à fome.
Alimente a sua fé, e será o medo a morrer.
Jeremias fê-lo. Ele, sim, foi alguém apanhado numa tempestade! “Eu sou o homem que conheceu a miséria, sob a vara da sua ira. Conduziu-me e fez-me caminhar nas trevas e não na luz. Dirige contra mim a sua mão todos os dias, sem cessar” Lam. 3:1-3.
Jeremias estava deprimido, tão pesaroso. Jerusalém estava cercada e a sua nação submetida a uma grande provação. O seu mundo ruiu como um castelo de areia sob um tufão. Culpou Deus por aquela terrível perturbação emocional. Também culpou Deus pelos seus males físicos. “Consumiu a minha carne e a mina pele, partiu os meus ossos” (v.4).
Doía-lhe o corpo. Tinha o coração doente. A sua fé fraquejava. “Deus edificou e levantou um cerco de dores e amargura em meu redor” (v.5)
Jeremias sentia-se encurralado como um homem num beco. (vv. 7-9).
Jeremias era capaz de nos dizer a altura das ondas e a velocidade do vento. Mas depois apercebeu-se de quão depressa se afundava. Por isso, alterou a direcção do seu olhar. Ler : vv. 21-24.
“O Senhor é a minha herança”, disse a minha alma. Por isso espero nele.
1. A misericórdia do Senhor não acaba.
2. Não se esgota a Sua compaixão.
3. Cada manhã se renova.
4. Grande é a Sua fidelidade.
5. O Senhor é a minha herança.

A tempestade não cessou, mas o seu desespero sim. Tal como o de Pedro. Passados alguns minutos de sofrimento na água, voltou-se de novo para Cristo e gritou: “Salva-me, Senhor!” Imediatamente Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e disse-lhe: “Homem de pouca fé, porque duvidaste?” E, quando entraram no barco, o vento amainou” Mat. 14:30-32.
Jesus podia ter travado aquela tempestade hora antes. Mas não o fez. Queria ensinar uma lição aos Seus seguidores. De igual modo, Jesus poderia ter apaziguado a sua tempestade há muito. Mas não o fez. Será também quer ensinar-lhe uma lição? E poderá essa lição se algo como: “As tempestades não são opcionais, mas o medo, sim”?
Deus tem os Seus diplomas expostos no universo. Arco-íris, pores-do sol, horizontes e céus estrelados. Registou os Seus feitos nas Escrituras. O Seu currículo inclui abrir o Mar Vermelho. Fechar a boca de leões. Derrubar Golias. Ressuscitar Lázaro. Parar tempestades e caminhar sobre as águas.
A Sua lição é clara. Ele é o Comandante de todas as tempestades. Também da sua, fixe o olhar n´Ele. Este pode ser a sua primeira ida ao consultório. Mas certamente não é o d´Ele.
Ele está a dizer: Estou aqui.



Pr. José Carlos Costa

segunda-feira, 16 de julho de 2012

ALGUÉM SABE E COMPREENDE

PRECE: Senhor Deus! Nós nos achegamos a Ti, nosso compassivo Redentor; e rogamos-Te, por amor de Cristo, por amor do Teu próprio Filho. Nosso Pai, que manifestes o Teu poder entre os que se achegam a Ti. Precisamos de sabedoria; precisamos da verdade; precisamos que o Espírito Santo esteja connosco, esta noite e sempre. Por Jesus. Amém.
Recentemente uma senhora quis falar comigo. Sentia-se nas suas palavras uma grande tristeza e até uma profunda frustração quando disse:
– O meu casamento a partir de uma certa altura começou a ir na direcção errada. Como quem viaja por uma estrada em que as placas de indicação estão todas erradas, o que prometia ser uma viagem de felicidade era uma estrada estreita rumo a um inferno.
Estas palavras resumiam os 14 anos de vida conjugal. A terminar acrescentou:
– Não sou a favor do divórcio, mas o que podia fazer? Se me sentia impotente para salvar o meu casamento, talvez possa pelo menos salvar a minha família que são os meus filhos. O meu marido entrava em casa à 1, 2 horas da manhã embriagado, nem sempre pude suportar com calma essa situação e quando lhe dizia alguma coisa, ele batia-me, ficava envergonhada especialmente porque os meus filhos assistiam.
O casamento desta senhora transformou-se numa estatística. Foi mais um número que se juntou a milhares de outros naquele ano! Os filhos dela juntaram-se aos milhares de meninos e meninas que no nosso país vivem em lares desfeitos. O pior de tudo é que aquela senhora e aqueles meninos, não são uma simples estatística! São pessoas, são seres humanos. Privados dos seus sonhos mais acalentados. Ela foi esmagada pela noção de que falhou na maior aventura da vida. Agora, com o seu orgulho e auto-confiança despedaçados, ela ficou desorganizada, mal-humorada, incapaz de se concentrar, preocupada com os filhos.
Como ela e o seu marido muitos casais felizes, vão ao altar dizer: "até que a morte nos separe". Eles dão as mãos e ouvem as palavras ditas por Jesus: "... Portanto o que Deus juntou não o separe o homem". Mateus 19:6 Eles inclinam a cabeça com reverência às palavras ditas originalmente pelo Criador: "Assim não são mais dois, mas uma só carne...". Mateus 19:6
Mas, infelizmente, o casamento – esse acordo sagrado dado pelo próprio Deus é tão rebaixado que pouco se assemelha com o que Deus tencionava que fosse. O laço sagrado é transformado numa cadeia de frustrações, discussões, violência, abandono, adultério.
Alguém disse: "vamos considerar o casamento como um cinto de avião, que se aperta e desaperta”. Noutras palavras, se não está satisfeito, livre-se!
Um menino de 10 anos disse à sua namoradinha:
"Eu gosto tanto de ti que quando crescermos quero que sejas a minha primeira esposa."
Qual é o problema? O que é que está errado? O que acontece entre o altar e o processo de divórcio? Por que razão a realidade não é como o sonho?
Todos os casais olham o futuro e aguardam com ansiedade o dia do casamento, anseiam que o sonho se torne realidade. Parece que ele nunca mais chega. Mas chega. E agora são marido e mulher. E muitos em poucas semanas tornam-se ansiosos que a realidade se torne sonho! Um sonho, ao acordar nada é realidade.
Mas é realidade. O que é que está mal no casamento? Será o casamento ou a instituição? O problema é com as pessoas. São as pessoas que devem mudar. Casais felizes não se desiludem com o casamento.
Uma vez perguntaram-me:
– Acha que o casamento pode ser bem sucedido?
– Sim, pode! E não há um grande segredo para isso. Não seria difícil não fosse a fraqueza da natureza humana. Casamentos felizes são feitos de pequenas coisas. Coisas simples. Gentilezas fundamentais. Atenção sem egoísmo. As pequenas coisas que vêm tão naturalmente durante o namoro.
Conheço a seguinte história: Um casal estava prestes a comemorar as bodas de ouro. Alguém perguntou ao marido:
– Qual é a sua receita para um casamento feliz?
– Eu era órfão, e tive que começar a trabalhar muito para pagar o quarto e a comida. A Sara foi a primeira namorada que eu tive. E quando chegou a hora de lhe propor casamento, fiquei assustado. Depois do casamento, o pai dela chamou-me ao lado e deu-me um pequeno embrulho.
– "Aqui está tudo o que precisas saber para ser feliz".
Isto foi o que lá encontrei: um relógio de bolso em ouro. Abriu-o, e indicou-me o que estava no mostrador e que ele tinha que ver todas as vezes que visse as horas: "diz uma coisa linda a Sara".
– Mas não pense que não temos tido ao longo destes 50 anos, algumas disputas – e acrescentou – sabe qual é o segredo dum casamento feliz? É saber resolver os problemas e continuar a caminhar juntos!
Creio que não há nenhum casal, que não tenha uma ou outra vez vivido alguma dificuldade de relacionamento conjugal. Nem pode ser de outro modo!
Todos os lares têm problemas. Um conselheiro conjugal perguntou a um jovem casal:
– O que é que vocês têm em comum? – a jovem esposa respondeu:
– Uma coisa: não nos suportamos um ao outro.
John Milton, o poeta mal casado, ouviu uma vez a esposa ser comparada a uma rosa. Ele disse:
– Não percebo nada de flores, mas pode ser verdade, pois sinto os espinhos diariamente.
Há quem diga que as disputas limpam o ar. E talvez o façam, às vezes. Mas as zangas deixam cicatrizes. E ferimentos feitos com palavras são mais sérios que os ferimentos físicos. Os ferimentos físicos podem curar rapidamente. Mas as feridas provocadas por palavras talvez nunca curem.
Muitos casamentos poderiam ser salvos se estivéssemos dispostos a ouvir e a aceitar que o outro talvez possa estar certo. É claro, faz parte da natureza humana pensar que temos sempre razão. Um poeta disse uma vez:
– Eu só vejo dois pontos de vista: aquele que está errado e o meu.
O Dr. Paul Tournier, um famoso psiquiatra suíço, afirmou que é uma coisa muito perigosa querer ter sempre razão e acrescenta:
“As horas mais frutíferas da vida são as da nossa humilhação, quando vemos os nossos pecados e erros, e quando estamos tristes por causa deles. Mas enquanto nós mantivermos zelosamente uma rota na qual sabemos que estamos certos, estaremos imunes a tais sentimentos interiores. E não obteremos qualquer ajuda.” Dr. Paul Tournier
Dr. Tournier afirma num dos seus livros sobre casos de conflito matrimonial: “Aquele que está errado e admite a sua culpa e se humilha, experimenta uma genuína renovação espiritual. Mas aquele que acha que tem razão e recusa perdoar, sai mais amargo que quando entrou.”
Um lar onde não existe o reconhecimento de culpa, um lar onde não existe o perdão, um lar que não faz provisão para um novo começo, é um lar perto do ponto onde não há retorno. Os conflitos são perma¬nentes, tornam-se crónicos!
Na Palavra de Deus existe solução até para os conflitos crónicos. A Bíblia coloca todas as nossas discussões na perspectiva exacta. Devemos olhar o relacionamento conjugal, como Deus nos olha.
O Novo Testamento mostra o modo como Deus nos olha. Um Deus que não desculpa o culpado, mas olha o arrependido como inocente. O ponto de partida, como cristãos, é que todos estamos errados, inteiramente imperfeitos. A Palavra de Deus é clara. Paulo diz em Romanos 3:23: "Porque todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus."
Todos estamos diante de Deus, um ser sagrado. Perante a Sua justiça, a nossa bondade parece trapos sujos. Deus é o único que tem cem por cento razão! A interminável luta do homem para ter razão, ou seja para se justificar, é uma causa perdida.
Talvez a nossa relação com os nossos pais esteja ferida! Ou com os nossos irmãos ou irmãs! Pode ser com o marido ou com a esposa! Pode até ser com o nosso filho ou com a nossa filha!
Oh, Senhor, precisamos tanto de ajuda! Precisamos tanto da palavra certa! Alguém, esta noite sente necessidade de ajuda? A relação com os seus queridos está tão defeituosa, e sente-se infeliz?
Se é assim, deixem que vos diga que na Bíblia encontramos uma mulher parecida connosco. Era uma mulher que vivia numa aldeia, nas aldeias, toda a gente sabe tudo da nossa vida.
A mulher de que vos falo vivia na aldeia de Sicar. Era uma mulher muito infeliz. Ao ponto que tinha decidido não andar na rua. O seu mundo interior estava tão pejado de imagens negativas, de feridas, de descrença no ser humano e nela própria, estava tão desiludida com a vida! Que só saía à rua, quando sabia que toda a gente estava em casa. A hora do calor.
Saiu naquele dia para ir buscar água ao poço de Jacó, do poço via-se o monte de Gerizim, era um lugar sagrado, Deus segundo a crença dos samaritanos devia ser adorado naquele monte. Ela era samaritana!
Mas esse Deus estava tão dolorosamente distante da angústia interior daquela mulher, que ela já nem olhava para o monte. Olhava, isso sim, para as suas recordações cheias de relacionamentos fracturados, com ela própria e com os outros. Eram tantos os conflitos interiores e as mágoas ocultas!
Estava só, e encontrou outra pessoa solitária junto do poço. Alguém sentado na borda do poço. A pessoa que estava sentada no poço, era um homem, era judeu, o que significava um inimigo. Entre os samaritanos e judeus, existia ódio e desprezo. Os samaritanos eram considerados traidores e desprezíveis.
Os judeus não falavam com os samaritanos, mas mais do que isso nem o próprio marido falava com a esposa na rua. Este homem, quebra todas as barreiras, todos os preconceitos, não só se dirige a ela com modos meigos, mas pede-lhe ajuda. Pede água. Ela fica tão surpreendida que reage desta forma: “Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher e samaritana?” João 4:9
Ela desconhecia ainda que pessoa alguma estava ou está fora dos limites de Jesus! Ela não sabia que Aquele que estava ali e lhe pedia água, é muito sensível e que todos os nossos problemas, O afectam, e Ele quer participar e ajudar a resolver. Ela não sabia que Aquele que estava ali falava a língua da Terra mas com sotaque do Céu!
Jesus viu na resposta daquela mulher samaritana uma barreira muito mais profunda que a do sexo ou do nacionalismo. Ele viu o íntimo, o profundo daquela mulher, e viu um ser em necessidade!
A mulher tentou levantar a barreira do orgulho, da incredulidade, da religião. Mas Jesus vai ao âmago da necessidade à origem do problema. Ele o fez com aquela mulher e o faz com cada um de nós. Ele deseja hoje, neste mesmo instante, sentar-se na beira do nosso caminho, dos nossos problemas.
E Ele quer partilhar um segredo, será que há alguém que queira escutar o segredo de Jesus? Alguém que queira libertar-se dos seus complexos e dos preconceitos só para ouvir Jesus?
Então Ele diz: “Se conheceras o dom de Deus, e Quem é O que te pede água, tu lhe pedirias e Ele te daria água viva...”. João 4:10
Jesus prepara aquela mulher para que ela O interrogue, para que ela fale. Ela precisa tanto de falar para confiar. Ela não tinha ninguém para a ouvir. A nossa grande necessidade é de ter alguém que nos escute! É ou não verdade?
E ela fica curiosa, interessada e pergunta: “Senhor, tu não tens com que tirá-la, e o poço é fundo. Onde tens a água da vida? És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual ele próprio bebeu e, bem assim, os seus filhos e o seu gado?” João 4:11-12
E ela nunca mais se cala, mas Jesus estava à espera exactamente que ela abrisse o seu coração e falasse. O poço de Jacó era um tipo de cisterna com cerca de 30 metros de profundidade. Enchia-se com água de uma nascente e com as águas que caíam da chuva.
O que Jesus oferecia, era água viva que quer dizer, água corrente. Água que vem da fonte, de nascentes subterrâneas, fluindo com abundância. Não é pois de admirar que a mulher tivesse perguntado: “Onde tens tu água viva?” Queria dizer, onde vais encontrar, ou trazer água desse género? Não está aqui nenhum ribeiro de água fresca!
A conversa atinge um nível profundo e Jesus vai revelar-Se mais e mais àquela mulher. Sabem, Jesus revela-Se sempre de forma progressiva. Vai-se revelando para que os nossos olhos o possam realmente ver, os nossos ouvidos ouvir e a nossa mente compreender. Encontro muita gente, que me diz: “Não compreendo a Bíblia!” E eu respondo, “Compreendo” porque a Palavra de Deus compreende-se progressivamente, sacia-nos, não de uma só vez, mas vai-nos saciando.
Agora Jesus diz: “Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede; mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Deveras, a água que lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.” João 4:13-14
A mulher olhou para Jesus. E pensou: Quem é Este? Como pode fazer tal afirmação? Ela sentiu que Ele era especial. Muito especial! Sim Jesus é especial. Como homem, dormiu no barco. Como Deus, acalmou a tempestade. Como homem, chorou. Como Deus, disse a Lázaro: “Vem para fora!” Como homem, foi posto no sepulcro, como Deus, levantou-Se da morte! Jesus é especial. É Alguém que sabe e compreende!
E de repente ela diz: “Senhor, dá-me dessa água para que eu não mais tenha sede e não volte aqui para buscá-la.” João 4:15
Jesus tinha tocado na sua sede profunda pela vida. Mas ela responde ainda de forma superficial, ela esconde ainda o seu interior, a sua necessidade real, ela não deixa ainda que a água da vida flua e sacia a necessidade real do seu coração. Quantos de nós somos assim!
O coração cheio de mágoas e ressentimentos está ainda oculto. Mas Jesus não desiste, há muito que Ele conhecia a samaritana. Oh, divina Omnisciência! Ele conhece! Jesus é o Senhor do Universo e da História, num mistério de amor apossa-Se dos homens, e especial¬mente dos pobres, dos abandonados, dos tristes, dos que têm o coração vazio e os enche com a Sua santa e linda presença!
“Vai, chama o teu marido, e vem cá.” João 4:16
Crueldade ou compaixão nestas palavras? Digo que se trata de com¬paixão! Jesus sabia que a vida dela era uma sucessão interminável de relacionamentos infelizes, magoados e quebrados.
Jesus compreendeu o problema da mulher mas não a podia ajudar, não podia violar a consciência dela. Ele só podia entrar na séde da sua vida, lá no jardim da alma e reparar todos aqueles sofrimentos, se ela o quisesse. Ele não pode ajudar a resolver os problemas de ninguém se não Lhe for dado espaço para entrar. Então Ele entrará no nosso mundo interior e curará os sentimentos feridos. Como só Ele pode curar!
Jesus não pode tratar as necessidades superficiais sem primeiro tratar as profundas! A mulher ficou, por momentos, sem saber o que fazer. Mas vai ousar confiar, ao menos um pouco e diz: “Não tenho marido.” João 4:17
É a confidência que lhe sai dos lábios, escondendo ainda a sua angústia com uma desonestidade dissimulada. Como quem vai à confissão e fala de tudo, mas não daquilo que a aflige. Como confiar num homem?! Seja ele padre ou pastor?! Há coisas que não queremos e Deus não nos obriga a partilhá-las com ninguém a não ser com Ele que é o nosso Pai e que nos conhece e ama!
Também a samaritana, não confia ainda plenamente. Mas Jesus, sem a abandonar fica ali e não acusa, não a recrimina, não a culpa e diz: “Tens razão em dizer que não tens marido, pois já tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido. Isto disseste com verdade.” João 4:17-18
Queridos amigos que podia fazer a mulher, agora? Que teríamos feito nós? Ou melhor, que fazemos quando Jesus coloca o dedo na nossa ferida, lá onde dói, lá onde há sofrimento, onde nós sabemos que há pecado? Ela ainda tenta argumentar com as antigas tradições. Ela ainda tenta uma discussão religiosa. Tenta desviar o assunto daquilo que tem escondido no seu coração ao dizer: “Nossos pais adoraram neste monte, mas vós, os judeus, dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.” João 4:20
Quantas vezes ouvimos nós isto, hoje! Nós guardamos o Domingo, já os nossos avós o guardavam, mas vós dizeis que é o Sábado! Mas o que é que tem uma coisa a ver com outra! Ela, como muitas pessoas, tentou colocar de lado a oferta de Jesus, tentou fugir com os seus problemas. Ela ainda não percebeu que não se trata de doutrinas, de dogmas, de tradições, trata-se do problema dela. E no lugar de abrir o coração, está a tentar argumentar, a fugir da água refrescante, a única que pode saciar a sua alma ressequida!
Esta noite, quero fazer um apelo: Por favor, não estejam a ouvir com reservas no coração! Não pensem que a vossa religião é diferente, melhor ou pior, não é disso que se trata. Do que se trata é da Pessoa de Jesus. Jesus Cristo perdoou voluntariamente, morreu em nosso lugar, ressuscitou visivelmente e vive vitoriosamente à dextra do Pai. É disto que se trata!
Jesus podia-se ter cansado com a samaritana. Mas Ele amava profundamente. Amar profundamente é ser como Jesus, e Jesus não podia deixar aquela mulher com os problemas dela, à beira do poço, sem esperança! Ele podia ter passado horas a discutir sobre a Bíblia para a convencer que os Judeus estão certos, eram o povo de Deus. Mas não vale a pena discutir religião. A religião tem que ser vista e vivida, o que interessa é falar do amor de Deus e é o que Jesus faz. Deus não está limitado pelas religiões: “Deus é Espírito, e importa que os que O adoram o adorem em espírito e em verdade.” João 4:21
O Novo Testamento usa duas palavras para “espírito” nesta passa¬gem a palavra que se refere ao Espírito de Deus é pneuma. E a pa¬lavra para o espírito que habita no homem é pneumati, que quer dizer a parte mais profunda do ser, com a qual o Espírito de Deus pode e quer ter relacionamento. É aí que Deus quer falar, por isso Jesus disse à samaritana: “Mas vem a hora, e já chegou (para ti) em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, pois o Pai procura a tais que assim O adoram.” João 4:23
Deus não está interessado numa adoração de lábios, ou de lugares, lá no Monte de Gerizim ou em Jerusalém. Não numa adoração de tradição, não numa adoração de catedrais. A verdadeira religião foi assim apresentada por Jesus: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizámos nós em Teu nome? E em Teu nome não expulsámos demónios? E em Teu nome não fizemos milagres? Então lhes direi abertamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade!” Mateus 7:21-23
Ou em: “E nisto sabemos que O conhecemos: se guardamos os Seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-O, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade.” I João 2:3,4
‘São estes que o Pai procura’, diz Jesus à Samaritana. São estes que o Pai quer como Seus adoradores. É uma das afirmações mais sublimes de Jesus, é uma mensagem de autenticidade e de verdade. E ela compreende! A voz de Jesus ressoou no mais profundo da sua alma com toda a autoridade, por isso Jesus revela-Se: “´Ego Eimi´Eu o sou, eu que falo contigo.” João 4:26. Jesus afirma aqui que é o EU SOU. O Filho de Deus, o próprio Deus!
Eu fico maravilhado com Jesus porque faz esta revelação a uma mulher, a uma mulher que até nem é uma grande conhecedora do poder de Deus, nem uma grande cristã, diríamos em linguagem moderna. E fico não menos maravilhado com a atitude da mulher. Assim que ela descobre Quem é Aquele que está diante dela, ela deixa de se preocupar com questões pessoais, esquece-se até que as pessoas da aldeia a criticam pelo seu estilo de vida. Esquece-se dos preconceitos religiosos.
Corre para a aldeia a fim de contar a todas as pessoas que encontrou o Homem que lhe contava tudo o que ela tinha feito. É possível que ela tenha gritado em todas as esquinas, batido em cada porta, porque era hora de calor e toda a gente estava em casa. ‘Encontrei Aquele que pode curar todas as feridas. Sou feliz, encontrei o Cristo, o Filho de Deus, e isso me basta, venham!’
Aquela mulher, habitualmente taciturna, tem agora um brilho no rosto. E os seus vizinhos podiam ver que ela tinha encontrado o Salvador. Ela era uma luz, ela que tinha sido uma vela apagada, brilhava agora, e o povo correu a encontrar-se com Jesus e convidaram Jesus a ficar com eles. Dois dias depois do Senhor ter ficado com eles, davam testemunho: “Já não é pelo que disseste que nós cremos, mas porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do Mundo.” João 4:40,42
Jesus foi um ponto de viragem na vida da samaritana. Ela sentiu que era uma mulher pegada e largada, uma mulher não amada, cinco maridos que a tinham abandonado, e o que estava com ela agora, não queria casar, não queria publicamente dizer: “Até que a morte nos separe”. Isto deve fazer mal a um coração? Depois que encontrou a Jesus, era uma nova pessoa!
Deixem que vos pergunte: Já encontrastes Jesus? Tendes a alegria de viver a paz, ou sinceramente reconheceis que viveis como pessoas taciturnas, tristes, sem paz?!
A primeira coisa que Jesus fez pela mulher foi revelar-Se como o “Eu Sou”, Aquele que antes de ser já era, Aquele que encarnou para revelar Deus. E ela intuitivamente compreendeu que não havia nada que ela Lhe pudesse dizer que Ele já não soubesse.
É verdade que podemos resistir-Lhe e Ele conservar-se-á longe porque Ele não impõe a Sua presença, Ele respeita a liberdade com que nos criou. Mas não podemos impedir que Ele saiba, mesmo mantendo-O à distância, que Ele saiba quais são os nossos sentimentos e as nossas necessidades. O salmista teve estas palavras: “Ó Senhor, tu me sondaste e me conheces. Tu conheces o meu sentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar, conheces todos os meus caminhos. Sem que haja uma palavra na minha língua, ó Senhor, tudo conheces.” Salmo 139:1-4
A verdadeira sabedoria não vem pela observação exterior, mas pela revelação interior. Por isso aquilo que o salmista tinha dificuldade em compreender, Jesus encarnou para vir pessoalmente a fim de nos ajudar a abrir os nossos corações.
A segunda ilação que a samaritana tirou foi: Jesus pode perdoar e reconciliar-nos connosco próprios e com Deus.
Gosto muito da afirmação de um autor cristão que diz: “Encontrar o perdão real, conhecer o estranho poder de um amor que não nos abandonará, e conhecer um novo sentido de limpeza interior, é isto o que significa ser salvo. Ser salvo de tudo o que significa separação de Deus.” Josiah Royce
A mulher samaritana pensava que os seus problemas eram todos os seus casamentos fracassados, mas ela veio a descobrir que o que a debilitava era a orientação que tinha dado à sua vida. E que era isso mesmo que a debilitava e certamente fazia com que aqueles que com ela viviam se afastassem. A partir do momento em que o “Ego Eimi” tomou o controlo da sua vida, Jesus perdoou o passado, consertou o presente e guiou-a no futuro!
Às vezes precisamos de começar de novo, como uma caixa registadora, do zero, sem nada na fita. Isso é o que significa o perdão.

Porque será que temos palavras amáveis para os outros durante todo o dia, mas quando entramos pela porta de nossa própria casa há uma tendência para sermos diferentes? Amamos a nossa família de todo o coração. Mas ela sabe disso? Ou agimos como se já soubesse?
Vou terminar com a história mais linda que eu conheço. Trata-se de um jovem agricultor que chegou a casa numa noite, cansado, depois de um longo dia de trabalho. Por razões que a sua esposa ignorava, as vacas fugiram da cerca. E ele culpou-a por isso:
– Tu não tinhas mais nada para fazer – ele disse – podias pelo menos ter vigiado as vacas.
Imediatamente ele arrependeu-se. Mas o efeito das palavras já sangrava no coração da jovem esposa. Ele sentiu que devia pedir perdão aquela noite, mas o orgulho foi mais forte.
Na manhã seguinte ele estava com pressa e deixou a reconciliação para outra hora. Naquele dia, à tarde uma terrível tempestade aproximava-se e ele foi para casa. A casa estava vazia. Em cima da mesa havia um bilhete que dizia o seguinte: "As vacas fugiram outra vez, lamento. Fui procurá-las. Quando eu voltar, por favor, não me trates mal!” A esposa... naquela tempestade? Ele apressou-se em procurá-la, sem se importar com os animais. Ela não tinha percebido a gravidade da tempestade, que agora estava com toda a fúria. Relâmpagos rasgavam o céu. Os estrondos dos trovões eram ensurdecedores e o vento cegava. Ele procurou desesperadamente a sua amada. Toda a noite procurou nos vales e nas colinas. Quando o sol começou a brilhar ele voltou para casa e encontrou o corpo da esposa estirado não muito longe onde ele a tinha ferido com palavras. Agora era tarde para as palavras amáveis, ele teria dado tudo para as poder dizer.
Oh, se pela manhã, ele tivesse apagado as palavras duras da noite! Oh,... uma palavra, um gesto, teria evitado tanta angústia e tanta lágrima!
Oh,... lábios que mostram impaciência com palavras acusadoras e que provocam uma vida tão cruel... Oh, se a noite não fosse tão tarde, a manhã brilharia com sol!
Todos nós falhamos. Mas graças a Deus, podemos encontrar Jesus junto à beira do nosso caminho, hoje! Ele sabe, Ele tem remédio, para que se opere em nós uma mudança, uma cura se permitirmos que a divina presença entre na nossa alma. Que daria por um coração novo? Um lar feliz? Você prometeu junto ao altar o melhor. O Céu está pronto a ajudar!
Pr. José Carlos Costa

Música – DEUS SABE, DEUS OUVE, DEUS VÊ
Débora

Você que se sente pequeno,
Dirija seus olhos a Deus.
Não deixe que sombras o envolvam,
Entregue sua vida a Deus.

Deus sabe o que vai dentro d’alma,
Deus ouve a oração suplicante,
Deus vê sua angústia e o acalma,
Deus faz de você um gigante.
Deus sabe o que vai dentro d’alma,
Deus ouve a oração suplicante,
Deus vê sua angústia e o acalma,
Deus sabe, Deus ouve, Deus vê.

Se a vida levou os castelos
Quem em sonhos você construiu,
Não dê por vencidos seus planos,
Entregue seus planos a Deus.

Deus sabe o que vai dentro d’alma,
Deus ouve a oração suplicante,
Deus vê sua angústia e o acalma,
Deus faz de você um gigante.
Deus sabe o que vai dentro d’alma,
Deus ouve a oração suplicante,
Deus vê sua angústia e o acalma,
Deus sabe, Deus ouve, Deus vê.